Leandro, Jorginho, Cafu, Maicon e Daniel Alves. Júnior, Branco, Leonardo, Roberto Carlos e Marcelo. Houve um tempo em que o Brasil era referência na formação de laterais acima da média. Padrão de excelência. Uma dinastia influenciava clubes, seleções e revolucionava a forma de jogar. Eles se tornaram praticamente pontas. Obrigaram, por exemplo, Luiz Felipe Scolari a adotar o sistema tático 3-4-1-2 na conquista do penta para extrair o máximo de Cafu e Roberto Carlos, ambos utilizados como alas no Japão e na Coreia do Sul.
O tempo passou. A carência fez Tite sofrer no ciclo para a Copa do Catar. Faltaram jogadores fora de série na posição para a formação do grupo. Mais do que isso: dos quatro especialistas convocados para o torneio, três se machucaram na fase de grupos: Danilo, Alex Sandro e Alex Telles. Restou Daniel Alves, um questionado veterano de 39 anos.
Os ocasos de Daniel Alves e Marcelo encerram uma era de maneira melancólica Ambos foram simplesmente parceiros, facilitadores de dois melhores jogadores das duas primeiras décadas do século 21. Houve conexão impressionante entre Daniel Alves e Lionel Messi no Barcelona. Marcelo e Cristiano Ronaldo também eram unha e carne no Real Madrid. Os elos entre eles garantiram não somente gols, mas atualização constante na sala de troféus.
As carreiras dos dois laterais vão chegando ao fim com desfechos inacreditáveis. Senhor dos troféus entre os jogadores em atividade, Daniel Alves está preso em Barcelona. Ele é acusado de estupro. Tenta se defender, mas se enrola a cada atualização de depoimento. Quem sonhava retornar do Catar com a única taça que jamais conquistou na bagagem, hoje luta para provar inocência em um dos maiores escândalos da história do futebol.
O ocaso também chegou para Marcelo. O maior empilhador de títulos da história do Real Madrid não é pivô de escândalo, longe disso, mas não consegue entregar o padrão de excelência. O contrato com o Olympiacos chegou ao fim. Foram apenas nove partidas e três gols na passagem relâmpago de três meses pelo tradicional clube grego. Marcelo tem mercado. É sonho de consumo da Major League Soccer. O Fluminense abre as portas para que ele encerre a carreira no clube, justamente onde ele começou.
O tempo de fartura de laterais fora de série no futebol brasileiro deixou o sarrafo elevado. O ciclo para a Copa de 2026 no Canadá, Estados Unidos e México iniciará com mais incertezas do que terminou a Era Tite. Dono da posição no último Mundial, Danilo tem 31 anos. Em tese, ele disputaria o Mundial em 2026 com 35. Alex Sandro tem 32. Uma das missões do próximo técnico da Seleção é encontrar laterais acima da média em uma safra que oferece poucas opções em clubes de ponta da Europa. Emerson Royal, por exemplo, atual no Tottenham, mas é exceção. Gigantes da primeira prateleira da Europa não desfrutam de laterais brasileiros em seus elencos. Deixamos de ser referência na posição.
E pensar que, em um passado não tão distante, o Real Madrid tinha Cicinho, Roberto Carlos e depois Marcelo. A Inter escalava Maicon. O Barcelona ostentava Daniel Alves. O Atlético de Madrid orgulhava-se de ter Filipe Luís. O Milan esfregava Cafu na cara da sociedade. O Bayern de Munique curtia Rafinha. A Roma era apaixonada por Mancini. Nossa fábrica fechou para balanço e precisa reabrir urgentemente forte e atualizada.
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