O Flamengo tem uma legião de ídolos no time titular. Outros tantos (velhos e novos) candidatos a xodós da torcida no banco. Mas Jorge Jesus foi disparado o nome mais gritado na vitória por 3 x 0 sobre o Athletico-PR neste domingo, no Mané Garrincha. Um coral em uníssono ecoava “Olê, olê, olê, olê, Mister, Mister…”
Essa história de Mister desperta ciúmes na maioria dos treinadores brasileiros. Maduro para entender um dos apelidos do português, Dorival Júnior o tratou como Mister nas entrevistas pré e pós-jogo aqui em Brasília. Não se trata de subserviência ou de puxar o saco, mas simplesmente de cortesia, algo que tem faltado — e muito — no trato da classe com Jesus. Aliás, por que o perfil do Athletico-PR nas redes sociais publicou que o time paranaense era o Brasil na decisão da Supercopa? A única explicação é o sucesso do português no país. Ou então, o Clube de Regatas do Flamengo trocou de nacionalidade e não ficamos sabendo.
O fato é que o Mister é o Mister Supercopa. O título conquistado aqui em Brasília é o quarto dele nesse tipo de competição. Venceu duas em Portugal, onde o jogo entre o campeão da liga nacional e o da Taça de Portugal (a Copa do Brasil deles) é chamado de Supertaça Cândido de Oliveira. Jesus também arrematou a Supercopa da Arábia Saudita pelo Al-Hilal.
A obsessão do lusitano por títulos faz um bem danado ao Flamengo. É o terceiro troféu na era Jesus: Libertadores, Campeonato Brasileiro e Supercopa do Brasil. Outros dois são possíveis num espaço de uma semana e meia: a Taça Guanabara e a Recopa Sul-Americana. Jesus definiu assim a excelente fase: “Este clube obriga quem trabalha nele a pensar alto”.
Os títulos de Supercopa do Mister
- Supertaça Cândido de Oliveira (Benfica, 2014)
- Supertaça Cândido de Oliveira (Sporting, 2015)16
- Supercopa da Arábia Saudita (Al-Hilal, 2018)
- Supercopa do Brasil (Flamengo, 2020)
Jorge Jesus desembarcou no Brasil elevando o sarrafo. Falou em hegemonia do Flamengo. Em menos de um ano, colocou no currículo dois dos três títulos nacionais possíveis organizados pela CBF: Brasileirão e Supercopa do Brasil. Falta a Copa do Brasil, da qual foi eliminado nos pênaltis ano passado justamente pelo Athletico-PR. Como a final do mata-mata nacional está prevista para setembro, ele só chegará (ou não) até lá se renovar contrato com o Flamengo.
Fã do ex-jogador e técnico holandês Johan Cruyff, Jorge Jesus venceu a decisão no Mané Garrincha com uma impressionante movimentação do quarteto ofensivo. Dois gols foram de falsos noves, ou seja, Bruno Henrique e Arrascaeta ocupando o espaço em que Gabigol deveria estar. Isso é um pouquinho de cruyfismo na veia. A construção do primeiro gol também. A edição das tevês exibe apenas o cruzamento de Gabigol para a cabeçada de Bruno Henrique.
O lance é outro visto in loco no estádio. Gerson desarma contra-ataque do Athletico, a bola sobra para Diego Alves e o goleiro age rapidamente como se fosse um líbero acionando Rafinha. O lateral-direito aciona Everton Ribeiro, o meia faz o link com Gabigol e aí, sim, o cruzamento sai perfeito na cabeça de Bruno Henrique. O falso nove surge atrás dos zagueiros. Futebol coletivo também é cruyfismo. Seis jogadores participaram da obra-prima!
Perder apenas um titular é trunfo do Flamengo para empilhar mais títulos em 2020. Pablo Marí foi para o Arsenal, mas Gustavo Henrique ou Léo Pereira darão conta da missão quando estiverem adaptados ao sistema Jesus de trabalho. Dorival Júnior tem mais trabalho no Athletico. Houve debandada após os títulos nas copas Sul-Americana e do Brasil. O Furacão perdeu cinco. Entre eles, Léo Pereira, Bruno Guimarães, Marcelo Cirino e Marco Rubén. A perda é grande. Difícil pedir isso no insano futebol brasileiro, mas muita calma nessa hora.
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