Conexão Abu Dhabi-Brasília-Cuiabá: bastidores do impasse na escolha do palco da Supercopa do Brasil

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O Governo do Mato Grosso é o mentor do plano de oferecer a Arena Pantanal como sede da Supercopa do Brasil no próximo dia 20, mas até a noite de terça-feira não tinha confirmação por parte da CBF de que receberá a final entre Atlético-MG e Flamengo no próximo dia 20. É o que disse em entrevista ao blog o secretário de Esporte e Lazer do Estado, Beto Machado. De Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, onde acompanha o Palmeiras na disputa do Mundial de Clubes da Fifa, o presidente interino da CBF, Ednaldo Rodrigues, também mantém contatos frenéticos com o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), antes de bater o martelo. Brasília é o plano A, mas o cartola quer público na Arena BRB Mané Garrincha. Como o GDF resiste à pressão, ele precisava de uma alternativa e Cuiabá assumiu o favoritismo.

Integrante do primeiro escalão do governo de Mauro Mendes (DEM), Beto Machado admitiu em entrevista ao blog que a Arena Pantanal foi oferecida a Ednaldo Rodrigues. “Nós nos colocados à disposição da CBF caso precisem. Oficialmente, não fomos comunicados, mas estamos prontos para receber uma partida como essa. Fomos palco da Copa América recentemente e o estádio passou por vistorias. Além disso, temos o Cuiabá, que manda jogos aqui na Série A do Campeonato Brasileiro. Tivemos conversas, oferecemos o Verdão (apelido do estádio), mas nada foi oficializado”, afirmou Beto Machado na noite de terça-feira.

Embora o Governo do Mato Grosso seja o principal fiador da final na Arena Pantanal, uma rivalidade pode atrapalhar. Adversário político de Mauro Mendes, o prefeito e torcedor do Flamengo, Emanuel Pinheiro (MDB), estuda reduzir a presença de público a 30% da capacidade do estádio a fim de evitar aglomerações e o contágio da Ômicron.  A situação não será muito diferente em Brasília caso o GDF se renda à pressão da CBF e flexibilize a presença de público para abrigar a Supercopa. A Arena BRB Mané Garrincha também teria capacidade reduzida.

A CBF não oficializou Cuiabá porque o presidente interino da CBF decidiu esperar até o último minuto por um novo decreto do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, para liberação total ou parcial de público na Arena BRB Mané Garrincha. O Palácio do Buriti respondeu ao mandatário da entidade máxima do futebol brasileiro que só flexibilizará a proibição de público em eventos esportivos se a taxa de transmissão na capital cair abaixo de um ponto.

A CBF foi informada pelo GDF de que o índice ainda estava alto até a noite de terça-feira. A parcial informada foi de 1,26 com 94% de UTI. Portanto, ainda alta para liberar o público. A maior preocupação continua sendo com o número de leitos. A mensagem dada à CBF foi clara: se não baixar, não adianta pressionar, mas se os números caíssem, tudo poderia mudar.

Rubro-negro assumido, Ibaneis Rocha age com pragmatismo em ano eleitoral. Em outro momento, flexibilizaria a presença de público no estádio, como fez no ano passado ao realizar a primeira partida com plateia em meio à pandemia no duelo entre Flamengo e Olimpia pela Libertadores. Neste momento, não parece disposto a comprar briga e arriscar a reeleição.

O blog apurou que a projeção do GDF é de que a taxa esteja abaixo de 1 em quatro dias. No entanto, o tempo virou inimigo da CBF. O prazo para definição do local de uma partida de futebol costuma ser de 10 dias antes da realização do evento. A final está pré-agendada para o próximo dia 20, às 16h. Além da definição da logística, é preciso iniciar a venda dos ingressos.

Apuração dos colegas do Estado de Minas, empresa do Grupo Diários Associados em Belo Horizonte, indica que o Atlético-MG desconhece decisão da Supercopa do Brasil diante do Flamengo em Cuiabá. O Flamengo também não havia sido informado até a noite de terça. Dona do jogo, a CBF ainda mantém o silêncio sobre o local da partida.

Atenta ao vaivém, a Arena BSB, concessionária responsável pela administração da Arena BRB Mané Garrincha, está pronta para receber a decisão da Supercopa do Brasil pela terceira vez. O estádio foi palco da final em 2020 e 2021. Como informou o blog no fim do ano passado, havia um acordo de cavalheiros entre o presidente afastado da CBF, Rogério Caboclo, e o governador Ibaneis Rocha para que Brasília abrigasse o evento por cinco anos, de 2020 a 2024. A primeira edição teve 48.009 pagantes e renda de R$ 7.423.760,00. No ano passado, a partida aconteceu com portões fechados devido ao impacto da pandemia do novo coronavírus.

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Marcos Paulo Lima

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