Era uma vez, o Sul-Americano Sub-20 de 2001, no Equador. A Seleção Brasileira tinha um centroavante do Flamengo. Adriano, que ainda não era o Imperador, vestia a camisa 9 no elenco comandado pelo técnico Carlos César. A estreia foi contra o Peru, na cidade de Latacunga. Aos 19 anos, 10 meses e 26 dias, Adriano balançou a rede do Peru na goleada por 4 x 1 em sua estreia na competição. Foi o primeiro dos seis gols que fizeram de Adriano artilheiro da competição ao lado de Ewerthon, joia do Corinthians.
Dezesseis anos depois, novamente no Equador, uma outra promessa rubro-negra foi decisiva em outra estreia do Brasil no Sul-Americano Sub-20. Camisa 9 da Seleção, Felipe Vizeu brilhou na vitória por 1 x 0 sobre os anfitriões, na noite desta quarta-feira, em Riobamba. Desequilibrou a partida aos 19 anos, 10 meses e 37 dias depois de uma belíssima assistência de Richarlison, do Fluminense.
Coincidências à parte, faltam cinco gols para Felipe Vizeu igualar os seis de Adriano no Sul-Americano de 2001 no Equador. Naquela edição, o Brasil conquistou o oitavo de seus 11 títulos. Adriano fez um gol sobre o Peru, três diante do Chile, um contra o Paraguai e outro justamente contra o Equador, na última rodada do hexagonal final, garantindo o título verde-amarelo.
Antes que alguém atire a primeira pedra, não estou aqui dizendo que Felipe Vizeu é o novo Adriano. Longe disso. Trata-se apenas de uma coincidência no início das caminhadas de Adriano e Felipe Vizeu em um torneio oficial de base. Depois do título no Sul-Americano Sub-20 de 2001, Adriano precisou de três anos para conquistar espaço na esquadra principal. Ganhou a Copa América de 2004 como protagonista, a Copa das Confederações de 2005 e foi titular na Copa do Mundo de 2006 ao lado de Ronaldo numa época em que o futebol brasileiro tinha vários centroavantes. Fred, por exemplo, era reserva. Nomes como Luis Fabiano e Ricardo Oliveira ficaram fora da lista de Carlos Alberto Parreira.
Ainda é cedo para dizer se Felipe Vizeu vai conseguir chegar um dia à Seleção principal. Mas a caminhada dele é aparentemente bem mais fácil do que a de Adriano. Faltam centroavantes nos clubes e isso afeta a Seleção. Tite, por exemplo, improvisa Gabriel Jesus como camisa 9. Para sorte de ambos, vem dando muito certo. O garoto é o artilheiro isolado do Brasil nas Eliminatórias para a Copa.
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