Próximo de ser anunciado oficialmente como técnico do Flamengo, o discípulo Domènec Torrent é citado algumas vezes nos livros escritos por Martí Perarnau sobre o mestre Pep Guardiola. Uma das passagens pode ter sido decisiva para Marcos Braz e Bruno Spindel se convencerem de que o presidente Rodolfo Landim fechar negócio com o ex-comandante do New York City: o profissional de 56 anos não tem o perfil de chegar ao Ninho do Urubu destruindo o legado de Jorge Jesus. Afinal, foi ele quem controlou a velocidade da revolução de Pep Guardiola no Bayern Munique.
Quando o pilhado Pep Guardiola afundava o pé no acelerador para implementar suas ideias, Torrent funcionava como uma espécie de freio de mão. Chamava o chefe à razão. Foi assim, por exemplo, na chegada ao Bayern Munique. As páginas 60 e 61 de Pep Confidencial deixam o estilo paciente de Dome – como é chamado carinhosamente – bastante evidente.
O então assistente relata o comportamento frenético do chefe ao desembarcar no clube bávaro. “Pep começou a toda. Está mais conectado do que nunca. Venho lhe dizendo que ele precisa ir pianinho para não passar muitos conceitos aos jogadores de uma só vez. São atletas muito inteligentes taticamente e que gostam do nosso modelo de trabalho, de atividades com bola e sem séries de corrida. Mas a gente precisa levar em conta que eles estão aprendendo um idioma novo”, pondera, referindo-se ao choque que a filosofia do chefe causaria no time germânico.
Ao falar em “idioma novo”, Dome não se referia à língua espanhola, mas ao jeito Pep Guardiola de enxergar o futebol. “Estamos ensinando a eles um idioma novo e é preciso ir devagar, como se estivéssemos ensinando primeiro números, depois os dias da semana, depois os verbos etc… É uma nova realidade e temos que ser flexíveis e cautelosos”, argumenta Torrent.
Observador, o então assistente de Guardiola compara: “Antes, por exemplo, eles (Bayern) faziam a marcação homem a homem; agora passamos a marcar por zona. Não queremos que abandonem a posição que devem guardar para marcar um adversário porque, nesse caso, basta um passe longo do rival e nossa organização vai por água abaixo. Mas é questão de tempo e eles estão aprendendo muito bem”, conta a Perarnau, referindo-se a um exercício de pressão.
“Pep começou a toda. Está mais conectado do que nunca. Venho lhe dizendo que ele precisa ir pianinho para não passar muitos conceitos aos jogadores de uma só vez. São atletas muito inteligentes taticamente e que gostam do nosso modelo de trabalho, de atividades com bola e sem séries de corrida. Mas a gente precisa levar em conta que eles estão aprendendo um idioma novo. É preciso ir devagar, como se estivéssemos ensinando primeiro números, depois os dias da semana, depois os verbos etc… É uma nova realidade e temos que ser flexíveis e cautelosos”
Domènec Torrent para Pep Guardiola no início do trabalho no Bayern de Munique
O calendário embalado a vácuo devido aos efeitos da pandemia dará pouquíssimo tempo para Domènec Torrent implementar seus pensamentos. Guardadas as devidas proporções, ele herdará um Flamengo semelhante ao Bayern. O clube alemão havia acabado de conquistar uma tríplice coroa sob o comando de Jupp Heynckes – Champions League, Bundesliga e Copa da Alemanha. O elenco também era de altíssimo nível, com Neuer, Lahm, Ribéry, Robben, Thomas Müller, Schweinsteiger, Toni Kroos, Mario Gomez… Dome notou que era preciso ter cuidado.
Naquela época, Pep Guardiola e seus auxiliares tiveram que saber lidar com o vitorioso legado de Jupp Heynckes. Sozinho, Dome terá que administrar o rastro de seis títulos e a filosofia aplicada por Jorge Jesus nas conquistas do Brasileirão, Libertadores, Taça Guanabara, Carioca, Supercopa do Brasil e Recopa Sul-Americana.
Desta vez, Dome não aconselhará Pep Guardiola a ir pianinho. Tem de falar isso a si ao desembarcar no Flamengo. Afinal, como ele mesmo detectou na chegada ao Bayern, o elenco rubro-negro tem jogadores inteligentes taticamente, mas Dome não poderá passar muitos conceitos de uma vez. Afinal, eles aprenderão um “idioma novo” até dezembro de 2021.
Venho lhe dizendo que ele precisa ir pianinho para não passar muitos conceitos aos jogadores de uma só vez. São atletas muito inteligentes taticamente e que gostam do nosso modelo de trabalho, de atividades com bola e sem séries de corrida. Mas a gente precisa levar em conta que eles estão aprendendo um idioma novo”, pondera, refrindo-se ao choque que a filosofia do chefe causaria no time germânico.
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