A derrota para o Independiente del Valle do Equador na final da Copa Sul-Americana dói mais do que o placar de 2 x 0 no estádio Mário Kempes, em Córdoba, na Argentina. É mais um duro capítulo do amor não correspondido entre o São Paulo e o técnico, o maior ídolo da história do clube nos tempos de goleiro-artilheiro.
Rogério Ceni estreou na função de treinador no clube do coração. Saiu pela porta dos fundos em 2017, mas não desistiu. Evoluiu e conquistou títulos no Fortaleza. Promoveu o time à Série A como campeão da B. Levou o time a títulos na Copa do Nordeste e do Estadual. Marcou época na reconstrução do Tricolor do Pici.
Fracassou no Cruzeiro, mas deixou títulos na sala de troféus do Flamengo. Domou um elenco de seleção no Ninho do Urubu enquanto foi possível. Ganhou o Brasileirão, a Supercopa do Brasil, a Taça Guanabara e o Carioca. Por que, então, Rogério Ceni não consegue brindar o São Paulo com título manipulando a prancheta? Perdeu o Paulistão de virada para o Palmeiras, não cumpriu o plano de conquistar o almejado bi da Sul-Americana e dificilmente conseguirá uma arrancada para levar o tricolor à Libertadores.
A derrota para o Independiente del Valle não é um vexame. O limitado São Paulo não cumpriu o plano de Rogério Ceni. Deu liberdade ao meio de campo adversário e foi merecidamente castigado por um time que trabalha seríssimo para ser um dos grandes da América do Sul.
Revoltados e frustrados talvez não lembrem, mas o time equatoriano foi vice-campeão da Libertadores em 2016. O Atlético Nacional da Colômbia levou a taça. Conquistou a Sul-Americana em 2019. Foi vice da Recopa em 2020 vendendo caro a derrota para o Flamengo, comandado à época por Jorge Jesus.
Há quem desdenhe do futebol equatoriano, mas o país brilhou recentemente no Mundial Sub-17. Alcançou as semifinais na edição de 2019. Só não disputou a final porque caiu diante da Coreia do Sul, que enfrentou a Ucrânia na decisão. Polêmicas de naturalização de jogador à parte, a seleção está mais uma vez na Copa do Mundo e pode, sim, surpreender o Catar na abertura e brigar com Holanda e Senegal por uma das duas vagas às oitavas de final do torneio.
Clube formador de talentos, treinadores, competitivo, vitorioso e respeitado no continente, o Independiente del Valle mostra que o gigante São Paulo adormeceu. Parou no tempo desde o tricampeonato brasileiro consecutivo em 2006, 2007 e 2008. Teve brilharecos nos títulos da Copa Sul-America em 2012 e do Paulistão em 2020 no fim da fila, mas é muito pouco. Rogério Ceni fez milagre com o que tem. Sim, poderia ter ido além nas copas, mas o Del Valle na “Sula” e o Flamengo na Copa do Brasil mostraram que é necessário ter um projeto a curto, médio e longo prazo. Isso é óbvio para o São Paulo, um dos times mais respeitados na América do Sul pelas glórias do passado e a vulnerabilidade em um presente muito aquém de uma linda história.
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