Richa Richarlison fez dois gols no Sul-Americano Sub-20 de 2017. Foto: Lucas Figueiredo/CBF Richarlison fez dois gols no Sul-Americano Sub-20 de 2017.

Convocação de Richarlison recicla geração que deixou o Brasil fora do Mundial Sub-20 de 2017

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A convocação de Richarlison, do Everton, para o lugar do lesionado Pedro, tem um lado bom e outro ruim. O bom é que o técnico da Seleção, Tite, tenta reciclar uma geração marcada pelo fracasso no Sul-Americano Sub-20 de 2017.  Chamados para os amistosos de setembro contra os Estados Unidos e El Salvador, Lucas Paquetá e Richarlison faziam parte do elenco liderado por Rogério Micale. Quinto colocado no hexagonal final, o Brasil não conseguiu a classificação para o Mundial da categoria. Mesmo assim, tem muito a oferecer no ciclo rumo ao Catar.

O lado ruim da mudança na lista é a carência, aqui e lá fora, de um outro jovem centroavante raiz para ser testado no lugar de Pedro. Talvez, Raniel, do Cruzeiro, ou Lincoln, do Flamengo, quando o jovem rubro-negro tiver maior sequência de jogos. Mas, neste caso, seria comprar mais briga ainda com os semifinalistas da Copa do Brasil. No exterior, quem sabe Matheus Cunha, reforço do Red Bull Leipzig para a temporada do futebol alemão. Apenas hipóteses.

Apesar do fracasso no Sul-Americano Sub-20 do ano passado, a geração de Richarlison ainda pode dar bons frutos para a Seleção. David Neres, por exemplo, jogava naquele time. Tite conhece bem o lateral-esquerdo Guilherme Arana. Tem no radar o volante Douglas Luiz, revelado pelo Vasco e vendido ao Manchester City, da Inglaterra. Lucas Paquetá era o camisa 10 da Seleção. Vice-artilheiro daquele torneio com qutro gols, Felipe Vizeu vestia a 9, mas não evoluiu no Flamengo tão rapidamente quanto Pedro no Fluminense, ou seja, a ponto de merecer uma oportunidade na Seleção. Talvez, cresça na Itália com a camisa da Udinese.

Richarlison é amigão de Pedro. Tanto que ambos trocam apelidos. O atacante chama o centroavante tricolor de “queixo de tamanco”. O jogador do Fluminense contra-ataca até nas redes sociais o batizando de “narigão”. Enquanto Pedro pinta como solução para uma posição carente na Seleção, Richarlison tem tudo para ser mais um ponta, jogador de lado de campo ou winger, como se diz atualmente. Há inúmeras opções para o setor.

O atacante do Everton entra numa disputa desleal, por exemplo, com Neymar pelo cantinho esquerdo do ataque. Outros jogadores têm mobilidade para atuar por ali, como Douglas Costa, Vinícius Júnior, Malcom, Lucas Moura, Taison, Philippe Coutinho, Willian, Paulinho, Rodrygo… No fim das contas, Richarlison é mais um para estacionar o carro em avenidas congestionadas.

A aposta de Tite coleciona 41 jogos na Premier League. Em 35 deles começou como titular. Tem oito gols — cinco pelo Watford na temporada passada e outros nesta. Aliás, chegou tomando conta do ataque do Everton. O excesso de vontade fez até com que ele fosse expulso no empate por 2 x 2 com o Bournemouth no último sábado. Portanto, a oportunidade é merecidíssima e não seria exagero nenhum que tivesse chegado antes da Copa da Rússia. Antes tarde do que nunca. Aos 21 anos, o capixaba de Nova Venécia tem idade, por exemplo, para ser titular nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020 caso o Brasil se classifique.