Palmeiras ruim da cabeça e Atlético-MG doente do pé na estreia na Libertadores

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O zagueiro Renan salvou a noite do Palmeiras no último lance contra o Universitário. Foto: Cesar Greco)

 

Há duas semanas, antes do início das quartas de final da Uefa Champions League, escrevi matéria no Correio Braziliense mostrando que, aos poucos, uma moda retrô ensaia voltar à passarela da bola e pode virar tendência para a Eurocopa e a Copa América neste ano; e a Copa do Qatar-2022: a linha de três zagueiros, ou seja, o 3-5-2 e suas variáveis, como 3-4-3, 3-4-1-2…

Dos quatro candidatos ao título do principal torneio de clubes do Velho Continente, um, o Chelsea, de Thomas Tuchel, é fiel ao sistema adotado nos títulos mundiais da Argentina (1986), Alemanha (1990) e Brasil (2002). O Real Madrid, de Zinedine Zidane, tem o formato como carta na manga. Usou algumas vezes nesta temporada. O Manchester City também. O Paris Saint-Germain, por enquanto, não abre mão da convencional linha de quatro defensores.

Na Europa, é lindo. Ronaldo Koeman acaba de conquistar a Copa do Rei da Espanha goleando o Athletico Bilbao por 4 x 0 jogando com linha de três na zaga. Por sinal, foi assim nos últimos nove jogos do time catalão.  No Brasil, é feio. Retranca. Nem sempre. Hernán Crespo resgata no São Paulo o modelo da vitoriosa Era Muricy no tricampeonato brasileiro de 2006, 2007, 2008. Está funcionando à base de muito ensaio. Abel Ferreira resolveu apostar mais uma vez no sistema, como havia feito na derrota por 1 x 0 para o próprio São Paulo, e parte da torcida do Palmeiras questionou a escolha do treinador. Quando o time sofreu o empate do Universitário então…

 

“Não sou treinador de um sistema, gosto de jogar com vários. Pra mim, o jogo não tem a ver com números, tem a ver com dinâmicas. Quando olham para trás e veem três defesas, eu sempre joguei com três (na defesa), seja dois e um lateral, ou um volante entrando no meio. Quando estou atacando, olhem para quantos chegam até a área. Não é para trás que se olha, é para frente”

Abel Ferreira, depois da vitória sobre o Universitário

 

Abel Ferreira tem todo direito de escalar o Palmeiras no sistema que achar melhor. Ponto. Para mim, esse passou longe de ser o problema na vitória agoniada sobre Universitário por 3 x 2, em Lima, no Peru, graças, justamente, ao gol de um… zagueiro! Renan marcou no último lance.

A grande questão é o inexplicável destempero do time em campo. O Palmeiras está ruim da cabeça. Faltou Inteligência emocional para derrotar o Flamengo nos pênaltis na final da Supercopa do Brasil. Vale lembrar: teve duas chances de matar a decisão, desperdiçou ambas e tomou a virada rubro-negra nos pênaltis.

Três dias depois, teve um jogador expulso na Recopa Sul-Americana contra o Defensa y Justicia, perdeu pênalti na prorrogação e  fracassou novamente nos tiros da marca da cal. Nesta quarta, o time saiu do eixo quando sofreu o empate depois de abrir 2 x 0. Houve pane total. Descontrole inadmissível para o clube campeão do Paulistão, Copa do Brasil e Libertadores em 2020. Está claro: o time precisa de um divã!

 

La Guaira abriu o placar e e fez o Galo sofrer à caça do empate. Foto: Manaure Quintero/Pool AFP

 

Enquanto o Palmeiras anda ruim da cabeça, o Atlético-MG está doente do pé. Vergonhosa a atuação de um dos times mais caros do país no empate por 1 x 1 com o La Guaira, na Venezuela. Um dos argumentos dos jogadores e da comissão técnica é o sistema 5-3-2 do adversário, considerado uma retranca. Discordo. O problema é a falta de repertório do Galo neste início de trabalho de Alexi Stival. O Cucabol virou recurso desesperado em busca do empate. Expulso na final da Libertadores passada, Cuca cumpriu suspensão. O irmão dele pedia cruzamentos.

Nem mesmo a entrada de Hulk foi capaz de garantir uma virada na marra. O principal reforço para a temporada aparenta falta de sintonia não somente com o Atlético-MG e, principalmente, o futebol brasileiro. A pressão da torcida é compreensível, principalmente, depois da derrota para o arquirrival Cruzeiro no Campeonato Mineiro. Cuca precisa agir rapidamente. Jogar na base do chuveirinho e com o goleiro Everson operando milagres não é o melhor cartão de visitas.

 

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