Para quem não conhece, Jason é aquele personagem da série Sexta Feira 13, que morre, mas sempre volta para assombrar suas vítimas. É um dos apelidos do São Paulo, mas também pode ser adaptado ao Gama. O recordista de títulos do Campeonato do Distrito Federal era protagonista de um filme de terror. Estava condenado a brigar contra o rebaixamento neste Candangão, mas de repente renasceu das cinzas e deu as caras no G-4 a uma partida do fim da primeira fase. Jason só depende de si contra o Unaí no sábado, em Formosa, para se classificar.
Tudo isso acontece em meio a uma DR sem fim entre a Sociedade Esportiva do Gama (SEG) e a Gama Sociedade Anônima do Futebol (SAF). Antes da goleada por 4 x 0 sobre o Luziânia nesta quarta-feira, os jogadores ameaçavam, pelo segundo jogo consecutivo, não entrar em campo devido ao não pagamento do salário. A comissão técnica e o elenco só toparam entrar no ônibus, ainda sim a contragosto, depois do pagamento de 50% do que têm a receber. A outra metade ficou para depois. A maior fatia do contracheque refere-se a direito de imagem. SEG, SAF e jogadores seguem discutindo a complicada relação.
O Gama chegou a ser antepenúltimo na classificação. Vem de duas goleadas por 4 x 0 contra Brasília e Luziânia, mas passou vexame pelo mesmo placar diante do Paranoá. A instabilidade do time comandado por Jonilson Veloso é o maior adversário para o confronto com o Unaí. Vencer é suficiente para garantir presença no quadrangular contra Capital, Brasiliense e Ceilândia. Como aconteceu de tudo um pouco com a equipe em menos de um mês de competição, há uma linha fina entre a classificação e a eliminação.
Classificação final da primeira fase (2001)
1. Brazlândia – 42 pontos
2. Brasiliense – 39
3. Bandeirante – 34
4. Gama – 30
A guinada alviverde na reta final da primeira fase lembra o enredo de 2001. Há 20 anos, o então tetracampeão Gama penou na primeira fase. O time disputava a Série A do Brasileirão. Mesmo assim, chegou à última rodada da etapa de pontos corridos do Candangão obrigado a vencer para ir às semifinais. Disputava a última vaga com o Sobradinho.
Aquela última rodada da fase classificatória de 2001 é uma das provas de que o Gama é Jason. Em 6 de maio de 2001, o Gama perdeu por 1 x 0 para o líder disparado Brazlândia, no Bezerrão, e ficou dependendo do resultado do Sobradinho na outra partida. O Leão da Serra perdeu para o Bandeirante, por 2 x 1, e um constrangido alviverde avançou às semifinais.
Quem mandou ressuscitar o Jason? O Gama desbancou o Brazlândia nas semifinais por 2 x 1 no placar agregado, viu o então recém-criado arquirrival Brasiliense desbancar o Bandeirante na outra série e decidiu o título com o Jacaré. O resto da história você conhece. O time alviverde venceu a primeira partida por 3 x 2, a segunda, por 2 x 1, e conquistou o penta consecutivo dentro do Serejão, em Taguatinga, numa incrível prova de ressurreição.
Classificação final da primeira fase a uma rodada do fim (2022)
1. Capital – 17 pontos
2. Ceilândia – 16
3. Brasiliense – 15
4. Gama – 12
Qualquer semelhança com a arrancada aos trancos e barrancos em 2022 é mera coincidência. A diferença brutal é que o Gama, hoje, é um clube fora de série. Não disputa sequer a quarta divisão do Candangão. Arrisca ser o único adepto do modelo SAF a ficar fora da fase decisiva de um torneio doméstico neste início de temporada. Vencer o Unaí e avançar ao quadrangular significa muito mais do que a oportunidade de brigar pelo título.
É a chance de o time mais popular do DF ser ao menos vice e ter calendário em 2023. Disputar Candangão Copa do Brasil, Copa Verde e Série D ou amargar outro ano como este, que pode acabar no sábado. Para variar, o Jason do Candangão está entre a vida e a morte.
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