Rei no Parque dos Príncipes: Neymar é o mais caro da história. Foto: Alain Jocard/AFP
Neymar (ainda) não conquistou o prêmio de melhor jogador do mundo, mas ostenta um recorde que dificilmente será quebrado depois da pandemia do novo coronavírus. O brasileiro de 28 anos é o mais caro na história do futebol desde 3 de agosto de 2017, quando o mecenas do Paris Saint-Germain investiu 222 milhões de euros para presentear o clube francês. Especialistas ouvidos pelo blog são unânimes ao indicar que a nova ordem econômica imposta pela pandemia do novo coronavírus deve renovar o reinado por muito tempo.
A tendência é que Neymar iguale, ou até mesmo ultrapasse, o “mandato” de Zinedine Zidane. O meia francês foi o jogador mais caro da história por oito anos. Em 9 de julho de 2001, o Real Madrid quebrou a banca ao oficializar a contratação por 77,5 milhões de euros. Cristiano Ronaldo assumiu o topo em 1º de julho de 2009 ao ser comprado pelo clube espanhol por 94 milhões de euros. A partir daí, houve um “boom” no mercado e trocas de posição. Em setembro de 2013, o galês Gareth Bale virou número 1 por 101 milhões de euros e manteve o status até 2017, quando o xeque catari Tamim Ben Hamad Al Thani estabeleceu o recorde em vigor.
Esse recorde permanecerá com o Neymar por certo período de tempo, mas no ritmo que o futebol vinha pré-Covid-19, acho que era questão de tempo para aquela transferência ser superada
Thiago Paes, executivo de futebol do CRB-AL
Para se ter uma ideia dos gastos desenfreados e sem critério no mundo da bola, Zidane, o mais caro no início do século, não figura mais no top 10, que tem alguns nomes incapazes de lustrar o par de chuteiras do francês eleito três vezes melhor do mundo. Neymar puxa a lista que tem Mbappé, Philippe Coutinho, João Félix, Ousmane Dembélé, Griezmann, Cristiano Ronaldo, Paul Pogba, Gareth Bale e Eden Hazard. Em condições normais de temperatura e pressão, Messi, Cristiano Ronaldo e Mbappé seriam capazes de ameaçar o recorde de Neymar. No entanto, a crise econômica, a recessão e o consequente revisão nas receitas e salários deve impedir.
Os 10 jogadores mais caros da história (em milhões de euros)
fonte: transfermark.de
“Acho fora da realidade, mediante tudo o que está acontecendo, algum clube disponibilizar todo esse valor em uma negociação pós-Covid-19. Porém, não podemos esquecer que, se algum clube vier a pagar esse valor, irá lucrar com isso a médio prazo. Acredito que as coisas vão voltar a sua normalidade em 2023, pois teremos algum tempo de incertezas em qualquer segmento no mundo”, analisa para o blog Miguel Caluff Neto, fundador da MMC Sports.
Executivo de futebol Thiago Paes prevê cintos apertados no futebol. “Entendo que haverá um processo de redução nos investimentos. Cotas de tevê, patrocinadores, todos sofrerão nesse efeito cascata em decorrência do coronavírus. Os clubes terão que ser muito criativos para tentar superar a provável diminuição nas receitas”, aponta o dirigente do CBR-AL.
Acho fora da realidade, mediante tudo o que está acontecendo, algum clube disponibilizar todo esse valor em uma negociação pós-Covid-19. Acredito que as coisas vão voltar a sua normalidade em 2023, pois teremos algum tempo de incertezas em qualquer segmento
Miguel Caluff Neto, fundador da MMC Sports.
Thiago Paes pondera sobre o recorde de Neymar. “Era o primeiro grande investimento feito pelo xeque do PSG. Ele tinha uma necessidade de autoafirmação perante todo o futebol europeu e mundial. Além disso, tem a grande disponibilidade econômica dele, que permitia um investimento tão alto. Eu entendo que hoje, com a questão do novo coronavírus, o mercado do futebol vá sofrer bastante”, prevê.
O especialista considera a necessidade de reinvenção na indústria da bola. “Nos últimos dias, ouvi uma entrevista do Fabio Paratici, executivo da Juventus, falando até na possibilidade de alguns trades, como é feito na NBA, para superar dificuldade maior do que os clubes estavam habituados na janela de transferências”, relata, com uma certeza: “Esse recorde permanecerá com o Neymar por certo período de tempo, mas no ritmo que o futebol vinha pré-Covid-19, acho que era questão de tempo para aquela transferência ser superada. Com esse novo cenário (causado pela pandemia), o mercado precisa se reestruturar”, conclui Thiago Paes.
Essa pandemia quebrou a possibilidade de gigantes do futebol mundial investirem 222 milhões de euros em algum jogador, mesmo com nomes como Sancho (Borussia Dortmund), Sterling (Manchester City) e o próprio colega dele (Neymar) no PSG, Mbappé. Porém, vejo o Neymar valendo de 100 a 150 milhões de euros no máximo no momento
Emmanuel Adewole, diretor geral da RMS e CEO da YMU South America
Diretor geral da RMS e CEO da YMU South America, Emmanuel Adewole também vislumbra mais anos de reinado para Neymar. “Acho muito, mas muito difícil esse recorde ser quebrado. Creio que ele continuará sendo a transação mais cara. Essa pandemia quebrou, em minha opinião, a possibilidade de gigantes do futebol mundial investirem 222 milhões de euros em algum jogador, mesmo com nomes como Sancho (Borussia Dortmund), Sterling (Manchester City) e o próprio colega dele no PSG, Mbappé. Porém, vejo o Neymar valendo de 100 a 150 milhões de euros no máximo no momento”, avalia Adewole.
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