O que esperar de Austrália e Nova Zelândia na Copa do Mundo 2023? Brasileiro Thiago Kosloski trabalhou com futebol feminino na Oceania e fala sobre a escolha dos anfitriões pela Fifa

Compartilhe

De volta ao Brasil para ser auxiliar do técnico Ramon Menezes no Vasco, o paranaense Thiago Kosloski, 38, conhece muito bem a Austrália, país escolhido pela Fifa para receber a Copa do Mundo de futebol feminino em 2023 numa parceria com a Nova Zelândia. O ex-diretor técnico do South West Queensland Thunder FC morava em Queensland, 132km ao oeste de Brisbane. Trabalhava na Terra dos Cangurus antes de desembarcar no Rio. Entre outras funções, contribuiu para o desenvolvimento do futebol feminino em solo australiano em todas as categorias. No bate-papo a seguir, Thiago Kosloski diz ao blog com conhecimento de causa o que podemos esperar da Copa de 2023 na Austrália e na Nova Zelândia. A começar pelos donos da casa. Ele projeta a Austrália brigando pelo título daqui a três e a Nova Zelândia no papel de coadjuvante. Formando no curso de treinadores da Confederação Brasileira de Futebol — o CBF Academy –, Thiago Kosloski prevê um torneio espetacular da estrutura ao clima de Copa nos países da Copa.

Em outra entrevista ao blog em 2 de abril, o paranaense de Telêmaco havia exaltado o potencial do futebol feminino na Austrália. “O futebol feminino na Austrália é muito mais desenvolvido do que o masculino em termos de qualidade. É top 3. A Austrália foi como uma das favoritas a ganhar a Copa do Mundo no ano passado, mas alguns problemas internos atrapalharam bastante, como troca de treinador pouco antes da competição. A Austrália é muito forte, o campeonato interno é muito forte, tem uma boa infraestrutura. Ao contrário do Brasil, todas as equipes que jogam a A-League e a National Premier League têm equipes nas categorias de base também. Consequentemente, você forma jogadoras. Agora, inclusive, capitã da seleção da Austrália foi para o Chelsea. A Sam Kerr (26 anos) é uma das melhores do mundo na posição. O futebol masculino vem evoluindo, mas não está entre os 10 melhores do mundo. O feminino é um dos cinco”, observou à época.

Você morava na Austrália antes de voltar ao Brasil para ser auxiliar do técnico Ramon Menezes no Vasco e trabalhou com futebol feminino lá. O que achou de a Fifa ter escolhido Austrália e Nova Zelândia como anfitriões da Copa do Mundo de 2023?

Fiquei bastante feliz em saber que a Austrália vai sediar a Copa do Mundo de futebol feminino 2023. É um país que realmente está preparado para receber uma competição desse nível, dessa magnitude. É um país que tem uma infraestrutura fantástica e capacidade de construir estádios, toda uma infraestrutura necessária muito rapidamente, com qualidade.

A escolha também foi perfeita do ponto de vista esportivo?

Além de todas as condições socioeconômicas, o futebol feminino é muito desenvolvido na Austrália. É um país muito forte no futebol feminino. Investe, tem uma liga muito forte, as equipes trabalham muito a questão do futebol feminino da base até as equipes profissionais.

Você trabalhou diretamente com futebol feminino na Austrália.

Eu tive a oportunidade de acompanhar de perto esse desenvolvimento. Eu era diretor técnico de uma equipe da National Premier League e tinha que participar das reuniões para formatar a maneira como nós iriamos desenvolver o futebol feminino. Então, a Federação Australiana de Futebol tem uma preocupação grande com isso.

Além de todas as condições socioeconômicas, o futebol feminino é muito desenvolvido na Austrália. É um país muito forte no futebol feminino. Investe, tem uma liga muito forte, as equipes trabalham muito a questão do futebol feminino da base até as equipes profissionais.

A Austrália foi eliminada nas oitavas de final na Copa da França, mas tem tudo para colher os frutos desse investimento em longo prazo…

A Austrália vem colhendo os frutos. Além de ter uma equipe principal muito forte, a base da Austrália é muito forte. Hoje, a Austrália tem uma equipe competitiva para os próximos quatro, cinco anos, sem dúvida nenhuma. As equipes sub-17 e sub-20 são muito competitivas, fortes.

A tendência é que o intercâmbio fortaleça ainda mais a seleção australiana?

Algumas atletas já jogam fora da Austrália, inclusive no Chelsea (Sam Kerr), no futebol inglês (Caitlin Ford, Hayley Raso, Chloe Logarzo), em outras grandes ligas na Europa (Ellie Carpenter, Lyon). Com certeza, a Austrália será uma das favoritas a ganhar. Vai ter o apoio do público, os estádios estarão lotados. Sempre que tem jogo da seleção feminina na Austrália tem bom público. Tive a oportunidade de acompanhar alguns. A torcida vai empurrar.

Apresentado em live, Thiago Kosloski trocou a Austrália pelo desafio de ser auxiliar-técnico de Ramon Menezes no Vasco: estreia será neste domingo (28) contra o Macaé

Vai ter clima de Copa?

A festa vai ser muito legal. A gente tem que ver como estará a situação da pandemia até lá. Acho também que foi um acerto da Fifa. A Austrália conseguiu controlar muito rapidamente a questão da covid-19. Hoje, por exemplo, alguns estados estão batendo três meses sem nenhum resultado positivo, o que é muito importante também para receber uma competição dessa. Conhecendo o governo da Austrália, como eles trabalham, não vai ser fácil a entrada no país se a pandemia continuar dessa forma. Tem que respeitar o período de quarentena, uma série de coisas se a fronteira for aberta para receber voos internacionais. Hoje, está fechado. Espero que seja uma ótima Copa do Mundo e que o melhor vença. Que o Brasil esteja lá forte brigando pelas primeiras posições também. As nossas meninas merecem isso.

Em termos de futebol, a Nova Zelândia não irá muito longe. Diferentemente da Austrália, que brigará para ser campeã. A competição tem tudo para ser de excelência. Vamos torcer para que a gente tenha uma grande Copa em 2023.

A Austrália dividirá a organização da Copa com a Nova Zelândia. O que esperar do vizinho?

O futebol na Austrália é bem mais desenvolvido do que na Nova Zelândia, tanto o masculino quanto o feminino. Mas, em termos de infraestrutura para um torneio dessa magnitude, a Nova Zelândia está preparada também. Acho que Austrália e Nova Zelândia Vão fazer uma grande Copa, assim como foi a parceria entre a Coreia do Sul e o Japão (2002).

O que podemos projetar para a seleção da Nova Zelândia?

Em termos de futebol, a Nova Zelândia não irá muito longe. Diferentemente da Austrália, que brigará para ser campeã. A competição tem tudo para ser de excelência. Vamos torcer para que a gente tenha uma grande Copa em 2023.

Siga o blogueiro no Twitter: @mplimaDF

Siga o blogueiro no Instagram: @marcospaulolimadf

Siga o blog no Facebook: https://www.facebook.com/dribledecorpo/20

Marcos Paulo Lima

Posts recentes

  • Esporte

Racing explora vícios defensivos de Diniz e mina o Cruzeiro na final

Os times comandados pelo técnico Fernando Diniz costumam apresentar dois defeitos: sofrem muitos gols construídos…

1 hora atrás
  • Esporte

Do Mundial Sub-17 à final da Sula: Cruzeiro restaura Veron e Kaio Jorge

Há cinco anos, Gabriel Veron e Kaio Jorge brindavam o Brasil com uma virada épica…

13 horas atrás
  • Esporte

Roger Machado criou um lateral-direito e a Seleção precisa testá-lo

Roger Machado inventou um lateral-direito e a Seleção Brasileira precisa prestar atenção nele. Em tempo…

19 horas atrás
  • Esporte

Nations League: Sorteio das quartas reedita três finais de Copa do Mundo

O sorteio das quartas de final da Nations League nessa sexta-feira, em Nyon, na Suíça,…

1 dia atrás
  • Esporte

Ronaldo Fenômeno articula candidatura à presidência da CBF em Brasília

Os movimentos de Ronaldo Nazário de Lima, o Ronaldo, são friamente calculados desde uma viagem…

2 dias atrás
  • Esporte

Técnica brasiliense Camilla Orlando ganha Candangão e Paulistão em 11 meses

Menos de um ano depois de levar o Real Brasília ao título do Campeonato Feminino…

3 dias atrás