Da posse de bola ao fator Antônio Lopes: por que Dorival Júnior pode dar certo no Flamengo

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Dorival Júnior é um técnico com DNA vencedor? Nem tanto. Os principais títulos no currículo são a Copa do Brasil de 2010 à frente de Neymar, Robinho e Ganso; a Série B do Brasileirão pelo Vasco, em 2009; o Campeonato Paulista em 2010 e em 2016; o Gaúcho pelo Internacional em 2012; e estaduais menos expressivos por Figueirense (2004), Sport (2006), Fortaleza (2005) e Coritiba (2008). Inclua também a Recopa Sul-Americana de 2011 pelo colorado. Portanto, faltam conquistas de impacto como a Libertadores e a Série A. Logo, dar certo na curta segunda passagem de 12 jogos pelo Flamengo significa conquistar o título.

Aos 56 anos, Dorival Júnior precisa assumir o Flamengo mostrando uma ambição capaz de superar a fama de burocrata: classificador de times para a Libertadores. Isso não é mais suficiente para turbinar os 16 anos de carreira. Assim como o clube carioca, o paulista de Araraquara precisa ser campeão brasileiro urgentemente. E aí, talvez, esse tenha sido o primeiro acerto da diretoria ao trocar o aprendiz Maurício Barbieri pelo experiente Dorival Júnior. Certo por linhas tortas, pode ter unido a vontade com a fome de comer. O primeiro passo é vencer o Bahia neste sábado, na Arena Fonte Nova. Se ele conseguir, o time rubro-negro dormirá na liderança. Dorival Júnior Igualará o São Paulo — de onde foi demitido neste ano — em número de pontos (51), mas terá uma vitória a mais.

Outro possível acerto na escolha de Dorival Júnior diz respeito ao estilo de jogo. Em tese, não haverá mudança radical em relação ao que Maurício Barbieri fazia. A melhor campanha de Dorival Júnior no Campeonato Brasileiro faz dois anos. Levou o Santos ao vice. A marca daquele time era a posse de bola. O Peixe encerrou o Brasileirão com média de 53,4%, atrás apenas do São Paulo (53,8%).

Aquele Santos tinha posse de bola e contundência. Esse pode ser o diferencial da segunda passagem de Dorival Júnior pelo Flamengo. A posse de bola do Santos terminava com bola na rede, e não somente toquinhos de lado. O alvinegro paulista teve o terceiro melhor ataque do Brasileirão com 59 gols. O campeão Palmeiras fez 62 e o Atlético-MG, 61.

Dorival Júnior assume um Flamengo praticamente à imagem e semelhança daquele Santos de 2016. O rubro-negro é o líder em posse de bola, com média de 55,8%, tem o segundo melhor ataque ao lado do Palmeiras, com 38 gols, mas com uma diferença gritante: os atacantes têm um dificuldade imensa para balançar a rede. O último gol de alguém do setor foi o de Vitinho na derrota por 2 x 1. Os centroavantes Henrique Dourado, Uribe e Lincoln não marcam desde 12 de agosto. Portanto, ele tem posse de bola, o segundo melhor ataque graças, principalmente, aos meias Diego, Éverton Ribeiro e Lucas Paquetá, mas precisa arrumar um jeito de fazer o milagre da multiplicação de gols dos “camisas 9”. Sem a colaboração deles, o sonho do título brasileiro será novamente adiado para 2019. No vice do Santos, em 2016, Ricardo Oliveira colaborou com 11 gols. Henrique Dourado tem quatro.

Um último fator pode ajudar Dorival Júnior. Milagres acontecem na era dos pontos corridos. Antônio Lopes foi campeão brasileiro com menos de três meses de trabalho. Assumiu o então vice-líder Corinthians nessa mesma época, em 26 de setembro de 2005. Herdou o cargo de um “interino” demitido: Márcio Bittencourt, uma espécie de Maurício Barbieri da época. Sessenta e nove dias depois, em 4 de dezembro, o Timão faturava o tetra brasileiro no Serra Dourada, em Goiânia. Dorival Júnior tem pela frente 64 dias até a última rodada.

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Marcos Paulo Lima

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