A decisão da Eurocopa Feminina neste domingo, às 13h (de Brasília), no templo de Wembley, diante de 90 mil pessoas, vai além da rivalidade entre uma anfitriã Inglaterra à caça do título inédito e a octacampeã Inglaterra, que nunca perdeu uma finalíssima continental. O protagonismo também pertence a uma árbitra ucraniana que deixou seu país em meio à invasão da Rússia e foi eleita pela Uefa para mediar o último capítulo desta edição.
“Era impossível permanecer ali. Estava tudo destruído”, disse Kateryna Manzul ao deixar a Ucrânia, em março, no início da tormenta causa pelo governo de Vladmir Putin no vizinho do Leste Europeu. Considerada uma das melhores árbitras do mundo, ela deixou Jarkob e achou refúgio na Itália para continuar na profissão e manter a forma até a Eurocopa na Inglaterra.
Em entrevista ao site da Uefa, Manzul comentou o fato de ter sido escolhida para a apitar o jogo mais importante da carreira. “É um momento emocionante para mim. Escutávamos disparos e bombas. Foi terrível”, disse a profissional de 41 anos. Ela nasceu em 1981, no auge da Guerra Fria entre União Soviética e Estados Unidos, quando a Ucrânia era uma das república soviética e a Europa tinha uma mapa geopolítico totalmente diferente do atual desenho.
Manzul é árbitra internacional desde 2004 e entrará para o almanaque como a primeira ucraniana a mediar uma final de Eurocopa feminina. Nesta edição, apitou os duelos entre Finlândia e Espanha, Áustria e Noruega e Suécia e Bélgica.
Na Ucrânia, quebrou o preconceito ao se tornar a primeira mulher a trabalhar como árbitra principal na liga profissional. Participou de três edições da Copa do Mundo Feminina organizada pela Fifa. Era a árbitra da final entre Estados Unidos e Canadá, em 2015.
Dona da casa, a Inglaterra tem duas cartas na manga em busca do título: o fator casa e a excelente técnica Sarina Wiegman, mentora do título da Holanda, em casa, na edição anterior. As anfitriãs disputarão a final diante de mais de 90 mil pessoas. O recorde em Wembley contra a Alemanha é 77.768, em novembro de 2019.
O retrospecto das duas seleções é amplamente favorável à Alemanha. São 27 confrontos, com 21 vitórias, quatro empates e duas derrotas. “Temos uma energia muito grande na equipe. Temos uma seleção muito boa e autoconfiança”, avalia Sarina Wiegman.
Do outro lado, Voss-Tacklenburg confia no embalo alemão depois de eliminar a França nas semifinais. “Todo mundo está com gana e o país apoia a nossa seleção. Nós sabemos que haverá muita pressão sobre nós. Estamos ansiosos para saber como as nossas atletas mais jovens reagirão em uma final inédita”, avaliou a treinadora da potência europeia.
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