Flamengo 2 x 0 Fortaleza: quando o arco, a flecha e o paredão funcionam

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Jogo coletivo do Flamengo ajudou os Gabriel Barbosa e Arrascaeta a decidir o jogo no Maracanã. Foto: Gilvan de Souza/CRF


Sim, o resultado poderia ter sido outro se Matheus Cunha não defendesse o pênalti cobrado por Yago Pikachu. Afinal, os times de Jorge Sampaoli costumam desandar quando sofrem o primeiro gol. São oito ou oitenta. A vitória por 2 x 0 contra o Fortaleza teve as assinaturas do talento de um goleiro sob pressão, do passe de um meia fora de série e da finalização precisa de um flecha capaz de entender como poucos a visão de jogo do arco.

Matheus Cunha é o goleiro sob pressão. Agustín Rossi foi apresentado à torcida antes da partida no Maracanã. Entrou em campo de mãos dadas com a esposa e o filho no colo. Minutos depois, viu Thiago Maia cometer pênalti desnecessário. Yako  Pikachu cobrou e o titular da vez pulou para o canto certo, o esquerdo. Aliviou mais de 60 mil rubro-negros.

De uma hora para outra, o elenco do Flamengo tem quatro goleiros. Três deles foram titulares pelo menos uma vez nos últimos três anos. Santos era o titular nas conquistas da Copa do Brasil e da Libertadores. Matheus Cunha ganhou a posição depois da lesão de Santos e a chegada de Sampaoli. Hugo Souza foi aposta durante um bom tempo e foi rebaixado a terceiro reserva. Com a chegada de Rossi, pode virar quarta opção.

O desconforto com a abertura da janela de transferências também atinge o meio de campo. Enquanto Thiago Maia fazia barbeiragem no Maracanã, o novo concorrente, Allan, ex-Atlético-MG, desembarcava no aeroporto Santos Dumont para disputar posição com ele.

Arrascaeta brilhou no fim de semana em que crescem os rumores sobre a contratação do meia-atacante Claudinho, ex-Bragantino, do Zenit São Petersburgo. Óbvio, são jogadores totalmente diferentes. O uruguaio é o fora de série capaz de dar o cinematográfico e milimétrico passe de trivela para o gol de Gabriel Barbosa. Claudinho é totalmente diferente. Dá outra dinâmica ao time, mas pode virar concorrente no meio de campo.

Ídolo consolidado, Arrascaeta agiu como arco no lance do primeiro gol do Flamengo. Que visão de jogo no passe para a flecha. Gabriel Barbosa ativou a versão Gabigol e emendou, de primeira, o passe extraordinário de um camisa 10 que prefere usar o número 14.

A 10 é de Gabigol. O atacante costuma depender de mais de uma chance para fazer gol. Ele foi perfeito na oportunidade oferecida por Arrascaeta. Finalização indefensável cara a cara com o goleiro João Ricardo. O atacante saiu de campo lesionado. Preocupa na semana de jogos importantes contra Athletico-PR (Copa do Brasil) e Palmeiras (Brasileirão). Pedro entrou e deu nova dinâmica a si mesmo. Em vez de se comportar tão somente como centroavante, atendeu ao chamado de Sampaoli para se movimentar mais. Conseguiu.

O segundo gol nasceu dos pés de Ayrton Lucas. O cruzamento do lateral-esquerdo “bugou” a defesa do Fortaleza. O rebote caiu nos pés do nome da noite. Arrascaeta finalizou de perna direita como se estivesse com raiva das críticas à temporada irregular. Estufou a rede e consolidou o Flamengo na terceira posição na classificação do Campeonato Brasileiro.

Costumo dizer que o Flamengo é time de segundo semestre. Quando engrena, o elenco mais forte e badalado do Brasil é capaz de conquistar pelo menos um título. A vitória contra o Fortaleza foi em 1º de julho. Um bom começo se você acredita nessa tese.

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Marcos Paulo Lima

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