Do Gama ao Vasco: semelhanças e diferenças nas rupturas com a SAF

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Qualquer semelhança é mera coincidência. O Gama tem duas curiosidades na relação com a Sociedade Anônima do Futebol (SAF) desde a sanção da Lei 14.193, em 2021. O clube alviverde foi o primeiro do Brasil a aderir a esse bote salva-vidas assinado pelo então presidente da República Jair Bolsonaro para evitar a falência não somente dos times, mas do futebol brasileiro. Era 29 de novembro de 2021. A equipe candanga também se tornou a primeira a romper o contrato menos de um ano depois, em 14 de outubro de 2022. No Rio, o Vasco segue enredo parecido.

À época, o Gama foi à Justiça, movimentou-se na Junta Comercial do Distrito Federal para cancelar o CNPJ da Green White Investments LLC, dona de 90% das ações. A instituição voltou ao modelo associativo, ou seja, a se chamar Sociedade Esportiva do Gama (SEG). Desde então, o Gama não tem vínculo com uma SAF. Caminha sem investimento externo.

O Vasco acaba de fazer algo parecido. A 4ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro aceitou na noite desta quarta-feira o pedido do Vasco e tirou o controle da SAF da 777 Partners. A decisão em caráter liminar foi assinada pelo juiz Paulo Assed Estefan.

O Gama extinguiu a SAF e recuou para o modelo associativo. O Vasco não exterminou a SAF. O clube tinha 10% da ação e passa a tê-la nas mãos amparada judicialmente. O contrato com a 777 Partners foi suspenso.  Membro do Conselho da Administração da SAF, Pedrinho assume as rédeas. Outros cinco membros do grupo indicados pela firma estadunidense. Josh Wander, Andres Blazquez, Donald Dransfield, Nicolas Maya e Steven Pasko. A empresa é processada por fraude nos Estados Unidos.

Uma pessoa influente no Vasco admitiu em entrevista ao blog semelhanças com o caminho escolhido pelo Gama para romper com a SAF em 2022, porém considera a postura temerária. “É muito ruim quando o clube não está em sintonia com a SAF. Pode comprometer os investimentos e todos o processo de recuperação que vinha sendo feito. O clube teve uma atitude precipitada. Todos saem perdendo: o investidor, a SAF, o clube associativo, o torcedor, o sócio… Há um desequilíbrio total”, avalia a fonte sob anonimato.

Rupturas como as provocadas por Gama e Vasco são especificidades do futebol brasileiro. Em Portugal, onde as SAF’s são batizadas de Sociedade Anônima Desportiva (SAD). Há casos em Portugal como os do Belenenses e do Rio Ave. Ambos partiram para o confronto.

A queda de braço no Belenenses chegou ao ponto de uma disputa judicial entre Belenenses Clube e Belenenses SAD pela utilização de símbolos e cores do time. O Rio Ave aprovou em novembro do ano passado a venda de 80% da SAD ao grupo grego Evangelos Marinakis, o mesmo investidor do Nottingham Forest e do Olympiacos.

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Marcos Paulo Lima

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