De Kaká a Vinicius Junior: o papel de Ancelotti na lapidação de quem foi e pode ser melhor do mundo

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Carlo Ancelotti teve uma contribuição inestimável para o desenvolvimento de Kaká. O brasileiro desembarcou em Milão, em 2003, com 22 anos. Quatro anos depois, era eleito Bola de Ouro pela revista France Football e melhor do mundo na premiação da Fifa. Lapidado, foi artilheiro da Champions League em 2007 com 10 gols e levou o Milan ao último dos sete títulos do clube italiano no principal torneio continental de clubes da Europa. Não se assuste se ele repetir o mesmo processo com Vinicius Junior.

O comandante do Real Madrid tem sido importantíssimo para outras duas joias do futebol brasileiro. Ao contrário do antecessor Zinedine Zidane, tem demonstrado mais interesse na evolução de Vinicius Junior e de Rodrygo. Os jovens talentos estão aproveitando as oportunidades. A cria do Flamengo tomou o espaço de Eden Hazard. Virou o par perfeito de Karim Benzema. Vive a melhor temporada da carreira com 17 gols e 10 assistências.

Aos poucos, Vinicius Junior conquista “jardas” na Seleção Brasileira. É titular na partida desta quinta-feira contra o Chile, no Maracanã, pelas Eliminatórias da Copa. Formará trio de ataque ao lado de Neymar e Antony. O atacante de 21 anos aprendeu com Carlo Ancelotti a ser um jogador pós-moderno. Além de dribles, oferece leitura de jogo e marcação.

Perguntei ao Vinicius Junior na entrevista coletiva pré-jogo se Carlo Ancelotti também pode transformá-lo em um Kaká, ou seja, lapidá-lo a ponto de, em breve, figurar na lista dos melhores do mundo. Mais tarde, até entre os candidatos à Bola de Ouro e o Fifa The Best.

“O Ancelotti gosta muito dos brasileiros. Ele tem me ajudado bastante, conversado comigo e dado toda a confiança que todo jogador precisa. Sobre ser o melhor do mundo, eu estou no início da minha carreira ainda, tenho 21 anos. Espero seguir evoluindo e conquistar os títulos que são importantes para estar na disputa da Bola de Ouro. Eu sou muito tranquilo em relação a isso e espero fazer grandes jogos no Real e aqui na Seleção para estar bem comigo mesmo, que é o mais importante”, respondeu o atacante ao blog.

Aos 22 anos, Kaká soube interpretar a filosofia de Ancelotti no Milan. Se Vinicius Junior  extrair o máximo do técnico no Real Madrid aos 21, evoluirá muito sob a batuta do italiano. Ele ganhou força muscular, não é vencido facilmente pelos marcadores, dá assistências e passou a ter intimidade com a rede. Faltava isso. Ele evoluiu desde a chegada à Europa.

Admirador de Carlo Ancelotti, com quem costuma trocar ideias, Tite está observando o trabalho do amigo e parece cada vez mais convencido a aumentar os minutos do craque entre os titulares. Antes da Copa da Rússia, perguntei ao técnico da Seleção se seria interessante levar um “estagiário” à Copa, um novato como Vinicius Junior, que começava a se destacar entre os profissionais do Flamengo resolvendo, inclusive, jogo da Libertadores.

Tite respondeu ao blog: “Em Mundial, não há espaço para estagiário na Seleção Brasileira. O espaço é para quem possa ser utilizado na pressão do jogo. Momentos de preparação são nas Eliminatórias, amistosos, Copa América, não em momento de Mundial. Respeito as outras situações (Ronaldo e Kaká), respeito o passado, mas eu não consigo ver o jogador que pode vir a ser… Jogador que vai para a Seleção já é. A responsabilidade dele de entrar dentro do campo, ou em um treino, é de desempenho, não de estagiário”, argumentou.

Vinicius Junior cumpriu o processo de maturação estabelecido por Tite. Passou por todas as etapas na Seleção e no Real Madrid neste ciclo de Copa. Passou de potencial estagiário a realidade. Que o primeiro gol dele com a camisa da Seleção seja no mesmo palco da primeira exibição como profissional vestindo a camisa do Flamengo contra o Atlético-MG naquele 13 de maio de 2017 pela primeira rodada do Brasileirão. O estagiário tinha futuro.

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Marcos Paulo Lima

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