Do ponto de vista do resultado, o Flamengo conseguiu um bom empate contra o Talleres no estádio Mário Kempes, em Córdoba. Esteve duas vezes atrás no placar e buscou o resultado. Superou a baixa do zagueiro Pablo no início da partida e contou com belos gols de Arrascaeta e de Pedro — assistência de Gabriel Barbosa — para retornar ao Brasil com um ponto, a liderança mantida e a vaga encaminhada às oitavas de final. Dito isso, vamos à crítica ao estágio do trabalho de quatro meses de Paulo Sousa no elenco rubro-negro.
O Flamengo tem 25 jogos sob o comando do português. Sofreu pelo menos um gol em 17. Não foi vazado contra Volta Redonda, Boavista, Nova Iguaçu, Bangu, nos dois jogos das semifinais do Carioca contra o Vasco, na estreia na Libertadores diante do Sporting Cristal, no Peru, e na queda de braço com o Palmeiras pelo Campeonato Brasileiro, no Maracanã.
A equipe rubro-negra buscou a bola na própria rede nos últimos quatro jogos. Inclusive contra o frágil Altos-PI, em Teresina, no duelo de ida válido pela terceira fase da Copa do Brasil. Ao mesmo tempo em que a defesa é o setor mais vulnerável do trabalho do português, vale ponderar a quantidade de lesões no setor. Pablo é a última baixa. Rodrigo Caio, por exemplo, sequer entrou em campo neste ano. Imagine um trio formado por Rodrigo Caio, Pablo e David Luiz.
Entre a expectativa e a realidade, o Flamengo tem uma média de gols sofridos elevada sob a batuta de Paulo Sousa: 0,88. São 25 em 22 confrontos. Pior, por exemplo, do que a do Corinthians (0,83) com Sylvinho e Vítor Pereira. Bem mais equilibrados, concorrentes como o Palmeiras, de Abel Ferreira, e o Atlético-MG, de “Turco” Mohamed, ostentam média de 0,62 gols sofridos na temporada.
Levantamento do blog
Todas as defesas de Paulo Sousa: média de gols sofridos
Comparação: Era Paulo Sousa (0,88) x (0,83) na Era Jorge Jesus
Historicamente, Paulo Sousa tem dificuldade para organizar defesas e precisa encontrar urgentemente o ponto de equilíbrio do Flamengo, principalmente nos torneios eliminatórios. Correr atrás do placar em competições como a Copa do Brasil e a Libertadores desgasta. Nem sempre do outro lado estará o Altos ou o Talleres, ou seja, times acessíveis. A desvantagem, em último caso, desfigura o sistema tático, destrói o plano de jogo, dá uma “bugada” no comportamento da equipe dentro de campo. Foi assim na decisão do Carioca diante do Fluminense.
O Flamengo é o 11º time da carreira de Paulo Sousa. Em apenas cinco, o time dele teve média de gols sofridos inferior a 1 por partida. O Flamengo é um deles. Bate em 0,88. Por incrível que pareça, a terceira melhor na comparação entre todos os trabalhos do lusitano. Fica atrás da média de 0,78 no Videoton, da Hungria; e 0,83 à frente do Swansea, no futebol inglês. Mesmo assim, a média é elevada na comparação com 0,62 dos seguros Atlético-MG e Palmeiras.
A média de gols sofridos na Era Paulo Sousa é superior à de Jorge Jesus. O ídolo da torcida deixou o clube com 47 em 57 partidas, ou seja, 0,83. Embora a média dos dois seja próxima, a diferença é que o Flamengo conseguia se impor contra os adversários e praticava um futebol capaz de agradar até torcedores rivais. Paulo Sousa ainda precisa de tempo para encontrar (ou não) o ponto de equilíbrio. Reduzir a média, no mínimo, a 0,78, melhor marca pessoal na passagem pelo Videoton. Além disso, precisa divertir, entreter o exigente torcedor rubro-negro.
A exibição diante do Talleres mostrou, mais uma vez, um Flamengo separado em departamentos. Do meio para a frente, Arrascaeta, Bruno Henrique, Everton Ribeiro, Gabigol e Pedro resolvem os problemas. Sem a bola, o time continua sem compactação e dá muitas brechas para que o adversário o ataque. Isso é extremamente perigoso e pode custar ao Flamengo eliminações na Copa do Brasil e/ou na Libertadores.
Siga no Twitter: @marcospaulolima
Siga no Instagram: @marcospaulolimadf
O Botafogo perdeu o primeiro lugar no Campeonato Brasileiro na noite deste sábado porque é…
Os times comandados pelo técnico Fernando Diniz costumam apresentar dois defeitos: sofrem muitos gols construídos…
Há cinco anos, Gabriel Veron e Kaio Jorge brindavam o Brasil com uma virada épica…
Roger Machado inventou um lateral-direito e a Seleção Brasileira precisa prestar atenção nele. Em tempo…
O sorteio das quartas de final da Nations League nessa sexta-feira, em Nyon, na Suíça,…
Os movimentos de Ronaldo Nazário de Lima, o Ronaldo, são friamente calculados desde uma viagem…