Criticado por aceitar dinheiro de ditador saudita, Messi vê mundo celebrar feito da Arábia contra Argentina

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O triunfo épico da Arábia Saudita contra a Argentina na primeira rodada do Grupo C da Copa do Mundo deixou o planeta bola em uma encruzilhada. Seletiva, a mesma plateia que hoje aplaude a virada por 2 x 1 no Estádio de Lusail sofre de uma terrível amnésia coletiva.

Em maio de 2022, Lionel Messi foi nomeado embaixador do Turismo da Arabia Saudita pelo controverso príncipe e ditador Mohammed bin Salman. Imediatamente, as críticas se voltaram contra o atacante argentino. O jogador eleito sete vezes melhor do mundo virou vilão. Foi acusado de aceitar dinheiro para limpar a imagem da Arábia Saudita.

Dono da propriedade privada mais cara do mundo nas proximidades de Paris, batizada de Luís XIV, o ditador é acusado de ser o mandante do assassinato de um jornalista árabe opositor do regime. Um relatório da CIA, a polícia secreta dos Estados Unidos, o acusa de ser o mandante.

Note a contradição. Eleito anfitrião da Copa do Mundo em 2010, o Catar é apedrejado neste momento pelo desrespeito aos direitos humanos. As mesmas línguas e mãos afagam o feito da Arábia Saudita no futebol. Alguns dirão que os bravos jogadores não têm nada a ver com isso.

Há quem separe futebol e política. Não. Pai de Mohammed bin Salman, o rei da Arábia Saudita aproveitou o triunfo contra a Argentina para decretar feriado. Veja como o esporte mais popular do mundo pode, sim, ser usado para virar a cabeça e o coração de pessoas inocentes e conscientes.

Como explicar a uma criança?

Fim do jogo no Lusail Stadium. Mais rápida do que os dois gols da virada saudita, minha filha Isabela, de 10 anos, dispara um áudio para o meu celular com uma pergunta difícil: “Papai, que jogo é esse em que a Arábia Saudita vence a Argentina?” Não a deixo sem resposta, claro. Principalmente porque, antes de embarcar para Doha, ela indagou qual era na minha opinião a pior seleção da Copa. Cravei sem rodeios: Arábia Saudita.

Recorro à sabedoria luxemburgueana. Digo que essa é a magia do futebol. Esse esporte fascinante permite a uma seleção frágil, sem a camisa pesada da Argentina e muito menos um craque como Lionel Messi, protagonizar a maior surpresa da Copa do Mundo até agora.

Como explicar a um adulto?

Lembrei depois da partida que o técnico da Arábia Saudita não é um “Zé Ninguém”. Hervé Renard levou a Zâmbia (2012) e a Costa do Marfim (2015) ao título da Copa das Confederações. Mais rodado do que Lionel Scaloni, deu nó no argentino. Compactou a marcação, obrigou a Argentina a jogar em 15 metros e destruiu o plano de jogo argentino.

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Marcos Paulo Lima

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