A demanda por crianças boas de bola é cada vez mais comum no mercado do futebol. Lionel Messi, por exemplo, trocou Rosário por Barcelona aos 13 anos. Mas a regra tem exceções. Moisés Barros dos Santos é uma delas. Contratado nesta semana pelo Brasiliense, o meia-atacante apelidado de Tobinha, que compara seu estilo ao do conterrâneo Marinho, referencia do Santos, iniciou a carreira profissional há seis meses, com 26 anos.
No bate-papo a seguir com o blog, o baiano de Conceição do Coité, município a 210km da capital Salvador, conta a origem do apelido, revela por que resistia às ofertas para se tornar jogador profissional até render-se ao convite do Atlético de Alagoinhas (BA), revela como a vida no futebol amador o ajudou a comprar residência para os pais e construir a casa própria e cita a fé como responsável pela guinada na vida.
Depois de se emocionar com o choro dos pais na despedida rumo a Brasília, Tobinha vê a chance de disputar a Copa Verde, a Copa do Brasil, o Candangão e a Série D do ano que vem como oportunidade da vida para a família humilde — ainda mais agora, que espera o primeiro filho. A companheira dele está grávida há três meses.
Você é jogador profissional há pouquíssimo tempo. Começou tarde, aos 25 anos, no Atlético de Alagoinhas. Isso é quase inimaginável, hoje, no futebol. Como foi essa reviravolta?
Eu só participava de campeonato amador. No ano passado (2020), tive a oportunidade de defender o Atlético-BA quando o futebol voltou na pandemia. Joguei as últimas seis partidas do Campeonato Baiano. Vencemos o Bahia na penúltima rodada, perdemos para o Jacuipense na última, mas nos classificamos para as semifinais. Eliminamos o Juazeirense e enfrentamos o Bahia na decisão. Empatamos na ida (0 x 0) e na volta (1 x 1) e perdemos nos pênaltis na volta.
Por que resistiu tanto para jogar como profissional?
Comecei a carreira aos 25 anos. Recebia convite de times profissionais, mas não ia. Preferia o futebol amador. Na Bahia, você consegue muita coisa no futebol amador. Eu, por exemplo, comprei uma casa para os meus pais e construí a minha com dinheiro do futebol amador.
Quanto recebia para jogar em times de futebol amador?
Cheguei a ganhar R$ 6 mil. Era muito mais do que os times profissionais ofereciam. A proposta de muitos deles era para receber o salário mínimo, aí não valia a pena. Aceitei jogar no Atlético de Alagoinhas por causa da pandemia. O futebol amador parou e eu precisava trabalhar. Os times da Bahia praticamente inteira ligavam para eu disputar campeonato amador. Eu jogava em um time num fim de semana, em outro no seguinte, mas, de repente, não tinha mais nem os torneios amadores nem o Intermunicipal, que são seleções das cidades se enfrentando.
Seu primeiro técnico no Atlético-BA foi o ex-zagueiro Agnaldo Liz, que jogou no Brasiliense no futebol candango. Como foi o primeiro contato com um treinador profissional?
O Agnaldo Liz pensava que eu já fosse profissional. Falei que era o meu primeiro clube e ele ficou impressionado (risos). Disputei a Série D e fiz um gol na vitória contra a Caldense.
Cheguei a ganhar R$ 6 mil (no futebol amador). Era muito mais do que os times profissionais ofereciam. A proposta de muitos deles era para receber o salário mínimo, aí não valia a pena. Os times da Bahia praticamente inteira ligavam para eu disputar campeonato amador. Eu jogava em um time num fim de semana, em outro no seguinte, mas, de repente, não tinha mais nem os torneios amadores nem o Intermunicipal por causa da pandemia
Seu nome é Moisés Barros dos Santos. Qual é a origem do apelido Tobinha?
Tenho um irmão chamado Joílton que jogou em um time de Fortaleza. Ele tinha o apelido de Toba porque tinha a bunda grande. Ele chegou, inclusive, a jogar no Floresta, esse time cearense que está nas quartas de final da Série D. Ele jogava de lateral e zagueiro. Quando souberam que eu também jogava futebol e sou mais novo do que ele, logo virei o Tobinha (risos).
Alguns jogadores pedem para serem chamados com outro nome. Gabigol, por exemplo, agora que ser o Gabi. Pensa em virar Moisés, Moisés Barros, Moisés Santos, ou Tobinha pegou, mesmo, virou marca registrada sem jeito de mudar?
Só os meus pais (dona Marlene e seu Simão) me chamam de Moisés (risos). Não tem jeito. Não ligo muito para isso, Aceito normal qualquer um dos nomes. Independentemente do apelido Tobinha, o que vale é o futebol que vou apresentar no Brasiliense.
Qual foi a campanha mais marcante no futebol amador?
Em 2016. Fui campeão e vice-artilheiro. Nem eu mesmo acreditava, mas Jesus me abençoou. Sou de Conceição do Coité (município de 1 086,224 km² e 67 mil habitantes a 210km de Salvador), mas, naquela competição, eu defendi a seleção de Itaberaba no Intermunicipal.
Tenho um irmão chamado Joílton que jogou em um time de Fortaleza. Ele tinha o apelido de Toba porque tinha a bunda grande. Ele chegou, inclusive, a jogar no Floresta, esse time cearense que está nas quartas de final da Série D. Ele jogava de lateral e zagueiro. Quando souberam que eu também jogava futebol e sou mais novo do que ele, logo virei o Tobinha (risos). Pegou, não tem jeito. Não ligo muito para isso, Aceito normal. Independentemente do apelido Tobinha, o que vale é o futebol que vou apresentar no Brasiliense
Conhecia Brasília? O que os pais acharam de você sair de perto deles pela primeira vez?
Não conhecia Brasília. Meus pais ficaram tristes, choraram, mas disse a eles que vinha em busca não somente do meu futuro, mas deles também, da nossa família. Eles trabalham na zona rural. Sei o sacrifício deles. São lavradores. Somos uma família bastante humilde. Além disso, agora vou ser pai. A minha companheira está grávida de três meses.
Você passou pelas divisões de base?
Passei pelo Feirense. Disputei o Campeonato Baiano com 17 anos e fiz nove gols.
Como define as suas características?
Jogo como meia, atacante de beirada, mas também faço lateral. Sou ambidestro. Tenho estilo parecido com o do Marinho (Santos), gostou de pegar a bola a partir com ela dominada no um contra um. Estou aprimorado a finalização. Preciso melhorar.
Tem um número de camisa preferido?
Meu pai gosta do número 11. Ele gostava do Romário e eu também.
Jogo como meia, atacante de beirada, mas também faço lateral. Sou ambidestro. Tenho estilo parecido com o do Marinho (Santos), gostou de pegar a bola a partir com ela dominada no um contra um. Estou aprimorado a finalização. Preciso melhorar.
Gosta de ler. Qual é a leitura preferida?
Leio mais a Bíblia. Sou da Igreja do Evangelho Quadrangular.
Sua história é impressionante. Qual é a mensagem de quem virou jogador profissional tardiamente para quem está pensando em desistir?
Quando você sonha, coloca Deus na direção e não abaixa a cabeça, tudo acontece. É tudo no tempo de Deus. Tem muitos meninos que acham que não vai acontecer, mas acontece.
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