Sabe aquele papo de que o estilo de jogo de determinado time não encaixa contra tal adversário? Aconteceu com o Flamengo. O rubro-negro carioca não vence o São Paulo sob o comando de Jorge Jesus, Doménec Torrent e Rogério Ceni. Amargou 9 x 2 neste ano e voltará ao Morumbi na última rodada do Campeonato Brasileiro. O São Paulo prova do mesmo veneno contra o Grêmio. A equipe de Fernando Diniz simplesmente não consegue derrotar o tricolor gaúcho. Muito menos fazer gol. O placar agregado dos quatro duelos da era Diniz contra a trupe de Renato Gaúcho é 4 x 0. Simplesmente não encaixa.
Os quatro anos de trabalho do técnico Renato Gaúcho no Grêmio transformaram o pentacampeão da Copa do Brasil em um time traiçoeiro. Quando o adversário espera um tricolor jogando ao estilo Renato, tem pela frente o time que se viu no Morumbi, ou seja, com jeitão copeiro. Mais importante do que dar espetáculo é ganhar título. Os comandados de Portaluppi tiveram um comportamento semelhante ao de alguns times argentinos contra brasileiros nas competições continentais: pragmático.
Tão copeiro quanto o Grêmio, Renato Gaúcho está na final da Copa do Brasil pela quarta vez como técnico. Foi vice com o Vasco em 2006. Campeão pelo Fluminense em 2007 e depois com a prancheta do Grêmio em 2016. Se conquistar o título, o comandante do Grêmio pode igualar a marca de Mano Menezes, tricampeão do torneio por Corinthians (2009) e Cruzeiro (2017 e 2018). Luiz Felipe Scolari é o recordista com quatro troféus do mata-mata nacional.
Isso não significa que o trabalho de Fernando Diniz é ruim. O São Paulo amarga a terceira eliminação do ano em torneio de mata-mata — Paulistão, Copa Sul-Americana e Copa do Brasil — mas lidera o Brasileirão com sete pontos de vantagem sobre Atlético-MG e Palmeiras. Um ponto precisa ser ressaltado: o lateral-esquerdo Reinaldo e o atacante Luciano fazem falta. Um é quem mais dá assistências na temporada. O outro contabiliza 18 gols na temporada.
Do outro lado da final, Abel Ferreira é o segundo técnico estrangeiro a carimbar vaga para a final da Copa do Brasil. O português repete o feito de Reinaldo Rueda. Em 2017, o colombiano classificou o Flamengo para a decisão. Porém, perdeu o título nos pênaltis para o Cruzeiro.
Abel Ferreira pode ter um fim de temporada tão especial quanto o de Jorge Jesus no ano passado. O compatriota ganhou a Libertadores e o Brasileirão em menos de 24 horas pelo Flamengo. O técnico do Palmeiras tem a chance de levar o Palmeiras aos títulos da Libertadores e da Copa do Brasil em um espaço de 12 dias. Se passar pelo River Plate nas semifinais do torneio continental, disputará a final em 30 de janeiro, no Maracanã. Na sequência, enfrentará o Grêmio nos dias 3 e 10 de fevereiro. O Palmeiras pode fechar 2020 com três títulos. Ganhou o Paulistão no início do ano. Nem o Brasileirão está descartado.
Eliminado, o América-MG é um dos belos trabalhos do técnico Lisca. Digno de aplausos. Acho até que merecia melhor sorte na semifinal. O árbitro Wilton Sampaio, por exemplo, deveria ter expulsado o zagueiro paraguaio Gustavo Gómez na disputa de bola com Ademir em um dos lances polêmicos da partida no Independência. Não fez isso e beneficiou o Palmeiras.
Classificados, Grêmio e Palmeiras prometem uma baita decisão inédita da Copa do Brasil. Teremos um hexacampeão ou um tetracampeão em fevereiro. Eliminados, São Paulo e América-MG ainda brigam por título. Um lidera a Série A. O outro é vice-líder da B.
Siga no Twitter: @mplimaDF
Siga no Instagram: @marcospaulolimadf