De Ronaldinho Gaúcho a Felipe Melo: as coincidências nas tentativas de Luxemburgo reinventar os veteranos no Flamengo e no Palmeiras

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A tentativa do técnico Vanderlei Luxemburgo de reinventar o volante Felipe Melo na função de zagueiro no Palmeiras lembra o esforço — e o desgaste — para dar uma repaginada no posicionamento de Ronaldinho Gaúcho no Flamengo em 2011.

Eleito duas vezes melhor do mundo, R10 desembarcou no Flamengo próximo de completar 31 anos. Luxemburgo viu a contratação feita pela presidente Patrícia Amorim com desconfiança. O craque não era mais no Milan o fora de série dos tempos de Barcelona.

Enquanto a torcida enxergava o camisa 10 como meia, maestro, o cara responsável por fazer o Flamengo jogar, Luxemburgo desconfiava do preparo físico do astro para cumprir a função sem sobrecarregar a marcação do meio de campo rubro-negro — sobretudo o lado esquerdo do setor defensivo. O trio de ataque com Thiago Neves e Deivid funcionou no início, porém, precisou de ajustes na reta final da temporada 2011.

Para Luxemburgo, Ronaldinho não tinha mais fôlego para buscar a bola atrás e organizar o time, por exemplo, no 4-2-3-1, formando uma linha de três armadores atrás do centroavante Deivid ou no 4-3-3 formando trio com Thiago Neves e Deivid. Decidiu então que a equipe deveria correr por ele e passou a utilizá-lo mais próximo do gol como atacante e até mesmo falso centroavante. Esse foi o papel do craque na partida que praticamente qualificou o Flamengo para a Libertadores 2012.

“Eu achei um espaço para ele jogar. Coloquei de atacante porque o espaço para ele correr é menor. Encontrei o espaço e encontrei a equipe que corre por ele. Se esperar que o Ronaldinho Gaúcho venha para o meio para girar a bola, não vai dar. Tem que ser outro jogador para fazer isso”

Vanderlei Luxemburgo, em 2011, sobre o trabalho de reinventar R10

Ronaldinho Gaúcho atuou como centroavante na vitória por 1 x 0 sobre o Internacional, em Macaé, pela penúltima rodada do Brasileirão. Williams, Renato, Fierro, Thiago Neves e Thomás eram os responsáveis por correr pelo camisa 10. Foi justamente dele o gol da vitória após uma falha bizarra do zagueiro Rodrigo Moledo.

Na época, Luxemburgo justificou a decisão. “O Flamengo contratou o Ronaldinho para ser o protagonista do clube. Ele não divide isso com ninguém, ele é o único ídolo. Todos funcionam para que o Ronaldo possa jogar bola e isso faz muito bem para ele. No Barcelona, quando ele estava lá, ele era o grande (craque). Ele baixou o percentual de gordura, se preparou para jogar. Aí vem o técnico. Eu achei um espaço para ele jogar. Coloquei de atacante porque o espaço para ele correr é menor. Encontrei o espaço e encontrei a equipe que corre por ele. Se esperar que o Ronaldinho venha para o meio para girar a bola, não vai dar. Tem que ser outro jogador para fazer isso”

Luxemburgo avançou Ronaldinho Gaúcho uma casa no tabuleiro tático. Do meio de campo para o ataque. Nove anos depois, está com a ideia fixa na cabeça de recuar Felipe Melo uma casa, ou seja, puxar o volante para a zaga alviverde. Testou no título da Florida Cup.

“Quando você traz o Felipe Melo para trás, mais cinco metros, dez metrinhos, para trás, ele vai deixar de correr 60% do jogo. Ele vai correr só 40%. Com a inteligência, a qualidade e a força física que tem, não tenho dúvida de que ele pode se tornar um grande zagueiro”

Vanderlei Luxemburgo, sobre o trabalho de reinventar Felipe Melo

Felipe Melo tem 36 anos. O treinador não o vê mais como volante. O discurso é semelhante ao utilizado para convencer Ronaldinho Gaúcho a virar falso 9. “Quando você traz o Felipe Melo para trás, mais cinco metros, dez metrinhos, para trás, ele vai deixar de correr 60% do jogo. Ele vai correr só 40%. Com a inteligência, a qualidade e a força física que tem, não tenho dúvida de que ele pode se tornar um grande zagueiro”, argumenta.

“Na posição de volante, ele consegue ter intensidade, mas num momento do jogo ele perde essa intensidade, e aí ele fica com dificuldade. Num bote, ele vai bem. No segundo bote, no terceiro bote, ele toma cartão amarelo. No quarto bote, ele vai tomar o cartão vermelho”.

Com o passar do tempo, a relacionamento de Luxemburgo com Ronaldinho Gaúcho sofreu desgaste. O dentuço ganhou a queda de braço e o treinador declaradamente rubro-negro deixou o clube pela porta dos fundos. Patrícia Amorim escolheu demiti-lo. Até que ponto o relacionamento de Luxemburgo com Felipe Melo é sustentável?

Aguardemos…

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Marcos Paulo Lima

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