O primeiro clássico do ano entre Brasiliense e Gama deixou cicatrizes no lado amarelo da força. A diretoria demitiu o técnico Mauro Fernandes depois de um acúmulo de maus resultados, como o empate contra o Taguatinga e a eliminação da Copa do Brasil contra o Paysandu. A solução imediata foi trocar o nome do técnico e manter o sobrenome. Em vez de Mauro, Márcio Fernandes é o (velho) novo dono da prancheta. Campeão candango em 2013 à frente do Jacaré, ele comandou Neymar nas divisões de base do Santos e promoveu o atacante ao elenco profissional em 2009. Esta é uma das historias que ele conta na entrevista a seguir ao blog. Consumidor de literatura esportiva, ele revela o livro de cabeceira que servirá de inspiração para levar o Brasiliense ao décimo título candango na temporada em que o clube completará 20 anos, e fala da amizade com o treinador do Gama, Vilson Taddei.
Antes de falar sobre a sua volta ao Brasiliense, quero tratar sobre um fora de série que estará em campo no duelo entre PSG e Borussia Dortmund pelas oitavas da Liga dos Campeões. Você é o técnico que promoveu o Neymar da base ao elenco profissional do Santos. O que espera do seu xodó no mata-mata?
Ele é um jogador diferenciado, um cara que pode decidir uma partida. Parece que está mais focado, levando a sério. Tem tudo para voltar ao cenário do Messi, Cristiano Ronaldo, a competir com os caras (Neymar foi o terceiro melhor do mundo em 2015). Ele é fantástico.
E você foi treinador dele na base e no profissional.
Sim, comecei a treinar o Neymar quando ele tinha 15 anos. Levamos para a Copa São Paulo de Futebol Júnior, depois para o profissional, e hoje está aí.
Imagina se você pudesse contar com ele no Brasiliense…
Ave, Maria (risos)! Aí seria brincadeira, né. Tomara que um dia a gente volte a trabalhar junto.
Ele (Neymar) é um jogador diferenciado, um cara que pode decidir uma partida. Parece que está mais focado, levando a sério. Tem tudo para voltar ao cenário do Messi, Cristiano Ronaldo, a competir com os caras (Neymar foi o terceiro melhor do mundo em 2015). Ele é fantástico.
Por falar no Brasiliense, eu sei que você gosta de literatura esportiva. Qual é o livro de cabeceira que trouxe para dar uma guinada no Brasiliense?
Hoje, estou lendo o livro do (Jürgen) Klopp. Estou no começo ainda, mas chama a atenção o fato de ele ter perfil de treinador desde quando era jogador. Interessante também saber que ele já foi comentarista esportivo, apontado até como um dos melhores. Mas ainda não cheguei na parte do Liverpool, que é o mais interessante.
Pensa em aplicar no Brasiliense algo que o Jürgen Klopp faz no Liverpool?
Eu procuro sempre estar me atualizando para aplicar nas equipes que a gente dirige. É claro que a condição técnica é muito diferente, mas pego alguns parâmetros que ele usa. Um deles é a intensidade, ele usa jogadores com uma velocidade muito grande. São os casos do Mané e do Salah. O Firmino ele usa mais como armador, ele recua para enfiar a bola. O que mais chama a atenção nos times dele é a intensidade. Futebol hoje é velocidade. Se você não tem isso, hoje, vira uma presa fácil para a marcação. O Flamengo, por exemplo, quebra os adversários na velocidade, são muito rápidos. Aí, os caras não conseguem marcar. Não posso ter jogadores lentos, que tocam muito a bola, sem objetivo nenhum. Assim, você acaba sendo batido. O Flamengo, hoje, é muito difícil de ser batido.
Impressiona também a capacidade do Liverpool de controlar o jogo. Contra o Flamengo, por exemplo, parecia que eles estavam sendo dominados, porém, estavam moldando o jogo ao que eles pretendiam.
Ele (Klopp) falou isso. Viu que o Flamengo gostava de ter a bola, mas não tinha profundidade no jogo contra eles. Ele explica que deu a bola para o Flamengo, marcou na intermediária e ganhou o espaço todo para Mané, Salah… O Flamengo vinha até onde ele queria, desarmava e saía rapidamente. Tinha 60 metros para chegar no gol do Flamengo. Essa foi a armadilha dele.
Eu procuro sempre estar me atualizando para aplicar nas equipes que a gente dirige. É claro que a condição técnica é muito diferente, mas pego alguns parâmetros que ele Jürgen Klopp) usa. Um deles é a intensidade, ele usa jogadores com uma velocidade muito grande. O Flamengo, por exemplo, quebra os adversários na velocidade, são muito rápidos. Aí, os caras não conseguem marcar. Você não pode ter jogadores lentos, que tocam muito a bola, sem objetivo nenhum.
O que o motivou a voltar ao Brasiliense sete anos depois de levar o clube ao título candango de 2013?
É um clube tradicional. A gente tem um carinho, passamos aqui e o clube foi campeão (candango, em 2013). As pessoas que dirigem o Brasiliense são sérias. Isso tudo fez com que a gente aceitasse esse desafio. Espero ter a mesma sorte.
Foi rápido o acerto?
Foi no domingo. Eu estava em Santos. A gente conversou e foi rápido. Nem deixamos para o outro dia (segunda-feira).
Seu último trabalho foi bom…
Meu último clube foi o Remo. A gente conquistou o título paraense do ano passado, disputamos a Série C, fomos até as finais e vim para cá.
Encontrou remanescentes do elenco de 2013?
Só o Peninha. Foi um jogador que a gente lançou aqui. Os garotos que lançamos aqui foram o Bocão, o Peninha, o Luan e o Gilvan. Agora, só tem o Peninha aqui.
Meu último clube foi o Remo. A gente conquistou o título paraense do ano passado, disputamos a Série C, fomos até as finais e vim para cá.
A última participação do futebol candango na Série C foi em 2013. Você comandava o Brasiliense naquela edição. De lá para cá, o DF só joga a D. São sete anos. O que acha disso?
Comandei o Brasiliense em 2013, mas saí e fui para a China, e veio o Roberto Fonseca. Faz sete anos. O Brasiliense merece estar em um lugar acima nos campeonatos nacionais. Quem sabe, a gente não consegue neste ano.
Você havia trabalhado com o Zé Love no Santos?
Sim, trabalhei com ele no Santos, e com outros jogadores em outros clubes. Com o Edno, Neto Baiano, Peninha… Trabalhei com o Zé Love no Santos no elenco profissional. Fui treinador da base, mas ele já tinha idade avançada e fazia parte do time de cima, dos profissionais.
Como avalia a situação do Brasiliense no Candangão? Cinco pontos atrás do líder Gama, que venceu o clássico do último sábado.
Estamos um pouco distantes do primeiro colocado, cinco pontos. Temos que começar a diminuir essa diferença, mas não teremos outro confronto com eles nesta primeira fase.
Trabalhei com ele (Zé Love) no Santos, e com outros jogadores em outros clubes. Com o Edno, Neto Baiano, Peninha… Trabalhei com o Zé Love no Santos no elenco profissional. Fui treinador da base, mas ele já tinha idade avançada e fazia parte do time de cima, dos profissionais.
Você enfrentou muito o Vilson Taddei (técnico do Gama) nessas andanças pelo Brasil?
Enfrentei algumas vezes. Quanto estive no Red Bull, ele trabalhava no Linense. Depois, ele estava no Santo André e eu no Botafogo-SP. Nos enfrentamos. É um cara que eu gosto muito. Gente boa, meu amigo. Agora, é meu concorrente aqui em Brasília.
O CT do Brasiliense está bem diferente de 2013, quando você passou lá…
A estrutura é muito boa. Academia muito boa. Do tempo que saí daqui para cá construíram a arquibancada. O gramado sempre foi bom. Quando saí daqui, em 2013, pensavam até em fazer um hotel ali, mas acho que não vingou.
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