Guus Hiddink foi técnico do PSV e da Austrália ao mesmo tempo, em 2006. Foto: Reuters/Arquivo
A literatura do futebol tem exemplos de técnicos cujos tentáculos foram capazes de abraçar o mundo. Leia-se comandar um time e uma seleção ao mesmo tempo. Não preciso ir muito longe. Vanderlei Luxemburgo se dividiu entre Corinthians e Brasil no segundo semestre de 1998. Levou o Timão ao título do Campeonato Brasileiro e depois passou a se dedicar exclusivamente à CBF.
Há alguns casos na Europa. Vou citar um deles. O holandês Guus Hiddink levou o PSV Eindhoven ao título da Liga dos Campeões da Europa na temporada de 1987/1988. Guiou o Real Madrid à conquista do Mundial de Clubes em 1998 contra o Vasco. Brindou o Chelsea com a Copa da Inglaterra na temporada de 2008/2009. Os bons trabalhos e a excelente gestão dos elencos fizeram dele sonho de consumo de seleções de todos os cantos do planeta bola.
Hiddink levou a Holanda às semifinais da Copa de 1998. Conduziu a Coreia do Sul ao quarto lugar em 2002. Classificou a Austrália para a Copa em 2006 depois de desbancar o Uruguai na repescagem para o Mundial da Alemanha. Comandou Rússia, Turquia, voltou a assumir a Laranja Mecânica e topou trabalhar até na pequenina Curaçao — destino paradisíaco do Caribe vinculado à Concacaf.
Os contratos do técnico holandês tinham uma peculiaridade. Uma cláusula permitia ao treinador comandar, ao mesmo tempo, clube e seleção. Ele ativou o botão, pela primeira vez, em 2005. Trabalhava no PSV Eindhoven na temporada de 2004/2005, quando recebeu convite para assumir a Austrália. Ele havia acabado de levar o PSV às semifinais da Champions League. O sucesso se estendeu aos Cangurus. No mesmo ano, classificou os australianos para a Copa.
O toque de midas chamou a atenção de outros times e seleções. Depois da missão na Austrália, Hiddink recebeu convite para assumir a Rússia com a tarefa de levá-la à Copa de 2014. Antes disso, classificou o país para as semifinais da Euro-2008 e foi reprovado na repescagem das Eliminatórias para a Copa. Apesar do fracasso, abraçou o mundo pela segunda vez.
Na época em que comandava a Rússia, foi convidado pelo magnata Roman Abramovich para assumir o Chelsea. Luiz Felipe Scolari havia sido demitido e o time inglês necessitava de um profissional como Hiddink. A Federação Russa autorizou. O contrato novamente previa essa possibilidade. Deu até tempo de conquistar a Copa da Inglaterra por 2 x 1 contra o Everton, em Wembley.
O presidente da CBF está sob pressão. Quer porque quer Carlo Ancelotti como novo técnico da Seleção Brasileira. O contrato do italiano com o Real Madrid termina em 2024. Ednaldo Rodrigues se recusa a pagar a multa rescisória. Ancelotti é simpático ao falar da possibilidade de suceder Tite, mas não larga o filé do Real Madrid. Uma das possibilidades de Ednaldo realizar o sonho de consumo é manter Ramon Menezes interino e aguardar um ano por Ancelotti. A outra é esperar por uma troca repentina de rumo no Real Madrid, ou seja, Florentino Pérez acordar com a pá virada e mudar o técnico.
Seria o “jeitinho Hiddink” uma alternativa boa para todos os lados? Real Madrid e a CBF aceitariam dividir Carlo Ancelotti ao menos por uma temporada, como o técnico holandês fez ao se dedicar ao PSV e à Austrália ao mesmo tempo; e depois à Rússia e ao Chelsea paralelamente? Não creio nessa possibilidade, mas a literatura do futebol jamais deve ser descartada. Já vi de tudo. Como escrevi lá no início, Vanderlei Luxemburgo e Guus Hiddink não me deixam mentir.
Twitter: @marcospaulolima
Instagram: @marcospaulolimadf
TikTok: @marcospaulolimadf
O Flamengo conquistou os dois maiores prêmios do tradicional Rei da América, título concedido pelo…
Sim, Gabriel Jesus jamais fez gol em um jogo de Copa do Mundo como titular…
Capítulo final da novela! O Flamengo anunciou na manhã desta segunda-feira a renovação do contrato…
O peso do nome Adenor Leonardo Bachi, o Tite, "ajudou" o Cruzeiro nos bastidores a…
Filipe Luís está certo em se valorizar depois de levar o Flamengo a oito taças…
O Corinthians pode dar a Bruno Spindel o protagonismo midiático que o dirigente não teve…