Eliminação do Brasil é o mais duro golpe na carreira da competente, mas teimosa Pia Sundhage

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A sueca Pia Sundhage levou os Estados Unidos ao bicampeonato olímpico em Pequim-2008 e Londres-2012, conquistou a prata pela Suécia nos Jogos do Rio-2016, ganhou a Bola de Ouro de melhor técnica do mundo eleita pela Fifa e a revista France Football, mas acaba de amargar o maior fracasso pessoal na carreira. Fiel às convicções — direito dela, diga-se de passagem —, fez menos à frente da Seleção Brasileira do que a biografia olímpica dela indicava. Está fora das semifinal olímpica pela primeira vez em quatro edições. As pratas em Atenas-2004 e Pequim-2008 continuam sendo as melhores campanhas do Brasil.

Fez menos porque foi teimosa. Entendo, mas discordo, por exemplo, da função escolhida por ela para Marta. É inaceitável ver a mulher eleita seis vezes melhor do mundo ao lado de Lionel Messi limitada a marcar e cobrar faltas e escanteios. A camisa 10 praticamente não finalizou no tempo normal e na prorrogação do empate por 0 x 0 com o Canadá e cumpriu com muita competência o papel dela na decisão por pênaltis. Converteu a cobrança.

Pia Sundhage optou claramente pela experiência na convocação. Alertei para a média de idade elevada do elenco quando saiu a lista. O time titular dela tem sete jogadoras na casa dos 30 anos. Seis delas com mais de 33. Aqui destaco uma contradição: se a opção era ter jogadoras cascudas nos Jogos de Tóquio, o que justifica a ausência de Cristiane, de 36 anos, no grupo?

A pior campanha olímpica de Pia

  • Pequim-2008: ouro com os Estados Unidos
  • Londres-2012: ouro com os Estados Unidos
  • Rio-2016: prata com a Suécia
  • Tóquio-2020: eliminada nas quartas de final pelo Canadá

As melhores campanhas olímpicas do Brasil

  • Atenas-2004: prata na final contra os EUA
  • Pequim-2008: prata na final com os EUA

A maior artilheira da história dos Jogos Olímpicos fez falta nos dois jogos grandes do Brasil no Japão: o empate no limite por 3 x 3 com a Holanda e a eliminação diante do Canadá. A Seleção tinha velocidade no ataque, mas faltava presença de área. Perícia na tomada de decisão e, principalmente, na finalização. Debinha desperdiçou chance incrível em um erro de saída de bola do Canadá. Em vez de finalizar, poderia ter dado uma assistência decisiva para Duda.

A eliminação do Brasil deixa no ar uma certa divisão na Seleção Brasileira. Enquanto Marta usava palavras ponderadas para avaliar o trabalho de dois anos da técnica sueca Pia Sundhage, a comentarista Cristiane dizia no fim da transmissão da Globo que nem tudo ela poderia falar sobre esse ciclo olímpico da Seleção e as tomas de decisão iniciadas depois da troca de Oswaldo Alvarez, o Vadão, pela treinadora europeia.

Entendo, mas discordo da rainha Marta quando ela diz que não é hora de apontar culpados. A capitã age corretamente no sentido de blindar quem falhou com bola rolando, nos pênaltis e até mesmo os erros de Pia Sundhage. No entanto, a eliminação tem, sim, culpados. A começar pelo comando da CBF, que continua sem um presidente efetivo. O projeto de Pia para o futebol brasileiro não deve ser interrompido, longe disso, mas tem imperfeições expostas que precisam ser corrigidas para a Copa do Mundo de 2023 e a Olimpíada de Paris-2024. Provavelmente sem a highlander Formiga. Talvez, a primeira sem a rainha Marta.

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Marcos Paulo Lima

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