“Lei Tite”: como o técnico da Seleção colocou em pauta o limite para troca de treinadores na Série A

Compartilhe

A caneta de Adenor Leonardo Bachi, o Tite, não tem o poder de decretar a paralisação da Copa do Brasil, como pediu o colega de profissão dele, Lisca, do América-MG, no desabafo do último dia 3 de março, mas o técnico da Seleção pode deixar um legado como funcionário da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Tite defendeu a regulamentação de uma cota máxima para a troca de treinadores na primeira divisão nacional.

Em setembro do ano passado, o treinador fez um desabafo em entrevista ao programa Bem, Amigos, de Galvão Bueno, no SporTV. Fugiu por alguns momentos do tatiquês e, por alguns instantes, assumiu o papel de sindicalista, o representante da classe. Tite parece distante dos demais técnicos. Só que não. É figura presente no CBF Academy, que, entre outras atividades, oferece o curso de formação de treinador. Tite costuma participar das aulas. Recicla, aprende e troca conhecimento com os colegas da área e conhece as demandas dos profissionais.

“Um técnico tem que fazer um trabalho com início, meio e fim. Nós temos que mudar de alguma forma o nosso conceito de futebol. Se quisermos que o profissional possa evoluir, que a classe possa evoluir, tem que ser cobrado, mas tem que dar a ele um mínimo de tempo para que ele desenvolva o seu trabalho”, argumentou Tite.

O gaúcho de Caxias do Sul deixou o ponto de vista dele ainda mais claro ao defender uma regra de proteção aos profissionais da prancheta:

“Que em termos legais, as pessoas possam dizer: agora, no Campeonato Brasileiro, não pode trocar. Só pode trocar um. Sabe o que vai acontecer? As pessoas vão fazer planejamento. Mas não só falar de planejamento. Executar o planejamento”, opinou.

A informação é de que Tite trabalhou pelo projeto nos bastidores. Convenceu a cúpula da CBF da importância de colocar ordem no entra e sai dos profissionais na primeira divisão.

A proposta foi colocada em debate no Conselho Técnico do Campeonato Brasileiro 2020. A maioria dos clubes reprovou. O placar virou na assembleia para a edição de 2021. Dos 20 clubes da elite, 11 votaram a favor da inovação: Internacional, Palmeiras, Santos, São Paulo, Sport, América-MG, Atlético-MG, Bragantino, Chapecoense, Corinthians e Fluminense.

Os demais foram votos vencidos: o atual bicampeão Flamengo e mais Grêmio, Fortaleza, Ceará, Athletico-PR, Cuiabá, Bahia, Atlético-GO e Juventude.

A norma pode virar, quem sabe, a Lei Tite. A sugestão dele foi acatada. Ao que parece, agradou o chefe Rogério Caboclo. “É um grande avanço do futebol brasileiro, que fará bem tanto aos clubes quanto aos treinadores. Vai implicar em uma relação mais madura e profissional e permitir trabalhos mais longos e consistentes. É o fim da dança das cadeiras dos técnicos no futebol brasileiro. Significa organização administrativa e planejamento financeiro”, afirmou o presidente da CBF.

Siga no Twitter: @mplimaDF

Siga no Instagram: @marcospaulolimadf

Marcos Paulo Lima

Posts recentes

  • Esporte

Copa do Mundo Feminina 2027 será no Brasil; Brasília receberá 8 jogos

O Brasil está eleito e será sede da 10ª edição da Copa do Mundo Feminina…

53 minutos atrás
  • Esporte

Do pé direito de Marcelo à cabeçada de Ganso: talento classifica o Flu

O Fluminense campeão inédito da Libertadores tinha repertório variado. O tricolor em defesa do título…

4 horas atrás
  • Esporte

O pacto do Palmeiras com o primeiro lugar na fase de grupos da Libertadores

Se o Real Madrid tem pacto com a Champions League, o Palmeiras mantém acordo com…

13 horas atrás
  • Esporte

Do Gama ao Vasco: semelhanças e diferenças nas rupturas com a SAF

Qualquer semelhança é mera coincidência. O Gama tem duas curiosidades na relação com a Sociedade…

20 horas atrás
  • Esporte

Tite ativa o modo “Corinthians 2015” no Flamengo: 4-1-4-1 vira solução

Adenor Leonardo Bachi, o Tite, instalou discretamente o chip do Corinthians de 2015 no Flamengo.…

1 dia atrás
  • Esporte

Como Diego Aguirre fez o básico para quebrar a invencibilidade do Galo

Diego Aguirre não deixou saudade no Brasil nas passagens por Internacional, Atlético-MG, São Paulo e…

2 dias atrás