A fama da França de carrasco do Brasil não se limita aos duelos entre as duas seleções principais nas edições de 1986, 1998 e 2006 da Copa do Mundo. O próximo adversário dos adolescentes liderados por Guilherme Dalla Déa nas semifinais do Mundial Sub-17 nesta quinta-feira, às 20h, no Estádio Bezerrão, jamais perdeu para a esquadra canarinho na história da competição “teen”. Embalados pela vitória por 2 x 0 sobre a atual vice-campeã europeia Itália, nesta segunda, no Estádio Olímpico, em Goiânia, com gols de Patrick e João Peglow, os tricampeões retornarão ao Distrito Federal com a missão de quebrar o tabu. Na preliminar, a França despachou a Espanha com humilhante 6 x 1.
Em 1987, a geração do goleiro Carlos Germano, do volante Pintado, do atacante Paulo Nunes, do centroavante Bentinho e do camisa 10 Roberto Assis — irmão de Ronaldinho Gaúcho —, estreou empatando por 0 x 0 com a França de Emmanuel Petit no Mundial Sub-17 do Canadá. Nas quartas de final de 2001, a França arrancou rumo ao título, em Trinidad e Tobago, após desbancar a geração do atual camisa 10 do Flamengo Diego Ribas do Flamengo por 2 x 1. O elenco também contava com o volante Marcelo Mattos e com o goleiro Felipe, ex-Corinthians e Flamengo.
Embora não conquiste o título desde 2003, o Brasil está nas semifinais do Mundial Sub-17 pela segunda edição consecutiva. Há dois anos, deu adeus contra a atual campeã Inglaterra por 3 x 1, na Índia. Independentemente do resultado diante da França na quinta-feira, a Seleção atual conseguiu uma superação incrível. Para início de conversa, nem deveria disputar o torneio. Vale lembrar que o país foi eliminado na fase de grupos do Sul-Americano. Nem sequer disputou o hexagonal final que apontou os quatro qualificados para o Mundial. Como o Peru perdeu o direito de receber o torneio, o Brasil virou anfitrião por acaso.
Os problemas continuaram na convocação. Guilherme Dalla Déa perdeu o camisa 10. O Flamengo não liberou Reinier. Nas oitavas de final, Talles Magno se machucou, foi cortado e devolvido ao Vasco. Ontem, o time se reinventou. Configurado no 4-1-4-1 do Tite, resolveu a partida no primeiro tempo. Gabriel Verón e João Peglow se revezavam pelas pontas, Pedro Lucas e Talles Costa davam suporte por dentro acionando os pontas.
A movimentação confundiu a Itália. Em vez de João Peglow, o lateral-esquerdo Patrych surgiu na cara do gol para abrir o placar. Encheu a perna canhota e estufou a rede. No segundo, quem esperava ver Gabriel Veron aberto na direita viu Peglow receber a bola na extrema direita da grande área, finalizar e contar com um toque no rodapé da trave para consolidar a classificação verde-amarela.
Com a classificação do Brasil, o Mundial Sub-17 virou uma espécie de Copa Euroamericana. A outra semifinal opõe Holanda e México, às 16h30, no Bezerrão. Adversária da Seleção, a França tem o melhor ataque com 16 gols, a melhor defesa com dois sofridos e o melhor garçom do torneio.
Parceiro de Neymar, Mbappé e Cavani no elenco principal do Paris Saint-Germain, Adil Aouchiche mostra outra faceta nesta competição. Artilheiro da Euro Sub-17 com nove gols, ele agora é o campeão de assistências no Brasil com seis passes para gol. Dois deles ontem, no massacre contra a Espanha. Além disse fez o primeiro dele no torneio.
Aouchiche é arco e flecha. Um camisa 10 em evolução. A maior virtude da joia do PSG é a facilidade para atuar tanto por dentro, nas extremidades ou no papel de referência do ataque. Mas a França não é só ele. O treinador Jean-Claude Giuntini conta com muitos jogadores com ascendência africana. Agoume, Ahamada, Soppy, Kouassi e Mbuku tornam a seleção gaulesa forte fisicamente, alta e equilibrada.
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