Como Wilson Luiz Seneme desbancou concorrente português e assumiu a Comissão de Árbitros da CBF

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A renúncia de Wilson Luiz Seneme ao cargo de presidente da Comissão de Árbitros da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) na última quarta-feira foi um alívio para o novo presidente da Confederação Brasileira de Futebol. O blog apurou que o recém-eleito Ednaldo Rodrigues era pressionado a contratar um profissional português para assumir a Comissão de Arbitragem da CBF. Com a reviravolta, Seneme superou o indicado Vítor Pereira no processo seletivo e conquistou a cadeira ocupada interinamente, desde novembro, por Alício Pena Júnior, depois da conturbada saída de Leonardo Gaciba.

O lusitano Vítor Pereira era o alvo estrangeiro da CBF. O ex-juiz com mandatos nas presidência das comissões de arbitragem das federações de Portugal e da Rússia, de onde saiu recentemente, havia sido indicado a Ednaldo Rodrigues. O blog apurou que o lusitano teria forçado demais a barra e desagradou a nova cúpula da entidade.

Um dos trunfos de Vítor Pereira era ter participado de um intercâmbio com a CBF na época em que Sérgio Corrêa comandava a Comissão de Arbitragem. Corrêa, Gaciba, Pereira e Seneme inclusive participaram juntos de uma mesa redonda, em 2016, na Semana de Evolução do Futebol Brasileiro. Apesar da proximidade do português, a insistência causou desconforto. Ao saber do desligamento de Seneme da Conmebol, Ednaldo Rodrigues driblou os padrinhos da contratação do português, bateu o martelo e eliminou a possibilidade de importar um profissional ao oferecer o emprego a Seneme.

O paulista de São Carlos aceitou e, aos 51 anos, foi oficializado nesta quinta-feira, na véspera do início da Série B do Campeonato Brasileiro e a dois dias do começo da Série A. Formado em educação física, Seneme iniciou a carreira de árbitro em 1998, integrou o quadro da CBF a partir de 2000 e estreou na Série A no ano seguinte. Recebeu o escudo da Fifa em 2006 e pendurou o apito em 2014 depois de  31 jogos internacionais e 458 partidas no futebol brasileiro — 175 delas na primeira divisão.

Seneme alegou “razões estritamente profissionais” para deixar o cargo de presidente da Comissão de Árbitros da Conmebol. Ele comandava o setor desde 2016. Em seis anos de gestão, enfrentou críticas ferozes, principalmente dos argentinos, na Copa América 2019.

Sergio Corrêa, Seneme, Vitor Pereira e Gaciba em evento de 2016 na CBF. Foto: Rafael Ribeiro/CBF

O técnico Lionel Scaloni e o jogador eleito sete vezes melhor do mundo Messi questionaram a arbitragem da semifinal do torneio continental, em Belo Horizonte. O Brasil eliminou os rivais, no Mineirão, por 2 x 0. Na decisão do terceiro lugar contra o Chile, Messi recebeu cartão vermelho e acusou: “Não temos que fazer parte dessa corrupção. Não há dúvidas, está tudo armado para o Brasil”, acusou o capitão e camisa 10 na Neo Química Arena. A Conmebol suspendeu o craque por três meses e multou o jogador em R$ 200 mil.

Em um comunicado oficial da CBF, o presidente Ednaldo Rodrigues comentou a escolha de Wilson Seneme para a Comissão de Arbitragem. Confiamos muito na sua experiência e credibilidade. Agradeço pela receptividade do convite, que não foi de agora. A gente já estava trabalhando nessa reestruturação da arbitragem brasileira desde dezembro”. Wilson Seneme agradeceu. “O que a gente pode prometer é muito trabalho. Resgatar essa credibilidade que queremos para a arbitragem brasileira”, afirmou.

Enquanto isso, na Conmebol, o presidente Alejandro Domínguez trocou Wilson Seneme por Enrique Cáceres Villafane. O paraguaio apitou o jogo de volta da final da Libertadores de 2017 entre Grêmio e Lanús, na Argentina. Mediou também o primeiro jogo da decisão continental entre Atlético Nacional e Independiente del Valle, em 2016, no Equador.

Em 2017, mediou a final do Mundial Sub-17 entre Inglaterra e Espanha. No ano seguinte, apitou duas partidas na primeira fase da Copa do Mundo. A primeira na vitória da anfitriã Rússia por 3 x 1 contra o Egito e a segunda no empate por 1 x 1 entre Irã e Portugal.

Uma das justificativas da Conmebol para a promoção de Enrique Cáceres é o fato de ele estar familiarizado com a arbitragem de vídeo. Essa era a função anterior dele. “Está muito familiarizado com o uso de ferramentas tecnológicas no campo da arbitragem esportiva, o que constitui um elemento favorável adicional”, explica o texto da entidade. A apresentação informa, ainda, que o principal objetivo dele será desenvolver e impulsionar o desenvolvimento dos árbitros sul-americanos com capacitação virtual ou presencial.

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Marcos Paulo Lima

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