Roger Machado preparou o caminho do Grêmio para os títulos. Roger Machado preparou o caminho do Palmeiras para os títulos. Mas, como se fosse o personagem bíblico Moisés, amargou o deserto, ficou pelo caminho e não conheceu a terra prometida. Os sucessores, ou seja, os “Josués” Renato Gaúcho e Luiz Felipe Scolari souberam aproveitar o legado e enriqueceram os currículos, respectivamente, com as conquistas da Copa do Brasil de 2016 e do Campeonato Brasileiro de 2018. O curioso é que ambos deram de ombros para a maior cobrança aos treinadores do país depois do 7 x 1: reciclagem, intercâmbio, modernidade. Um trocou a praia pela prancheta. O outro voltou ao batente após brilhar na China.
Roger Machado apresentou novas ideias ao herdar o Grêmio de Luiz Felipe Scolari. Deu início a uma transformação no estilo de jogo do time gaúcho. A força começou a dar lugar a arte. A maior prova disso é aquele golaço marcado pelo tricolor em 13 de agosto de 2015 em um inesquecível contra-ataque contra o Atlético-MG, no Mineirão (veja o vídeo). Foram 23 toques na bola dados por sete jogadores do Grêmio num intervalo de 23 segundos até o gol do meia Douglas. Ali, havia uma ideia, um novo conceito, uma tentativa de sair do lugar comum em que se tornou o pobre futebol jogado no Brasil. Mas faltaram títulos e Roger Machado ficou pelo caminho.
Sincero, Renato Gaúcho deu de ombros para o papo de reciclagem. Jogava futevôlei na Praia de Ipanema quando o telefone tocou com o convite para ele suceder Roger Machado. Chegou com o discurso de que, no Brasil, treinador vive de vitórias. Aproveitou o legado do antecessor, ganhou a Copa do Brasil e tripudiou dos colegas de profissão: “Treinadores que precisam estudar vão para a Europa, quem não precisa, para a praia”. Na sequência, aprimorou os conceitos de Roger, colocou o tempero dele e faturou Libertadores, Gaúcho e Recopa.
Antes do retorno de Luiz Felipe Scolari ao Palmeiras, Roger Machado comandava o time. Chegou à final do Campeonato Paulista. Perdeu o título nos pênaltis, em casa, para o arquirrival Corinthians. Um pecado quase imperdoável. Em contrapartida, priorizava a conquista do que o Palmeiras ainda não tem — o título mundial. Fez a melhor campanha da fase de grupos da Libertadores. Calou La Bombonera jogando futebol no triunfo por 2 x 0 sobre o Boca Juniors. Mas foi para a pausa da Copa oito pontos atrás do Flamengo no Brasileirão. Tinha um elenco caro nas mãos, porém, era incapaz de torna-lo competitivo em todas as competições da temporada. Caiu por esse motivo. A blindagem da diretoria e do patrocinador dependia da conquista de títulos, não apenas de futebol vistoso.
Luiz Felipe Scolari não fez questão de se reciclar depois da Copa de 2014. Passou rapidamente pelo Grêmio e embarcou para a aventura no futebol chinês. Conquistou sete títulos por lá, tentou assumir uma seleção para a Copa da Rússia, mas retornou ao Palmeiras como salvador da pátria. Fracassou nas quartas de final da Libertadores, foi superado pelo Cruzeiro, de Mano Menezes, na semifinal da Copa do Brasil, e ganhou o Brasileirão com todos os méritos. Ao contrário de Roger, soube usar o elenco. na maior parte da arrancada para o título, escalou times reservas, mistos, alternativos, como você preferir.
Seria um pecado muito grande dizer que, se o Felipão não tivesse chegado, nós não seríamos campeões. Isso realmente vai ficar como um ponto de interrogação. Acho que falando isso, eu estaria jogando para baixo todo trabalho que foi feito pelo Roger Machado. Para mim, é um grandíssimo treinador, assim como sua equipe. Pessoas que têm um entendimento enorme de futebol. É jovem e tem potencial para ser um dos maiores treinadores (do Brasil)
Felipe Melo, volante do Palmeiras, na entrevista coletiva depois do título
Os títulos do Grêmio e do Palmeiras mostram que Roger Machado não tem que abrir mão das convicções dele, mas precisa deixar de ser o técnico das obras inacabadas. Conquistar o respeito do elenco. Exigir respeito das diretorias que o ejetaram do cargo. E necessita de ambição, obsessão pelo título. O Campeonato Mineiro de 2017 é pouco.
Em contrapartida, o resistente Luiz Felipe Scolari dá um chega pra lá em críticos como eu (continuarei exigindo mais) usando o velho estilo para alcançar o que ele julga mais importante: resultados. Provou quatro anos depois do 7 x 1 que nenhum técnico tupiniquim foi capaz de se aprimorar — de 2014 a 2018 — para competir com ele. Mano Menezes, que investiu em cursos da Uefa em Portugal, foi quem mais deu trabalho ao eliminá-lo da Copa do Brasil. Odair Hellmann (Internacional) não derrotou Felipão quando foi preciso. Dorival Júnior (Flamengo) também não. Diego Aguirre (São Paulo) muito menos. Cuca (Santos) nem se fala.
Se Felipão está ultrapassado, o que diremos do futebol praticado no Brasil? Até quando trocaremos novas ideias por resultado imediato? Até quando viveremos na idade da pedra?
Parabéns, Scolari. Mas tente outra vez, Roger Machado…
Menos de um ano depois de levar o Real Brasília ao título do Campeonato Feminino…
Atual vice-campeã mundial, a França é uma seleção sempre pronta para competir, mas não necessariamente…
O Santos não deve se ufanar de ter conquistado a Série B do Campeonato Brasileiro,…
O Candangão terá um boom de SAF’s em 2025. Dos 10 clubes candidatos ao título…
No que depender do investimento do Governo do Distrito Federal (GDF) na manutenção dos gramados…
A melhor notícia do empate do Brasil por 1 x 1 com a Venezuela é…