O Campeonato Brasileiro corre o risco de começar no tapetão. Atingidos pela decisão dos clubes de impedir a realização de jogos fora dos seus respectivos estados, o Mané Garrincha (Brasília) e as arenas da Amazônia (Manaus), das Dunas (Natal) e Pantanal (Cuiabá) ganharam um reforço de peso na tentativa de derrubar o veto. A Ordem dos Advogados do Brasil — Subseção do Distrito Federal entregou ao mandatário da Confederação Brasileira de Futebol, Marco Polo Del Nero, um ofício de duas páginas solicitando que a proibição da venda de venda de mando de campo seja revista. Paralelamente à pressão da OAB/DF, os administradores das arenas, unidos por um movimento batizado pelo secretário de Turismo do DF, Jaime Recena, de #liberaCBF, fazem um trabalho de formiguinha nos bastidores, uma espécie de mano a mano com os 20 clubes da Série A, inclusive com agenda e hora marcada, e ameaçam até ir à Justiça se o impasse não for solucionado na base do diálogo.
O documento conclui. “Impõe-se a imediata reconsideração da proibição da venda de mando de campo, que é fundamental para a oxigenação do espetáculo que há muito tempo deixou de ser apenas uma paixão popular para se transformar em verdadeira manifestação da cultura do Brasil”, conclui o documento entregue à CBF e aos clubes.
Em um Conselho Técnico realizado em 22 de fevereiro, os clubes decidiram por 14 votos a 6 vetar a realização de partidas fora dos seus estados. Flamengo, Fluminense, Corinthians, Ponte Preta, Atlético-PR e Atlético-GO foram contra. A iniciativa da OAB/DF partiu do presidente da Comissão de Direito Desportivo e conselheiro da OAB/DF, Maurício Corrêa da Veiga. “Estive pessoalmente com o Marco Polo Del Nero. Ele nos deu toda razão, concordou plenamente, mas alegou que a decisão é dos clubes, não da CBF. Mas não vamos jogar a toalha. Estamos insistindo para demover os clubes da ideia”, disse em entrevista ao blog.
“Diziam que a Arena da Amazônia, a Arena das Dunas, a Arena Pantanal e o Mané Garrincha seriam elefantes brancos, mas o verdadeiro elefante branco é o Maracanã”
Fabrício Lima, secretário de Esportes do Amazonas, ao blog
Paralelamente, os gestores do Mané Garrincha e das arenas da Amazônia, das Dunas e Pantanal fazem um trabalho de formiguinha na tentativa de convencer os 20 clubes da Série A do Campeonato Brasileira a mudar de ideia. Em entrevista ao blog, o secretário de Esportes do Amazonas, Fabrício Lima, disse que Flamengo, Vasco, Internacional e Grêmio foram procurados. Na próxima quinta-feira, o encontro será com o presidente do Atlético-MG, Daniel Nepomuceno — mentor do veto à venda do mando de campo. No Brasileirão passado, o dirigente ficou irritado com o fato de o América-MG vender o mando de campo da partida com o Palmeiras e leva-lo para Londrina, onde o alviverde tem mais torcedores.
Fabrício Lima contra-atacou. “Estão olhando a questão técnica e esqueceram a questão social. Gestaram bebês na Copa do Mundo, eles cresceram e agora querem matar as crianças. A nossa situação geográfica é desfavorável, mas não podem destruir legados da Copa. Estamos tentando uma solução amigável, mas se não for possível, vamos entrar com ação na Justiça pelo direito de receber jogos. Juntos nós somos mais fortes. Diziam que a Arena da Amazônia, a Arena das Dunas, a Arena Pantanal e o Mané Garrincha seriam elefantes brancos, mas o verdadeiro elefante branco é o Maracanã”, disparou Fabrício Lima.
Em resposta ao Correio, em 7 de março, a assessoria de imprensa da CBF lavou as mãos sobre a polêmica. “Foi uma decisão soberana do Conselho Técnico composto pelos 20 clubes da Série A, a partir de uma sugestão feita por um dos presidentes e apoiada por ampla maioria”. O presidente do Atlético-MG, Daniel Nepomuceno, também. “Eu levei a minha posição ao Conselho Técnico porque achei um absurdo o que aconteceu no ano passado. Você deve se lembrar. O America-MG vendeu um mando de campo e levou o jogo lá pro Paraná. O Palmeiras jogou em casa. Depois que foi rebaixado, o Santa Cruz recebeu várias propostas indecentes para jogar fora do Recife também. Resumindo: não sou contra a venda do mando de campo, eu não admito é inversão de mando. Era isso que estava acontecendo, ou seja, time visitante que era beneficiado e jogava como se estivesse em casa”, reclamou Nepomuceno. “A prova de que eu não sou contrário à venda de mando de campo, mas sim a inversão, é que eu apoiei o Flamengo em 2016, quando eles não tinham o Maracanã nem o Engenhão por causa das Olimpíadas. O Atlético apoiou o Flamengo”, reforçou.
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