CBIFOT260620212729 Luis Díaz arma o voleio: golaço contra o Brasil na Copa América deste ano. Foto: Mauro Pimentel/AFP Luis Díaz arma o voleio: golaço contra o Brasil na Copa América deste ano. Foto: Mauro Pimentel/AFP

O fator Luis Díaz nas escolhas da escalação e da estratégia do Brasil contra a Colômbia

Publicado em Esporte

Tite evita falar sobre jogador específico dos adversários. Daí ter rolado a pergunta para o assistente César Sampaio na entrevista coletiva antes do duelo deste domingo contra a Colômbia, às 18h, em Barranquilla, pelas Eliminatórias para a Copa de 2022.

A questão era se a mobilidade e a fase goleadora de Luis Díaz, artilheiro da última Copa América ao lado do argentino Lionel Messi e do peruano Lapadula com quatro gols; e do Campeonato Português neste início de temporada com seis bolas na rede, influenciará na escolha da estratégia para deter o organizado time comandando por Reinaldo Rueda.

O técnico da Seleção evitou atribuir peso ao papel de Luis Diaz. “O Cesar (Sampaio) passa uma situação muito importante que é assim: nós olhamos primeiro para a nossa equipe e depois fazemos ajustes em cima das forças do adversário”, respondeu, passando a bola ao assistente.

Sampaio reforçou o discurso de Tite e foi sincero ao admitir preocupação com o meia-atacante da Colômbia. “Reconhecemos a qualidade técnica, a individualidade. Fez o gol mais bonito da Copa América (Tite concordou). É uma das forças. Temos nosso equilíbrio. Objetivo era criação, finalização e conclusão. Trabalhar nesses fatores sem perder solidez. (Luis Díaz) é uma das forças, um dos jogadores que temos que ter muita atenção. Treinamos para isso, temos nosso modelo. Cada jogo pede uma especificidade ofensiva e defensiva. Esperamos que possamos neutralizá-lo com segurança defensiva”, afirmou um dos três auxiliares de Tite.

Luis Díaz é o dono do pedaço esquerdo do setor ofensivo da Colômbia. Ataca os adversários por ali em qualquer sistema usado pelo técnico Reinaldo Rueda — o predileto 4-4-2 ou os alternativos 4-2-3-1 ou 4-3-3. Quem acompanhou a última Copa América, no Brasil, viu do que ele é capaz. Marcou contra o Brasil, Argentina e duas vezes no duelo com o Peru. Gosta de jogo grande. Isso sem contar dribles e assistências para os companheiros no Porto e na Colômbia. Sem Cuadrado pela direita, a Colômbia deve forçar ainda mais lances pela esquerda.

Em tese, Luis Díaz incomodará o setor direito da defesa do Brasil. Daí a tendência pela manutenção de Danilo na lateral direita. O jogador da Juventus não apoia como o concorrente Emerson, mas é garantia de estabilidade à segurança defensiva de Tite. “O Danilo traz solidez defensiva, libera o segundo meio-campista, libera o atacante do lado direito nesse equilíbrio de ideia. Ele dá normalmente, junto com os dois zagueiros, uma liberdade para que seis outros jogadores possam fluir, transitar, chegar, e ele por trás, como elemento surpresa. Se eu buscar do Danilo amplitude, se eu buscar dele uma infiltração central, tal qual o Dani (Daniel Alves) faz, ou na amplitude com Emerson faz, eu não estaria retirando dele suas melhores características. É legal ter essa pergunta para que as pessoas saibam a função dele”, alega Tite.

 

“Primeiro de tudo é um trabalho em equipe, não de um jogador. Nosso nível aqui na Seleção é muito alto e quem for entrar está preparado para cumprir seu papel dentro de campo. O Díaz é um grande jogador, vem dando muito trabalho para as defesas, muito trabalho na Copa América fazendo gols, tido boas apresentações no Porto, mas o nosso trabalho é olhar para a Colômbia como um todo e fazer o nosso melhor para anular a equipe deles”

Alisson, goleiro do Brasil, sobre a marcação em Luís Díaz

 

Mais veloz do que Thiago Silva, Éder Militão é uma escolha possível para fazer companhia a Marquinhos. Autor da cobrança do escanteio para o gol de Marquinhos e da assistência para Antony, Raphinha pode começar o jogo justamente para tirar Luis Díaz da zona de conforto. O meia-atacante do Leeds United tem pulmão para o vaivém do equilíbrio defensivo. Mais do que isso: fôlego para dar assistência ao ataque. Logo, obrigaria Luis Díaz a auxiliar também na marcação em vez de ficar solto.

O cerco a Luis Díaz também demanda ajuda dos volantes. Tite esconde o jogo, mas imagino — análise não informação — que ele estuda ajustes no meio de campo. Desconfio de que Edenílson e/ou Fred podem ser as peças-chave nesse quebra-cabeça. Consequentemente, Gabriel Jesus ou Gabriel Barbosa; Everton Ribeiro ou Lucas Paquetá; e Gerson arriscam deixar o time por opção tática.

Luis Díaz é fã de Ronaldinho Gaúcho. Tentava imitar os lances do jogador eleito duas vezes melhor do mundo (2004 e 2005) na infância, no bairro Los Cerezos, em Barracas, na Península de La Guajira. O professor de futebol de Luchito era seu Mané, como é conhecido carinhosamente o pai dele. Seu Luis Manuel Dias tem uma escolinha chamada Club Baller. O filho chegou a ser mascote de um time comandado por ele.

Para realizar o sonho de ser jogador profissional, Luis Díaz driblou a mãe. Dona Silenis Marulanda queria outra profissão para o xodó. Em setembro de 2019, ela se rendeu ao talento do filho ao testemunhar a convocação para os amistosos da seleção da Colômbia.

Em 2018, o meia-atacante fez 16 gols em 58 jogos. Conquistou o Torneo Finalización do Campeonato Colombiano. Também ganhou a Copa Colômbia em 2017. Nomes badalados do país foram responsáveis pela formação dele. O pai conta que Carlos Valderrama comandou Luis Díaz em uma seleção indígena. A equipe disputou um torneio no Chile. Em 2017, participou do Campeonato Sul-Americano Sub-20, no Equador.

No Junior Barranquilla, aprendeu com Alexis Mendoza, ex-auxiliar do técnico Reinaldo Rueda, com o ex-treinador interino da seleção, Arturo Reyes, e com o ex-comandante do time vice-campeão da Copa Sul-Americana, Julio Comesaña. Ídolo da Colômbia nos anos 1980 e início dos anos 1990, Arnoldo Iguarán foi outro professor do menino. Versátil, Luis Díaz atuou como lateral-direito, meia, atacante e centroavante até se acostumar na função de meia-esquerda.

Em 2019, o pai de Luis Díaz deu entrevista ao blog confirmando uma sondagem do Flamengo. À época, o Junior Barranquilla não aceitava negociar o jogador por menos de US$ 5 milhões (R$ 20 milhões). O Porto desembolsou 7,22 milhões de euros e levou a joia colombiana.

 

 

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