Scolari Luiz Felipe Scolari está de volta ao mercado depois de deixar o Grêmio. Foto: Lucas Uebel/Grêmio Luiz Felipe Scolari está de volta ao mercado depois de deixar o Grêmio. Foto: Lucas Uebel/Grêmio

Quatro dos últimos cinco técnicos campeões da Copa estão aposentados ou desempregados. Felipão é um deles

Publicado em Esporte

A saída de Luiz Felipe Scolari do Grêmio no início da madrugada desta segunda-feira depois da derrota por 1 x 0 para o Santos e a inércia tricolor na zona de rebaixamento tem um significado simbólico para a comunidade do futebol. Dos cinco técnicos campeões da Copa do Mundo no século, quatro estão aposentados ou desempregados. A exceção é Didier Deschamps, protagonista do título inédito da França na Liga das Nações na virada por 2 x 1 contra a Espanha.

Comandante do Brasil na campanha do pentacampeonato mundial, Felipão balançava no cargo. A quarta passagem do treinador pelo Grêmio termina com aproveitamento de 47,6%: nove vitórias, três empates e nove derrotas. O time fez 22 gols e sofreu 23. “Continuarei sendo gremista como sempre fui e serei”, despediu-se o gaúcho de Passo Fundo. Felipão conseguiu um baita feito quatro anos depois do 7 x 1. Levou o Palmeiras ao título brasileiro em 2018. Estava por cima. Tem uma baita biografia. Não precisava se expor depois daquela grandiosa conquista.

Protagonista da pior derrota da Seleção Brasileira e da carreira de Felipão, Joachim Löw é outro campeão mundial desempregado. Mentor do tetra da Alemanha, ele não trabalha desde o fim da última Eurocopa. Os germânicos foram eliminados pela Inglaterra nas oitavas de final e o técnico passou o bastão para o ex-auxiliar Hansi Flick. O comandante do Bayern de Munique na conquista da Champions League de 2020 trabalhou com Löw no Brasil na Copa de 2014.

Líder da Espanha no inédito título da Copa de 2010, Vicente del Bosque deixou o cargo ao término da campanha do país na Euro 2016 e pendurou a prancheta. “Não tenho a intenção de seguir como técnico. Já tomei a decisão”, afirmou o também campeão da Euro em 2012 e bi da Champions League à frente do Real Madrid nas temporadas de 2000 e de 2002.

Mentor da Squadra Azzurra no tetra de 2006, Marcello Lippi comandava a China até 2019 e também anunciou o fim da carreira. “Meu trabalho como treinador está feito para sempre. Chega. Talvez eu possa ser útil em outras funções”, vamos ver”, anunciou o italiano.

 

Últimos cinco técnicos campeões da Copa

  • 2018 – Didier Deschamps (França): segue no cargo
  • 2014 –  Joachim Löw (Alemanha): desempregado
  • 2010 – Vicente del Bosque (Espanha): aposentado
  • 2006: Marcello Lippi (Itália): aposentado
  • 2002: Luiz Felipe Scolari (Brasil): desempregado

 

A situação do Grêmio é típica de um time que passou muito tempo sob o mesmo comando e não planejou a mudança de ciclo. O presidente Romildo Bolzan Junior esperava concluir o mandato com Renato Gaúcho à frente do time, mas não suportou a pressão interna quando o time foi eliminado pelo Independiente del Valle na Pré-Libertadores.

Paralelamente, a diretoria se perdeu na escolha do sucessor. As escolhas de Tiago Nunes e a nova troca por Luiz Felipe Scolari desconsideram o legado iniciado por Roger Machado, aprimorado e consolidado por Renato Gaúcho. O Grêmio havia deixado de ser um time guerreiro para encantar o Brasil e a América do Sul com posse de bola e futebol envolvente na conquista do tricampeonato da Libertadores em 2017. Os últimos anos de trabalho de Renato Gaúcho foram ruins, mas mantiveram o Grêmio entre os times mais competitivo do país. As opções por Tiago Nunes e Felipão significaram claramente retrocesso na filosofia incorporada pelo clube.

O Grêmio está numa encruzilhada diante da possibilidade de cair pela terceira vez para a segunda divisão. A ideia de dar um tratamento de choque no elenco com Lisca, por exemplo, não encontra ressonância no último trabalho dele. Ele fracassou na tentativa de fazer o Vasco reagir na Série B. Roger Machado não gosta de assumir trabalho com a temporada em andamento. A última impressão no Fluminense também não foi das melhores.

Mano Menezes seria uma espécie de Felipão com upgrade. Mauricio Barbieri faz bom trabalho no Bragantino, mas não há pressão no clube paulista. Em Porto Alegre, teria de lidar com o fantasma do rebaixamento. Há quem recomende Arce, ídolo do clube, atualmente no Cerro Porteño. Rogério Ceni está disponível, mas tem recusado alguns convites e a iminente saída de Hernán Crespo no fim da temporada deixam o atual campeão brasileiro em alerta para a possibilidade de reassumir a prancheta tricolor. A diretoria precisa definir com urgência se o plano é fugir da zona de rebaixamento ou apostar no início da nova era. Isso tem que ser rápido.

 

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