Há 20 anos, o técnico Luiz Felipe Scolari e o coordenador Antônio Lopes ajudavam o Brasil a conquistar o pentacampeonato na Copa do Mundo disputada na Coreia do Sul e no Japão. A dupla se desfez depois daquele 30 de junho de 2002 e cada um seguiu seu rumo. Três anos mais tarde, o Delegado protagonizou um feito extraordinário: classificou o Atlético-PR, como o clube era chamado à época, ou seja, sem a inclusão do “h”, à final da Copa Libertadores da América contra o São Paulo. Felipão está a um empate com o Palmeiras de igualar o feito do velho amigo.
Em 2005, o Furacão foi devastador na partida de ida das semifinais da Libertadores. Goleou o Chivas Guadalajara por 3 x 0, em Curitiba, e pavimentou a vaga para a decisão inédita. O time conseguiu o que precisava na Cidade do México. Arrancou empate por 2 x 2 na volta e avançou. Felipão sabe que não teria facilidade semelhante. A vitória por 1 x 0 contra o atual bicampeão continental é para ser muito comemorada. O Palmeiras acumulava 20 jogos de invencibilidade como visitante no torneio. Coube ao oportunista Alex Santana encerrá-la.
O resultado era previsível desde o fim da épica classificação alviverde nos pênaltis com dois jogadores a menos nas quartas de final. Abel Ferreira sabia que seria difícil manter o padrão de excelência sem os suspensos Danilo e Gustavo Scarpa na pulsante Arena da Baixada. Gabriel Menino e Flaco López baixaram o nível. O centroavante desperdiçou uma chance incrível no início do primeiro tempo. A bola não demorou para punir o time paulista.
O Athletico-PR tinha uma jogadinha ensaiada para chegar ao gol. A estratégia era cruzar ou arremessar a bola com as mãos para a área em cima dos zagueiros Murilo e Gustavo Gómez e brigar pelo rebote. Felipão e o auxiliar Paulo Turra devem ter notado que os dois beques têm dificuldade para rebater esse tipo de ataque. A primeira tentativa partiu de uma cobrança de lateral para dentro da área justamente no meio da dupla de zaga. A artimanha do Athletico bagunçou a retaguarda adversária, mas a defesa conseguiu se safar. Não deu para resistir na segunda tentativa.
Mais corajoso do que nas partidas eliminatórias anteriores contra Estudiantes (Libertadores) e Flamengo (Copa do Brasil), o Athletico-PR investiu nos lances nas costas de Piquerez e ali nasceu o gol da vitória. Em outro cruzamento em cima da dupla de zaga, Alex Santana aproveitou o bate-rebate e conseguiu empurrar a bola para dentro da rede alviverde.
Melhor em campo e à frente no placar, o Athletico-PR recuou, viu o Palmeiras crescer e quase deixou a vantagem escapar quando Hugo Moura colocou a mão na bola e recebeu cartão vermelho. Com um a menos durante 34 minutos, Felipão, que também foi expulso, vingou Cuca. Lembram? Nas quartas de final, Abel Ferreira ensinou ao técnico do Athletico-MG o que ele deveria ter feito para superar o ferrolho do Palmeiras quando o Galo atuava com um jogador a mais.
Como um dia é da caça e o outro do caçador, foi a vez de Abel Ferreira colocar em prática o que havia ensinado, mas não conseguiu empatar a partida. Dos males o menor. Sair da Arena da Baixada com placar adverso de 1 x 0 numa partida em que não contou com Danilo e Scarpa não é nada péssimo. Prejuízo, mesmo, é a possibilidade de não contar com Raphael Veiga na partida de volta. O criativo meia deixou o gramado machucado e iniciou tratamento no vestiário.
Felipão mereceu o resultado, principalmente, por causa da coragem de sair para o jogo e incomodar o Palmeiras. A preferência pelo excelente Vitor Roque no comando do ataque em vez de Pablo foi uma grande sacada. Scolari sabe que é possível empatar ou vencer dentro do Allianz Parque. Triunfou lá dentro no Brasileirão deste ano. A questão é o mesmo raio cair duas vezes no mesmo lugar contra um Palmeiras que tem fama de avassalador em mata-mata.
O Athletico-PR cutucou “porco” com vara curta. O São Paulo fez isso em casa no primeiro jogo da final do Paulistão deste ano ao vencer por 3 x 1 no Morumbi e tomar 4 x 0 na volta. Portanto, respeito é bom e o bicampeão da Libertadores e líder disparado do Brasileirão gosta.
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