Inglaterra lidera ranking histórico de jogadores sub-21 indicados ao prêmio Raymond Kopa

Pior do que os 14 anos de jejum do Brasil nos principais prêmios individuais do futebol desde a coroação de Kaká, em 2007, e a sensação de que o tempo está passando e Neymar não quebra o tabu, é a falta de perspectiva estampada na lista histórica dos recomendados ao prêmio Raymond Kopa. A distinção lançada em 2018 pela revista France Football para apontar o melhor jogador sub-21 na tradicional entrega da Bola de Ouro acumula 30 indicações em três edições. Apenas dois são brasileiros. Neste ano, o país simplesmente não emplacou finalista.

Levantamento do blog na lista dos indicados em 2018, 2019 e 2021 — não houve em 2020 por causa da pandemia — mostra a Inglaterra na liderança. O país já teve cinco nomeações ao prêmio: Alexander Arnold (Liverpool), Jadon Sancho (Borussia Dortmund), Bukayo Saka (Arsenal), Mason Greenwood (Manchester United) e Jude Bellingham (Borussia Dortmund). Alemanha, França, Holanda e Itália três cada um. Brasil, Estados Unidos e Portugal duas cada.

A revolução inglesa é impulsionada, principalmente, pelo investimento maciço na base. A terra da rainha conquistou recentemente os mundiais Sub-17 e Sub-20 da Fifa, em 2017. O investimento rendeu, ainda, as conquistas da Euro Sub-19 e o vice na Sub-17, ambos em 2017. Mais importante do que isso é a transição para a esquadra principal. Vice-campeã da Eurocopa dos marmanjos neste ano, a Inglaterra tinha uma das menores médias de idade do torneio. O time titular chegou a começar jogo oficial do torneio continental com 25,1 anos.

Há escassez de talentos no Brasil, carência de chamados fora de série como Neymar, mas também certa resistência para lançar promessas na Seleção. A Espanha eliminou a Itália nas semifinais da Liga das Nações com média de idade de 26,8 anos. Gavi tem 17 anos. Ferran Torres é titular com 21. Resistente, o Brasil deixou Ronaldo no banco na conquista da Copa de 1994, usou pouco Kaká no título de 2002, deixou Neymar fora do Mundial em 2010 e não teve jogadores abaixo dos 20 anos entre os convocados para os mundiais de 2014 e 2018.

A primeira edição do Raymond Kopa — homenagem ao meia-atacante francês tetracampeão da Champions League pelo Real Madrid e eleito Bola de Ouro em 1958 — foi em 2018. O atacante Kylian Mbappé levou o prêmio depois de brilhar na conquista do bicampeonato da França na Copa do Mundo da Rússia. Naquele ano, o Brasil tem um nome entre os 10 indicados ao prêmio: o atacante Rodrygo, menino da Vila vendido pelo Santos ao Real Madrid.  À época, ele tinha 17 anos. Três temporadas depois, continua na fase de desenvolvimento em um elenco galático cheio de nomes badalados no ataque, como o francês Karim Benzema, o galês Gareth Bale e o belga Eden Hazard. Peça de reposição, está longe de ser protagonista.

Além do fora de série Mbappé, Rodrygo teve como concorrentes Alexander Arnold (Liverpool), Amadou Haidara (Red Bull Salzburgo), Christian Pulisic (Borussia Dortmund), Houssen Aouar (Lyon), Justin Kluivert (Roma), Patrick Cutrone (Milan) e Ritsy Doan (Groningen) e Gianluigi Donnarumma (Milan). Mbappé teve mais votos. Completaram o pódio o vice Christian Pulicic e o terceiro colocado Justin Kluivert.

A versão de 2019 colocou novas apostas na vitrine. O brasileiro Vinicius Junior (Real Madrid) disputou o prêmio com Matthijs de Ligt (Juventus), João Félix (Atlético de Madrid), Samuel Chukwueze (Villarreal), Kang-in-Lee (Valencia), Andriy Lunin (Valladolid), Jadon Sancho (Borussia Dortmund), Moise Kean (Bayer Leverkusen), Kai Havertz (Bayer Leverkusen) e Matteo Guendouzi (Arsenal). O zagueiro Matthijs de Ligt levou o prêmio e novamente o Brasil não figurou no pódio. O holandês superou o inglês Jadon Sancho e o português João Félix.

Cancelado em 2020 por causa da pandemia, o prêmio volta em 2021 com mais 10 indicados. Nenhum brasileiro! Estão no páreo Bukayo Saka (Arsenal), Jérémy Doku (Rennes), Mason Greenwood (Manchester United), Pedri (Barcelona), Ryan Gravenberch (Ajax), Florian Wirtz (Bayer Leverkusen), Giovanni Reyna (Borussia Dortmund), Jamal Musiala (Bayern de Munique), Jude Bellingham (Borussia Dortmund) e Nuno Mendes (Paris Saint-Germain).

OS 30 INDICADOS NAS TRÊS EDIÇÕES DO PRÊMIO (TIME À ÉPOCA)

5 – Inglaterra 🏴󠁧󠁢󠁥󠁮󠁧󠁿
2018 Alexander Arnold (Liverpool)
2018 Jadon Sancho (Borussia Dortmund)
2021 Bukayo Saka (Arsenal)
2021 Mason Greenwood (Manchester United)
2021 Jude Bellingham (Borussia Dortmund)

3 – Alemanha 🇩🇪
2019 Kai Havertz (Bayer Leverkusen)
2021 Florian Wirtz (Bayer Leverkusen)
2021 Jamal Musiala (Bayern de Munique)

3 – França 🇫🇷
2018 Kylian Mbappé (PSG)
2021 Houssen Aouar (Lyon)
2021 Matteo Guendouzi (Arsenal)

3 – Holanda 🇳🇱
2019 Matthijs de Ligt (Juventus)
2021 Justin Kluivert (Roma)
2021 Ryan Gravenberch (Ajax)

3 – Itália 🇮🇹
2018 Patrick Cutrone (Milan)
2018 Gianluigi Donnarumma (Milan)
2019 Moise Kean (Bayer Leverkusen)

2 – Brasil 🇧🇷
2018 Rodrygo (Real Madrid)
2019 Vinicius Junior (Real Madrid)

2 – Estados Unidos 🇺🇸
2018 Christian Pulisic (Borussia Dortmund)
2021 Giovanni Reyna (Borussia Dortmund)

2 – Portugal 🇵🇹
2019 João Félix (Atlético de Madrid)
2021 Nuno Mendes (Paris Saint-Germain)

1 – Mali 🇲🇱
2018 Amadou Haidara (Red Bull Salzburgo)

1 – Japão 🇯🇵
2018 Ritsy Doan (Groningen)

1 – Nigéria 🇳🇬
2019 Samuel Chukwueze (Villarreal)

1 – Coreia do Sul 🇰🇷
2019 Kang-in-Lee (Valencia)

1 – Ucrânia 🇺🇦
2019 Andriy Lunin (Valladolid)

1 – Bélgica 🇧🇪
2021 Jérémy Doku (Rennes)

1 – Espanha 🇪🇸
2021 Pedri (Barcelona)

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