Nascido no Gama, o zagueiro Lucão, que começou no futebol em uma escolinha do São Paulo no Iate Clube, partiu para uma batalha jurídica contra o time que o formou. O beque de 24 anos cobra R$ 5 milhões do tricolor numa ação trabalhista segundo informação publicada primeiro pelo portal Lance! e confirmada pelo blog. Ele também reivindica R$ 1 milhão por danos morais.
Com passagem pelo Estoril de Portugal e, atualmente, no Goiás, Lucão alega ter recebido tratamento vexatório da diretoria perante a imprensa. Consequentemente, foi obrigado a aceitar ser emprestado, em 2017, ao Estoril, time lusitano bancado à época pela TFM, antiga Traffic, do empresário J. Hawilla, que morreu há dois anos. Atualmente, defende o Goiás sob o comando do treinador Ney Franco.
Em Brasília, Lucão teve passagem pelo projeto Brasília Futebol Academia, no SIA, que também serviu de pontapé inicial na carreira de Reinier do Real Madrid; e foi acadêmico da escolinha do São Paulo no Iate Clube. Um olheiro tricolor viu talento nele e o levou para São Paulo, onde morou sozinho no Centro de Treinamento de Cotia até os 16 anos. Elogiado desde as divisões de base pelo técnico Muricy Ramalho e o ídolo Rogério Ceni, estrou no elenco profissional em 2013 numa excursão do São Paulo à Europa. Lançado pelo técnico Paulo Autuori, entrou no lugar de Rafael Toloi na derrota por 2 x 0 para o Bayern Munique pela Audi Cup.
O imbróglio judicial começa justamente quando era comandado pelo ídolo-técnico Rogério Ceni na derrota do São Paulo para o Atlético-MG por 2 x 1 em jogo válido pelo Campeonato Brasileiro. Lucão falhou na partida disputada no Morumbi. Sob pressão, disse que, “para alegria de muitos, logo iria embora do São Paulo”. Lucão deixou o clube rumo a Portugal justamente durante a gestão do ex-goleiro como técnico tricolor. O zagueiro saiu vaiado após tentar afastar a bola e ver o centroavante Rafael Moura marcar o gol da vitória do Galo.
Lucão era o camisa 3 da Seleção Brasileira no Mundial Sub-20 de 2015, na Nova Zelândia, quando o time de Rogério Micale perdeu a final para a Sérvia. O time contava, entre outros, com Gabriel Jesus, Jorge, Marcos Guilherme, Boschilia. Foi campeão da Copa do Brasil Sub-17 pelo São Paulo (2013), da Florida Cup no elenco profissional (2017) e ganhou o Torneio de Toulon (2013) e o torneio Internacional de Cotif (2014)
Lucão acusa o São Paulo de tê-lo ridicularizado. O clube contesta e diz que o funcionário piorou a situação na entrevista pós-jogo. A defesa anexou no processo declaração do zagueiro em uma rede social em que demonstrava gratidão ao time paulista a caminho do Estoril. A equipe portuguesa apresentou-se em agosto de 2017 e retornou em junho de 2018 devido a uma lesão no joelho esquerdo. Lucão cobra, ainda, salários atrasados de julho de 2018 a junho de 2019.
Segundo o Lance!, o São Paulo admite a dívida, mas responsabiliza o Estoril pela dívida. O clube seria o responsável pelo tratamento e o pagamento de Lucão durante a recuperação. No entanto, o jogador teria preferido fazer a recuperação no Reffis, que havia ajudado na cura dos centroavante Ricardo Oliveira e Luís Fabaino à época.
O Estoril teve como principal acionista de 2009 a 2019 a TFM, agência de atletas antes conhecida como Traffic, de J. Hawilla, empresário que morreu em 2018. Os papéis da Traffic foram vendidos por R$ 6 milhões de euros ao grupo norte-americano liderado por Josh Harris e David Blitzer, dono do Crystal Palace, do Philadelphia 76ers na NBA e do New Jersey Devils na NHL.
O São Paulo afirma que o Estoril depositou dois meses de salário, tempo estimado para a recuperação do jogador, mas o tratamento não surtiu efeito. Lucão foi submetido a nova cirurgia que o deixou mais sete meses fora de combate. A defesa tricolor alega que pagou Lucão da liberação médica, em abril de 2019, ao fim do contrato, e que o Estoril, sim, deve ser cobrado.
Lucão também cobra do São Paulo parte do salário referente a direito de imagem e indenizações trabalhistas como férias, 13°, INSS, FGTS e verbas rescisórias. A acusação também sustenta que Lucão foi para o Estoril com salário menor em relação ao que recebia no clube paulista. A disputa jurídica teve primeiro tempo em março. A próxima seria em agosto, mas mudou de data por causa da pandemia do novo coronavírus.
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