Ex-diretor do Milan, senador Adriano Galliani é mais um a sugerir calendário brasileiro como solução para o futebol europeu pós-pandemia do coronavírus

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Um é pouco, dois é bom, três é demais, quatro merece ainda mais atenção. Repercuti aqui no blog no mês passado que o presidente do Nice, Jean-Pierre Rivère, sugeriu ao futebol europeu que os últimos meses deste ano sejam usados para encerrar as competições de 2019/2020, e as próximas duas temporadas sejam disputadas em ano civil, ou seja, no modelo adotado no Brasil, de janeiro a dezembro, aproveitando que a Copa do Mundo do Qatar será de 21 de novembro a 18 de dezembro de 2022. O técnico português do Olympique Marselha André Villas-Boas comprou a tese. Iker Casillas fez eco recentemente. Agora, é a vez de um político e ex-dirigente influente nos tempos do Milan reforçar a ideia.

Braço direito de Silvio Berlusconi no Milan de 1986 a 2017, e agora CEO do Monza, adquirido pelo ex-premiê da Itália, o senador Adriano Galliani deu entrevista relevante na edição impressa desta terça-feira do diário espanhol AS. Questionado pelo colega jornalista Mirko Calemme sobre uma solução para o desfecho da temporada europeia prejudicada pela pandemia do novo coronavírus, o atual CEO do Monza foi enfático na resposta.

“Eu acho que é muito simples: a temporada deve terminar antes de 31 de dezembro e as próximas duas devem ser disputadas nos anos de 2021 e 2022 , aproveitando o fato de que a Copa do Mundo (do Qatar, em 2022) será no inverno. Não devemos ter pressa em voltar ao gramado, o importante é recuperar as partidas: assim, podemos fazê-lo com segurança”, argumentou o dirigente de 75 anos, responsável, entre outras, pelas contratações de quatro brasileiros eleitos melhor do mundo: Rivaldo, Ronaldinho Gaúcho, Kaká e Ronaldo.

Adriano Galliani rejeita a possibilidade de encerramento da temporada, como sugeriu, por exemplo, a Jupiler League, da Bélgica. A liga nacional defendeu que o Brugge fosse proclamado campeão, mas recuou diante da pressão da Uefa. “Sou absolutamente contra a suspensão definitiva desta temporada. Essa decisão causaria um drama econômico para todos os clubes do mundo, inclusive para os maiores, como é o caso do Real Madrid”.

“Eu acho que é muito simples: a temporada deve terminar antes de 31 de dezembro e as próximas duas devem ser disputadas nos anos de 2021 e 2022 , aproveitando o fato de que a Copa do Mundo (do Qatar, em 2022) será no inverno. Não devemos ter pressa em voltar ao gramado, o importante é recuperar as partidas: assim, podemos fazê-lo com segurança”

Adriano Galliani, em entrevista ao diário espanhol AS

Sobre a reação tardia do futebol à pandemia, inclusive com presença de torcida em jogos das oitavas de final da Champions League, Adriano Galliani preferiu se abster. “Isso deve ser respondido pelos cientistas. Posso comentar o que sei, que é o futebol, com o qual lido há 40 anos. Olhando para trás, está claro que tudo tinha que ser fechado antes, mas ninguém imaginava o que estava prestes a acontecer”, ponderou.

O cartola é favorável à renegociação salarial entre clubes e jogadores durante o período de pandemia. “Um corte é necessário , sem dúvida. Minha fórmula é a seguinte: precisamos de um consultor internacional para reduzir os pagamentos de maneira consistente com danos econômicos reais. Não seria justo tirar mais jogadores do que as equipes perderão”, alega.

Ao falar sobre as principais transações do Milan com o Real Madrid, Adriano Galliani revelou dois arrependimentos. Um deles, a venda do brasiliense Kaká para o clube espanhol em 2009. “Eu estava desesperado porque não queria, me recusei a assinar. Pensei em fugir para o Brasil para ganhar tempo e Florentino “Pérez, presidente do Real Madrid) me disse: ‘faça o que você quiser’. No fim, desisti”, admite. Kaká saiu por 65 milhões de euros.

Kaká não se deu bem no Real Madrid e retornou ao Milan, onde foi eleito melhor do mundo em 2007. Adriano Galliani não entende por que o brasileiro não brilhou no time espanhol. “Eu não sei explicar. Eles são os mistérios desse esporte. Berlusconi sempre diz uma coisa: o futebol é como religião, existem mistérios alegres e dolorosos. No fundo, é por isso que gostamos tanto do futebol”, comentou.

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Marcos Paulo Lima

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