D10S, o Ángel da guarda de Messi e o perrengue no meio de campo do Brasil

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Messi exibe a primeira conquista pela seleção principal da Argentina: Foto: Nelson Almeida/AFP


Uma das virtudes das últimas três seleções campeãs da Copa do Mundo era o controle do jogo no meio de campo. A Espanha tinha Busquets, Xavi e Iniesta na Copa da África do Sul, em 2010. A Alemanha contava com o par perfeito formado por Schweinsteiger e Toni Kroos no tetra, em 2014. Kanté e Pogba faziam a engrenagem da França funcionar na conquista do bi em 2018, na Rússia. Os finalistas da Euro neste domingo também são assim. A Itália raciocina com Barella, Jorginho e Verratti. A Inglaterra pensa com as mentes de Rice, Phillips e Mount.

Tite conseguiu achar seu meio de campo logo que assumiu a Seleção. Casemiro, Paulinho e Renato Augusto ditaram o ritmo do Brasil nas Eliminatórias para o Mundial da Rússia. Houve mais de uma exibição de gala graças a eles. 1 Bastou o meio de campo dos sonhos do técnico perder uma peça — Renato Augusto chegou à Copa lesionado — para o Brasil ter muitas dificuldades para remontar o setor. Três anos depois, Tite não tem mais Paulinho nem Renato Augusto. Sofre horrores com isso. Pior do que não achar reposições à ideia fixa, é não reinventar o setor. Casemiro está abandonado à espera de novos companheiros. Eis um dos motivos da derrota para a final da Copa América para a Argentina neste sábado, no Maracanã.

O técnico Lionel Scaloni encerrou o jejum de 28 anos da Argentina explorando justamente o ponto frágil do Brasil: o meio de campo. De Paul controlou os pensamentos não somente da Argentina, mas também do Brasil. Que partida do volante da Udinese. Di María fez o golaço do título depois de um lançamento dele e falha grave de Renan Lodi porque a Argentina ganhou o meio de campo. Não adianta ter uma defesa segura e um fora de série como Neymar se a bola não for distribuída como qualidade onde realmente se ganham os jogos no futebol moderno.

O Brasil paga caro por um vício. Passou a formar extremos, os antigos pontas, em série. Basta observar a montagem do elenco para a Copa América. Neymar, Richarlison, Vinicius Junior, Everton Cebolinha e Everton Ribeiro são jogadores de lado do campo. Lucas Paquetá, um dos destaques do torneio, é peça rara para o meio de campo. Mas Tite parece não ter encontrado o novo Paulinho e, principalmente, um novo Renato Augusto para chamar de seu. Ou ele desapega de 2018 ou fracassará novamente daqui a pouco mais de um ano, no Catar.

Graças ao erro de Lodi, à falta de imaginação no meio de campo e às exibições de gala de De Paul e Di María, o Brasil despertou dois gigantes. A motivação da Argentina na Copa será outra. Tão favoritos quanto o Brasil em qualquer Mundial, os hermanos estão mais leves. Sem o fardo que carregavam desde 1993, ano que representava o marco do início do jejum.

Oito meses depois da morte de Diego Armando Maradona, D10S parece ter apontado o dedo para o cara que libertaria o sucessor Messi da maldição de jamais ter conquistado nada com a camisa principal da Argentina. Com o perdão do trocadilho, coube ao Ángel da guarda Di María o papel de finalmente fazer um país se render ao jogador eleito seis vezes melhor do mundo. Com quatro gols e cinco assistências na Copa América, Messi finalmente tem um título para chamar de seu. Contra o Brasil. No Maracanã. Mais do que merecido.

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Marcos Paulo Lima

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