Como Renato autossabotou sonho de assumir a Seleção e fechou com o Flu

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Renato Gaúcho poderia ser um dos técnicos na lista da CBF para a sucessão de Dorival Júnior? Sim! Tem currículo? Claro. É campeão da Libertadores pelo Grêmio (2017); bi da Copa do Brasil por Fluminense (2007) e Grêmio (2016); vice do Brasileirão pelo tricolor gaúcho em 2023 e do Mundial de Clubes da Fifa em 2017; é ex-jogador dos bons; disputou a Copa do Mundo em 1990, na Itália, entre cobras criadas como Careca, Muller, Bebeto e Romário sob a batuta de Sebastião Lazaroni e tem historicamente bons relacionamentos com os elencos. Cria, desenvolve e consolida ambientes leves.

Não faltam predicados ao Renato Gaúcho nem a outros brasileiros emergentes como Sylvinho (Albânia), André Jardine (América do México), Roger Machado (Inter), Rogério Ceni (Bahia) ou Filipe Luís (Flamengo). A juventude de Filipe Luís não é empecilho. A Alemanha é comandada por Julian Nagelsmann, de 37 anos. Ah, mas ele está começando! Dunga assumiu a prancheta em 2006 sem jamais ter sido treinador e chegou às quartas de final na África do Sul, em 2010, depois de conquistar a Copa América em 2007, a Copa das Confederações em 2009 e de ganhar o título simbólico das Eliminatórias após golear o Uruguai por 4 x 0, em Montevidéu, e e vencer a Argentina, por 3 x 1, em Rosário, a terra de Messi, com Messi em campo.

Mas vamos lá, o foco é Renato Gaúcho. Por que ele não aguardou o desfecho do processo seletivo liderado pelo presidente Ednaldo Rodrigues e o diretor Rodrigo Caetano, disse sim a Mario Bittencourt e fechou com o Fluminense? Além de o desfecho caminhar para a escolha de um profissional importado como os portugueses Abel Ferreira, Jorge Jesus e José Mourinho, o espanhol Pep Guardiola e o italiano Carlo Ancelotti, pesam contra ele a voz da consciência e o bolsonarismo assumido. Figurões graúdos da esquerda nos três poderes foram pilares de sustentação de Ednaldo Rodrigues no imbróglio jurídico anterior à reeleição dele na CBF.

A menos que Ednaldo Rodrigues exercite o perdão, Renato Gaúcho não trabalhará na CBF enquanto o dirigente reeleito for o dono da cadeira e da caneta da entidade máxima do futebol brasileiro. O mandato vai até 2030, com a possibilidade de mais uma reeleição até 2034.

Renato Gaúcho paga por ter cometido “sincericídio”. No ano passado, ele pegou carona nas críticas de Tite ao calendário, quando o ex-técnico da Seleção Brasileira comandava o Flamengo, bateu pesado na atual gestão, irritou a cúpula da CBF e praticamente fechou as portas.

“Nós treinadores queremos sempre a vitória, mas, se colocar sempre o mesmo time em campo, não vai ter nada, nem vitórias, nem brigar por título, só um monte de jogador entregue ao departamento médico. Mas quem faz calendário no futebol brasileiro, poucos entendem de futebol. Nunca entraram em campo, nunca jogaram futebol. Para quem trabalha e vive do futebol, fica bastante pesado para a gente”, desabafou o treinador.

Inconformado com as perguntas sobre os maus resultados do Grêmio, Renato terceirizou parte do problema e colocou na conta administração do futebol brasileiro. “Você tinha que ligar na CBF e mudar o calendário. Se está opinando, dá opinião para eles. Com todo o respeito à pergunta, vai jogar a cada três dias? Discute com a CBF. Lá na CBF querem dinheiro, fazer o calendário só pensando nos cofres deles”, esbravejou o treinador.

Em outro momento, Renato citou nominalmente o presidente da CBF ao criticar a arbitragem após o empate com o Corinthians pelo Brasileirão do ano passado, na Neo Química Arena. À época, ele ficou irritado com a não marcação de um pênalti favorável ao tricolor gaúcho e com a vida cigana do Grêmio no campeonato provocada pelas enchentes em Porto Alegre.

“O Grêmio infelizmente deixou dois pontos aqui. Contra tudo e contra todos, vamos jantar no vestiário, vamos pegar um voo de madrugada para ir para Chapecó (SC). O Vasco não jogou no meio da semana, o Grêmio joga quinta e domingo, e a CBF não está nem aí, né. Todo mundo joga e volta para casa. A gente é totalmente diferente, a gente não tem estádio, não tem casa, não tem aeroporto, aí a gente trabalha, trabalha e chega na hora do jogo o que a gente vê? O nosso presidente desfilando em Paris, é triste (palmas)”, ironizou Renato, referindo-se à presença de Ednaldo Rodrigues na França durantes os Jogos Olímpicos de 2024.

Na última segunda-feira, Ronaldo, o Fenômeno, havia colocado Renato Gaúcho na lista dele dos preferidos para assumir a Seleção em entrevista ao programa Galvão e amigos, na Band.  “Eu tentaria na ordem Guardiola, Jorge Jesus, Abel, e se nenhum desses conseguisse, eu teria um plano com o Renato Gaúcho. Eu acho que ele faria uma coisa emergencial até a Copa. Ele consegue ganhar o grupo muito facilmente. Mexer com essa circunstância”, avaliou o craque.

Renato Gaúcho continua na zona de conforto. Fica no eixo Porto Alegre-Rio de Janeiro. Ele vai trabalhar perto da praia da Barra da Tijuca, pode dar um pulinho em Ipanema e terá muitos campos de futevôlei para manter o hobby. Confesso que gostaria de vê-lo em um time paulista ou mineiro. O Corinthians piscou para ele. O Cruzeiro fez oferta e ele não quis. No Rio, o Vasco também ouviu não. Boa sorte ao Portaluppi no Fluminense.

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Marcos Paulo Lima

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