Messi disse que ganhou o prêmio pelo que fez na Copa América deste ano. Foto: Franck Fife/AFP Messi disse que ganhou o prêmio pelo que fez na Copa América deste ano. Foto: Franck Fife/AFP

Messi quebra paradigma ao ganhar sétima Bola de Ouro pelo que fez em torneio do continente dele

Publicado em Esporte

Lionel Messi prestou um serviço incrível ao futebol da banda de cá do Oceano Atlântico ao conquistar a Bola de Ouro pela sétima vez nesta segunda-feira, em Paris, na França. O blog, inclusive, projetou essa possibilidade antes da final da Copa América contra o Brasil, em julho deste ano, no Maracanã.

O argentino de 34 anos fez a sexagenária premiação entregue desde 1956 pela tradicional revista France Football descobrir a América. Especificamente, a Copa América. Até 2009, a publicação ignorava o que acontecia neste imenso pedacinho de terra do mundo da bola. Só admitiu isso para fundir a badalada distinção à da Fifa de 2010 a 2015.

Inaugurada em 1956, a Bola de Ouro só premiou jogadores europeus até 1994. O Rei Pelé, por exemplo, levou o Brasil a três títulos da Copa do Mundo, mas não consta na lista dos vencedores. Nem mesmo Romário conseguiu isso ao brindar o Brasil com o tetra nos Estados Unidos. Jogava na Europa, vestia a camisa do Barcelona, mas nem concorreu por ser sul-americano. O parceiro dele, o búlgaro Hristo Stoichkov, ficou com a Bola de Ouro e o Baixinho conquistou o World Player Of The Year, como se chamava o prêmio oferecido pela Fifa.

De 1956 e 1994, a Bola de Ouro premiava apenas os melhores jogadores nascidos ou naturalizados na Europa. A partir de 1995 até 2007, passou a aceitar os melhores jogadores em atividade no Velho Continente. Atletas de qualquer canto do planeta concorreriam, desde que atuassem em clubes europeus. Rivaldo, por exemplo, ganhou em 1999 com a ajuda do que produziu na conquista da Copa América realizada no Paraguai. Aí, em 2009 todo mundo passou a ser aceito, seguindo as regras universais da Fifa, entidade máxima do futebol.

Constrangida, a France Football fez uma revisão histórica em uma edição na qual mostrou  como seria se os sul-americanos tivessem disputado as edições dos tempos de “boicote”. Ao todo, 12 Bolas de Ouro mudariam de mãos no período de 1958 a 1994. Sete delas iriam para as mãos do Rei Pelé. Coincidentemente, Messi acaba de ganhar a sétima dele também.

Triunfou pelo que fez em um torneio esnobado na Europa. Messi brilhou na Copa América. Tirou a Argentina da fila de 28 anos derrotando o Brasil na final, no Maracanã. Mais do que isso: jogou muita bola. Bem mais do que produziu na temporada passada horrorosa do Barcelona sob o comando de Ronald Koeman. Ganhou apenas a Copa do Rei da Espanha.

Ao receber o prêmio nesta segunda-feira, o próprio Messi admitiu o peso definitivo da Copa América para o triunfo. “Muitas vezes ganhei esse prêmio e tinha a sensação de que algo faltava, mas esse ano foi diferente. Eu consegui o sonho que eu tanto queria, depois de ter tropeçado tantas vezes, escorregado na hora H, e muito desse prêmio vem do que fizemos na Copa América, e quero dividir esse prêmio com meus colegas de seleção”, discursou.

Sim, o prêmio faz muito bem à família Messi. A alegria da esposa e dos meninos na premiação, em Paris, é comovente. Bem mais feliz do que o segundo melhor jogador da historia do futebol está a América do Sul. Lionel ajudou o continente a superar o complexo de vira-latas. Tirou a venda dos olhos da France Football. Para a publicação, o melhor do mundo em 2021 não jogou a Eurocopa, mas, sim na prima pobre Copa América. Esse é o maior legado de Messi. O hepta dele na Copa América faz mais relevante para a autoestima da Copa América do que para o ego do hors-concours.

O cara quebrou um paradigma.

 

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