Ramón Díaz é um técnico à moda antiga. Um dos últimos românticos. Adora um enganche fazendo a ligação do meio de campo com dois atacantes. Um fazedor de gol e outro experiente. Em 1996, levou o River Plate ao título da Libertadores com Ortega no papel de garçom do experiente Francescoli e do jovem Hernán Crespo em uma 4-3-1-2. O Corinthians derrotou o Palmeiras mais ou menos assim na Neo Química Arena no dérbi dessa segunda-feira pela 32ª rodada do Campeonato Brasileiro.
Em vez do 4-1-3-2 de 1996, Díaz apostou no 3-4-1-2 para deter o rival. Conseguiu em grande estilo. Usado pela primeira vez na vitória por 1 x 0 contra o Bahia, em Salvador, o modelo se repetiu no empate com o Grêmio na Série A, na vitória por 3 x 1 na Copa do Brasil contra o tricolor gaúcho e nas derrotas para o Atlético-MG e o Botafogo sob o comando do argentino.
O plano funcionou contra o Palmeiras porque as peças-chave do sistema foram decisivas. Garro brilhou como enganche de Díaz. Guardadas as devidas proporções, óbvio, emulou o Ortega dos tempos de River Plate. Memphis Depay, o mais experiente do ataque, posava de Francescoli. Yuri Alberto atuou como Hernán Crespo: matador. Implacável quando teve a oportunidade de decidir a partida na etapa final — com assistência de Garro — depois de gravíssimo erro de cálculo do goleiro Weverton ao deixar as traves e chegar atrasado na dividida com o atacante alvinegro.
Defensivamente, André Ramalho, Gustavo Henrique e Félix Torres suportaram o ataque do Palmeiras ajudados pela bola exibição do goleiro Hugo Souza. O Corinthians conseguiu algo raro: a descompactação defensiva do time de Abel Ferreira. Yuri Alberto saiu mais de uma vez na cara do gol alviverde em tramas com lançamento em profundidade.
O Corinthians se distancia da zona do rebaixamento com a sensação de dois deveres cumpridos. Encaminha a presença na elite em 2025 e praticamente veta a possibilidade de o Palmeiras conquistar o tricampeonato brasileiro em anos consecutivos. Se o Botafogo não vacilar novamente, a distância entre eles pode aumentar para seis pontos e tendência é o atual bicampeão encerrar a temporada com apenas um título: o Campeonato Paulista.
O último técnico a derrotar o Palmeiras no dérbi foi Sylvinho. O treinador era questionado e havia quem defendesse a saída dele. Tiverem de engoli-lo depois da vitória por 2 x 1 na Neo Química Arena naquele 26 de setembro de 2021. O resultado deu 19 jogos de sobrevivência a Sylvinho. Qualquer semelhança com o triunfo do pressionado Ramón Díaz três temporadas depois não é mera coincidência. Ele garantiu pelo menos mais seis jogos até a conclusão da Série A.
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