As últimas duas temporadas de Gabriel Barbosa credenciam o jogador de 24 anos a reivindicar vaga no ataque de clubes grandes ou medianos da Europa, mas o passado na Internazionale e no Benfica; e a série de refugos de jovens brasileiros que custaram uma fortuna aos times do Velho Continente indicam a provável permanência no Flamengo.
Os investidores europeus estão mais seletos para adquirir talento brasileiro. Os clubes ricaços até compram, mas com um pé atrás. Em parte, culpa dos próprios jogadores e/ou dos seus estafes, cada vez mais ansiosos para vê-los bem longe dos gramados tupiniquins, ainda que seja em mercados periféricos. Tudo para receberem rapidamente a comissão pela tansação. Entendo. Faz parte do mercado da bola. Houve um tempo em que o talento do jogador brasileiro bastava. Hoje, a excelência exige bem mais: profissionalismo.
Gabriel Barbosa arrematou a artilharia das últimas duas edições do Brasileirão vestindo as camisas de dois clubes diferentes: Santos (2018) e Flamengo (2019). Se ainda não atraiu um clube de ponta após o fim do empréstimo ao rubro=negro e o retorno à Internazionale, tem a ver justamente com o passado dele na Europa. Gabigol não emplacou no clube italiano e muito menos no Benfica. Virou bate-volta. Logo, como apostar o rico dinheirinho em um atacante brilhante no futebol brasileiro, mas comum longe do próprio país. Gabigol é só mais um talento verde-amarelo a deixar a cabeça dos investidores um trevo.
O Real Madrid aplicou um caminhão de dinheiro em Robinho e se decepcionou. Manchester City e Milan também apostaram no ex-Rei das Pedaladas e receberam pouco em troca. O PSG quebrou a banca ao estabelecer a maior transferência da história do futebol e só viu Neymar conquistar títulos nacionais em vez da cobiçada Champions League. Antes, Lucas Moura levou a paciência do clube francês ao limite até ser negociado com o Tottenham.
Segundo a imprensa italiana, o Milan perdeu a paciência com Lucas Paquetá. Zinedine Zidane desconfia do potencial de Vinicius Junior. A joia do Flamengo é reserva. Isso quando o treinador francês relaciona o atacante para o jogo. Gabriel Jesus não consegue convencer Pep Guardiola de que tem futebol para ser mais do que estepe do argentino Sergio Aguero. O Bayer Leverkusen depositou dinheiro na conta do Vasco por Paulinho e ainda espera o jogador convocado por André Jardine para o Pré-Olímpico desabrochar.
Se o Chelsea realmente manifestou algum desejo de contratar Gabriel Barbosa, deve ter se lembrado do que Alexandre Pato fez no “verão passado”. Emprestado pelo Corinthians, fracassou no clube londrino. Antes, Pato havia frustrado a torcida do Milan numa passagem marcada por altos e baixos. Enquanto a Europa pune a irregularidade de quem deixa ou não consegue jogar em alto nível, o Brasil passa a mão na cabeça, mima,, afaga, faz tudo o que a cartilha das principais potências do outro lado do Oceano Atlântico condenam.
Escrevi outro dia aqui no blog sobre a montanha russa daquele quarteto mágico do Brasil na conquista do ouro nos Jogos do Rio-2016. Gabigol, Gabriel Jesus, Luan e Neymar poderiam formar o ataque dos sonhos de Tite na Seleção Brasileira. Entretanto, a irregularidade ainda não permitiu que eles voltassem a jogar juntos na esquadra principal.
O sonho do Gabigol de voltar à Europa é justo, legítimo. O Rei da América merece demais, porém, é preciso aprender a ser príncipe e, às vezes, plebeu na Europa. Gabigol não curtiu o sacrifício tático exigido pela Internazionale. Não topou ser opção no banco na Itália e muito menos na rápida passagem pelo Benfica. O passado condena o presente do craque. Portanto, lugar de rei que não tolera perder a majestade é onde está: no Flamengo, A menos que a personalidade forte tenha mudado de uma hora para outra e o amadurecimento profissional chegado tão rapidamente.
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