Iran Tempos de paz: Irã e EUA posaram juntos antes do jogo. Foto: Jerome Prevost/Getty Images Tempos de paz: Irã e EUA posaram juntos antes do jogo. Foto: Jerome Prevost/Getty Images

Irã 2 x 1 Estados Unidos: o jogo da paz que Donald Trump (certamente) não assistiu

Publicado em Esporte

Donald Trump não gosta de futebol, ou melhor, do soccer. Deve estar odiando com todas as forças a Copa do Mundo de 2026 no Estados Unidos em parceria com o primo rico Canadá e o pobre México. Certamente o presidente norte-americano não assistiu a uma das maiores demonstrações de afeto, respeito, tolerância ao menos dentro de campo entre iranianos e ianques há 21 anos no Estádio Gerland, em Lyon. Alguém deveria colocá-lo sentadinho em frente ao Youtube na tentativa de amolecer o coração de dura cerviz.

Era 21 de junho de 1998. Irã e Estados Unidos se encontraram na segunda rodada do Grupo F da Copa do Mundo da França. Um dos dias mais aguardados do evento desde o sorteio realizado em dezembro de 1997. Foram seis meses de tensão até a entrada das duas seleções no gramado. Culpa do campo de batalha que se tornou a relação diplomática entre as duas nações ao londo dos anos 1970 e 1980.

 

Troca de gentilezas entre iranianos e americanos antes do jogo da Copa

 

Em 1979, a embaixada dos Estados Unidos em Teerã foi invadida com o apoio do governo iraniano. Na sequência, houve a guerra Irã-Iraque. A Casa Branca escolheu ficar ao lado dos iraquianos. A queda de braço só terminou em 1988. A Fifa aproveitou os 10 anos do fim da guerra para promover o fair play justamente no duelo entre Irã e Estados Unidos na Copa.

Enquanto o governo do Irã tratava a partida como mais uma guerra, os jogadores escolheram a contramão. Em 1984, o regime imposto no país matou o então capitão da seleção iraniana, Habib Khabiri. Ele era acusado de ter ligações com os Estados Unidos.

 

Confraternização entre torcedores no Estádio Gerland

 

O Irã deu de ombros para o governo e entrou em campo para jogar futebol. Venceu a partida por 2 x 1, gols de Estili e Mahdavikia. McBride descontou para os ianques. O duelo mediado pelo suíço Urs Meier ficou em segundo plano. A entrada das duas seleções no gramado do Estádio Gerland foi histórica.

Houve a execução dos respectivos hinos nacionais. Na sequência, os jogadores deram uma baita lição de esportividade ao posarem juntos. Os iranianos ofereceram flores aos americanos. Os jogadores se abraçaram e trocaram presentes, Nas arquibancadas, confraternização entre alguns torcedores dos dois países exibindo as respectivas bandeiras.

 

 

Irã e Estados Unidos deram adeus à Copa na fase de grupos, mas o iranianos cumpriram a missão. Venceram apenas um jogo, aliás, o jogo contra os Estados Unidos quebrando um tabu. Foi a primeira vitória de um país do Oriente Médio em 20 anos.

O presidente do Irã à época era Mohammad Khatani. Bill Clinton ocupava a Casa Branca. Havia um pouco mais de juízo dos dois lados e o esporte conseguia servir como extintor de incêndio. Bem diferente do que propõe a era Donald Trump neste início de 2020.

Depois daquele histórico 21 de junho de 1998, Irã e Estados Unidos se enfrentaram apenas uma vez em um amistoso em solo ianque: empate por 1 x 1 em solo ianque.

 

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