O que Michael precisa aprender com a transferência de Lúcio Bala do Goiás para o Flamengo em 1997

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Michael desembarcou no Rio de Janeiro nesta segunda-feira como quarto maior reforço na história do Flamengo. O clube carioca desembolsou R$ 34 milhões para tirá-lo do Goiás. A badalada transferência lembra um pouquinho a de Lucenilde Pereira da Silva — o Lúcio Bala — para a Gávea. Grande negócio que gerou imensa expectativa. Que Michael tenha mais sorte.

Lúcio Bala havia sido o artilheiro do Goiás no Campeonato Brasileiro de 1996 com nove gols. O time esmeraldino fez uma campanha épica. Era tempo de mata-mata. Sob o comando do técnico Paulo Gonçalves, o time terminou a fase classificatória em sétimo lugar. Avançou às quartas de final para enfrentar o Guarani na fase de mata-mata.

O Goiás de Kléber; Índio, Sílvio Criciúma, Richard e Augusto; Romeu, Reidner, Lúcio Bala e Evandro Chaveirinho; Alex Dias e Dill; desbancou o Guarani nas quartas de final e só caiu nas semifinais contra o Grêmio de Luiz Felipe Scolari. Por sinal, vendeu caro a eliminação. O tricolor gaúcho fez 5 x 3 no placar agregado e chegou à final contra a Portuguesa.

O quarto lugar no Brasileirão de 1996 é a segunda melhor campanha do Goiás na história do principal torneio de futebol do país. Atrás apenas da terceira posição em 2005. Lúcio Bala, Evandro, Alex Dias e Dill foram os símbolos daquele time inesquecível. Ao término da temporada Lúcio e Evandro foram contratados pelo Flamengo.

Artilheiro do Goiás no quarto lugar de 1996 no Brasileirão, Lúcio fez 9 gols e acertou com o Flamengo. Um dos goleadores do Goiás na Série A 2019, Michael também fez 9 e acertou com o clube carioca

Lúcio Bala defendeu o Flamengo de 16 de janeiro de 1997 a 22 de julho de 2000. Estreou em um amistoso justamente contra o Goiás no velho Mané Garrincha, em Brasília. Fez 23 gols em 117 jogos com a camisa rubro-negra. Tímido, não virou ídolo. Amargou xingamentos dos torcedores até ser emprestado ao Santos. Retornou à Gávea em 2000 e foi cedido a outro time paulista, a Portuguesa. Lúcio ainda teve oportunidade no Botafogo e no Atlético-MG, mas não se firmou. Passou a perambular por times de médio e pequeno porte como o Luziânia no Candangão de 2014 até pendurar as chuteiras em no Atlético Alvorada, no Tocantins.

As histórias se parecem. Michael foi a estrela do Goiás no Brasileirão 2019. Não levou o esmeraldino tão longe quanto Lúcio em 2000. A equipe de Ney Franco cruzou a linha de chegada em décimo. Michael fez nove gols. A mesma quantidade de Lúcio Bala em 1996. Desempenho igual ao dos badalados Dudu (Palmeiras), Marcelo Cirino (Athletico-PR), Soteldo (Santos) e o parceiro de ataque Rafael Moura. Para se ter uma ideia da performance de Michael, o astro Paolo Guerrero marcou apenas dois gols a mais do que Michael na Série A.

Sinal de que Michael vai arrebentar no Flamengo? Não! Lúcio Bala trazia a mesma expectativa em 1997. Aparentemente, intimidou-se num elenco que contava com Júnior Baiano, Mancuso, Romário e Sávio. O time não se acertou. Começou a temporada sob o comando de Júnior, chegou Sebastião Rocha e depois Paulo Autuori. Ninguém deu jeito e Lúcio foi encolhendo.

Não, Michael não está condenado a ser o novo Lúcio Bala do Flamengo. Longe disso. Porém, o estafe do jogador precisa contar essa historinha para o ótimo meia-atacante de 22 anos. Nascido em Mato-Grosso, o jogador com passagem por Monte Cristo, Goiânia, Goianésia e Goiás despertou do sonho do ano passado desembarcando no Ninho do Urubu. Que não se intimide como Lúcio Bala diante de Sávio e Romário e seja simplesmente o Michael do Goiás. O técnico Jorge Jesus, a “nação” rubro-negro e o futebol brasileiro agradecem.

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Marcos Paulo Lima

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