Do Mané Garrincha ao tri da Argentina: 623 dias na vida de Enzo Fernández, o meia de R$ 675 milhões

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Não é fácil lembrar. Afinal, a decisão da Recopa Sul-Americana de 2021, em Brasília, teve portões fechados por causa da pandemia do novo coronavírus. Uma espiadinha na súmula da partida realizada no Mané Garrincha ajuda a refrescar a memória. Há 623 dias, o meia Enzo Fernández vestia a camisa 8 do Defensa y Justicia contra o Palmeiras na decisão continental. Foi o responsável pela última cobrança do time argentino na decisão por pênaltis. Converteu a dele. Na sequência, o goleiro Weverton errou e o clube da cidade de Florencio Varela festejava a glória na capital.

À época, Enzo Fernández era um jogador emprestado pelo clube que o revelou, o River Plate, ao Defensa y Justicia. Foi cedido para ganhar experiência. Acumular milhas em competições internacionais. Tinha apenas 20 anos, mas exalava espírito vencedor. Um ano antes, havia sido campeão da Copa Sul-Americana sob o comando do técnico Hernán Crespo. Usava a camisa 34 na decisão disputada no estádio Mário Kempes, em Córdoba, na Argentina. Posava de intocável no meio de campo titular no triunfo por 3 x 0 contra o Lanús.

Depois dos títulos pelo Defensa y Justicia, retornou ao River Plate para contribuir na conquista do Campeonato Argentino na temporada de 2021. O técnico Marcelo Gallardo finalmente teve a sensibilidade de perceber que o clube formador estava desperdiçando uma joia e o colocou rapidamente em campo para jogar. O River tratou de ampliar o contrato até 2025, mas era tarde. Havia interessados na América do Sul e na Europa na aquisição do jogador.

Enzo Fernández durante o aquecimento no Mané Garrincha antes da final da Recopa contra o Palmeiras

Em 14 de julho deste ano, o Benfica oficializou a compra de Enzo Fernández por 12 milhões de euros. O clube português, inclusive, autorizou a permanência dele na Argentina até a conclusão da participação na Libertadores. Ele havia se tornado uma das peças-chave na engrenagem de Marcelo Gallardo. A eliminação precoce diante do Vélez Sarsfield nas oitavas de final acelerou o processo de mudança do meia de Buenos Aires para Lisboa.
Apresentado com a lendária camisa 13 de Eusébio, maior ídolo do Benfica, Enzo Fernández teve tempo de disputar 24 partidas e marcar três gols na temporada 2022/2023 antes de o técnico Lionel Scaloni convoca-lo, aos 21 anos, para defender a Argentina na Copa do Mundo.

Em vez de ser mais um no elenco, virou o cara que ajeitou o meio de campo da Argentina depois da derrota de virada por 2 x 1 para a Arábia Saudita na estreia. Encerrou a Copa com três gols, quatro assistências, o prêmio de revelação do torneio e o tricampeonato na mão. Ajudou a seleção a sair da fila de 36 anos e se valorizou absurdamente. A imprensa portuguesa informa que o Benfica tem oferta de até 120 milhões de euros (R$ 675 milhões) por Enzo Fernández.

E pensar, repito, que em 14 de abril de 2021, ele disputava a final da Recopa Sul-Americana pelo Defensa y Justicia, em um Mané Garrincha vazio, como jogador emprestado pelo River Plate, e converteu o pênalti do título do modesto time. Um roteiro cinematográfico.

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Marcos Paulo Lima

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