51224846252_e5765ae4e1_c Contrato de Tite vai até a Copa do Qatar-2022, mas está sob ataque. Foto: Lucas Figueiredo/CBF Contrato de Tite vai até a Copa do Qatar-2022, mas está sob ataque. Foto: Lucas Figueiredo/CBF

De Coutinho a Tite | “Dia D” do ex e do atual técnico da Seleção tem rivais em comum: CBF e Paraguai

Publicado em Esporte

Adenor Leonardo Bachi é o primeiro técnico, desde Cláudio Coutinho, mantido no cargo de comandante da Seleção após perder a Copa do Mundo. Coutinho ficou no emprego depois do fracasso nas quartas de final de 1978, na Argentina. Tite também resistiu na sequência da eliminação de 2018, na Rússia. Essa não é a única coincidência entre as passagens dos dois profissionais gaúchos pelo cargo. Coutinho não chegou ao Mundial seguinte, na Espanha, em 1982. Especula-se que Tite arrisca não ir ao Qatar em 2022.

A era Cláudio Coutinho terminou contra o Paraguai em uma semifinal de Copa América no Maracanã. A gestão de Tite, coincidentemente, pode encerrar contra o Paraguai, nesta terça, no Estádio Defensores del Chaco, em Assunção. O blog sustenta o que publicou no domingo:  pacificadores ouvidos pela reportagem bancam a permanência do treinador e a presença da Seleção na Copa América sob protesto inspirado no extinto movimento Bom Senso FC.

Em 1979, o Brasil empatou por 2 x 2 com o Paraguai, no Maracanã, e foi eliminado da Copa América. À época, o torneio não tinha sede fixa e os duelos eram no sistema de ida e volta. A pressão aumentou depois de Coutinho minimizar o valor da competição continental. Paralelamente, para variar, a CBD, atual CBF, estava em crise.

 

Tite na Seleção Brasileira*

53 jogos,  39 vitórias, 10 empates, 4 derrotas, 114 gols pró (2,15 por jogo), 19 gols sofridos (0,36 por jogo), 79,2% de aproveitamento

 

Dirigentes de federação pressionavam por uma intervenção na Confederação Brasileira de Futebol, como a ex-CBD passou a se chamar em 24 de setembro de 1979, comandada à época pelo Almirante Heleno Nunes. Os opositores do cartola diziam que a entidade estava uma desordem. Qualquer semelhança com o atual momento da CBF é mera coincidência.

Houve eleição para presidente e Giulite Coutinho triunfou em dezembro de 1979. Paralelamente, o Palmeiras, de Telê Santana, protagonizava exibições de gala e lançava candidatura a uma possível sucessão de Cláudio Coutinho. Ao tomar posse, Giulite Coutinho avisou que desejava um técnico exclusivo para a Seleção e começou a enfraquecer Cláudio Coutinho, que acumulava o cargo de treinador do Flamengo. Em fevereiro de 1980, Coutinho optou pela permanência no time do coração. Saiu com 66,7% de aproveitamento. Aquela partida contra o Paraguai pela semifinal da Copa América foi definitivamente a última dele no cargo. E Giulite Coutinho elegeu Telê Santana técnico da Seleção Brasileira.

Assim como Cláudio Coutinho em 1978, Tite foi mantido depois do fracasso na Copa de 2018 na Rússia. Renovou contrato até 2022. Ganhou a Copa América em 2019 e lidera as Eliminatórias rumo ao Qatar com 15 pontos, cinco vitórias em cinco jogos e 100% de aproveitamento. Assim como o conterrâneo Coutinho, Tite pode ser vítima não do trabalho regular no que diz respeito a números — 79,2% de aproveitamento — mas do efervescente bastidor político da CBF. Questionamentos ao desenvolvimento da qualidade do jogo à parte, não há motivo para a saída de Tite. Nem mesmo ideológico.

 

*Fonte dos números de Tite: Rodolfo Rodrigues

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