O decacampeonato do Brasiliense na vitória protocolar deste sábado por 1 x 0, no Mané Garrincha, contra o Ceilândia tem um símbolo à beira do campo — Vilson Tadei — e outro nas quatro linhas: Zé Love. Vai além do fato de ele ter sido artilheiro do Candangão com 11 gols. Ouso afirmar que o centroavante é candidato a figurar, em breve, no seleto grupo de ídolos do clube, como são Wellington Dias e o maior deles, Iranildo.
Sou e continuarei sendo crítico da velha política do Brasiliense de investir nos veteranos e abandonar o que um clube de futebol tem de mais precioso — as categorias de base. Acho inadmissível o descaso da diretoria com a formação. Por essas e outras, há uma fuga desenfreada de talentos da capital para fora do quadradinho do DF. Candanguinhos bons de bola que jamais vestiram a camisa de um time da capital do país na elite do DF.
Posso citar alguns: Amoroso, Felipe Anderson, Reinier o ex-melhor do mundo Kaká e tantos outros deixaram Brasília rumo às academias de quem leva o processo de formação a sério. Sem falar na necessidade de inaugurar um time de futebol feminino…
Mas voltemos a Zé Love. Ele é um caso raríssimo de comprometimento com a marca Brasiliense. Aos 33 anos, veste a camisa do clube como se estivesse no Palmeiras, onde começou a carreira, ou no Santos, time pelo qual foi bicampeão do Paulistão (2010 e 2011), da Copa do Brasil (2010) e da Libertadores (2011) atuando ao lado de Neymar, Ganso, Danilo, Alex Sandro e Elano. Todos eles sob o comando do exigente técnico Muricy Ramalho.
Zé Love tem sido extremamente profissional. Está envolvido com a causa de devolver o clube de volta à Série C, depois B e, quem sabe, A, ápice do clube de Taguatinga em 2005. Os números dele não deixam dúvida quanto a isso: são 35 gols em 48 jogos. Média de 0,72 por partida. Isso sem contar as assistências e a liderança no elenco. Satisfeita com ele, a diretoria tratou de segurá-lo. Anunciou a renovação do contrato com o centroavante.
Ele jamais havia sido artilheiro na vida. Agora, tem duas no currículo. No ano passado, dividiu a liderança com Wallace Pernambucano (América-RN). Cada um fez 12 gols cada. Neste Candangão, foi o goleador disparado da competição com 11 bolas na rede. Zé Love precisa servir de régua para alguns veteranos que, para mim, estão devendo. Carlos Eduardo, Jorge Henrique e Radamés podem — e devem — entregar muito mais.
À beira do campo, aplausos para o competente técnico Vilson Tadei. Como mostrou o levantamento publicado pelo Correio Braziliense na última sexta-feira, ele se tornou o primeiro treinador tricampeão na história do Candangão. Duas conquistas com o Gama (2019 e 2020) e uma no Brasiliense (2021). Das três, duas invictas.
O quadradinho do futebol candango está ficando pequeno demais para Zé Love e Vilson Tadei. Não ficarei surpreso se, um dia desses, algum clube da primeira ou da segunda divisão assediar o centroavante. Tadei também tem mercado em clubes da C ou da B. Afinal, carreiras são movidas por novos desafios. Elevar o Brasiliense à Série C neste ano pode ser o limite dos protagonistas do merecido e inquestionável deca do novo campeão candango: 46 pontos de 48 possíveis contra 27 do vice Ceilândia; 42 gols e sete sofridos.
Publiquei aqui no blog na primeira fase que o Brasiliense está virando o “Flamengo” do futebol candango. Sobra na turma e ganha títulos. É o segundo em quatro meses. O outro havia sido a Copa Verde 2020 contra o tradicional Remo. Torcedores de outros clubes chiaram. Nada como a frieza dos números para desenhar o que escrevi. Tem potencial para ganhar a Série D e o bi da Copa Verde 2021. Copa do Brasil é outro patamar.
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