A torcida do Flamengo pode até não curtir a alternativa, mas Renato Gaúcho deixa claro a cada partida sem Arrascaeta que tem um plano B para a ausência do meia uruguaio na final da Libertadores contra o Palmeiras, em 27 de maio, no Estádio Centenário, em Montevidéu: o modo Grêmio. Na prática, isso significa o seguinte: Michael é para o técnico rubro-negro o que Pedro Rocha, Everton “Cebolinha”, Pepê e até Ferreirinha foram para ele no tricolor gaúcho, ou seja, a válvula de escape capaz de causar desordem na defesa adversária.
Michael bagunçou novamente na vitória por 2 x 0 contra o Atlético-GO. Enquanto os marcadores se concentram no cerco a Gabriel Barbosa e Bruno Henrique, ele aproveita os espaços para decidir jogos. Está a dois gols de igualar o melhor desempenho da carreira. Na temporada de 2019, ele fez 16 gols e deu cinco assistências. Nesta, são 14 bolas na rede e nove passes decisivos. Um desempenho extraordinário de quem até pouco tempo era massacrado pela torcida. Houve até quem o considerasse moeda de troca.
O fato é que Michael passou de carta fora do baralho a protagonista. O poder de decisão dele nesta temporada só cresce. Não é a primeira nem segunda vez que Michael resolve jogo nesta campanha. Marcou duas vezes nos 3 x 1 contra o Fortaleza, na Arena Castelão. O gol decisivo da vitória por 2 x 1 contra a Chapecoense foi dele. Balançou a rede duas vezes na virada por 3 x 1 sobre o Palmeiras, no Allianz Parque, em São Paulo. Marcou no empate por 1 x 1 com o América-MG num duelo em que o Flamengo deixou escapar a vitória. Brilhou novamente no triunfo contra o Galo no sábado passado, no Maracanã.
Roubou a cena novamente contra o Atlético-GO. Mais do que isso: dos 53 pontos do Flamengo na insistência pela conquista do inédito tricampeonato em anos consecutivos, 16 estão diretamente ligados a gols de Michael, o equivalente a 30%. Não é pouco. O cara está on fire.
Jogar sem Arrascaeta é uma perda irreparável, mas o Flamengo está arrumando um jeito de atuar sem ele. Michael deixa o Flamengo no sistema 4-4-2. Compõe a linha do meio de campo com a modernidade exigida na Europa. Ataca e defende. Recompõe como gostam de dizer os treinadores dessa vibe. O cara com fôlego para correr para marcar lateral e ter gás para azucrinar a defesa adversária — inclusive com fôlego para fazer gol.
O Flamengo fica com Everton Ribeiro aberto na direita, Willian Arão e Andreas Pereira por dentro e Michael na esquerda. Gabriel Barbosa e Bruno Henrique formam a dupla de ataque. Bruno com liberdade de movimentação e Gabigol, insisto, posicionado muito distante da área. A nova configuração tem dado mais liberdade para o lateral-direito Isla usar a maior virtude dele, ou seja, apoiar. O Flamengo “modo Grêmio” está longe de encantar, mas é claramente um dos modelos de jogo que Renato Gaúcho pode tirar da cartola na decisão da Libertadores.
Se Arrascaeta estiver bem, o Flamengo irá com onze de gala para cima do Palmeiras: Diego Alves; Isla, Rodrigo Caio, David Luiz e Filipe Luís; Willian Arão, Andreas Pereira, Everton Ribeiro e Arrascaeta; Gabriel Barbosa e Bruno Henrique. Sem o uruguaio, Michael assumirá a função e mudará totalmente o perfil do time para o estilo que tem sido ensaiado. É o que imagino.
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