Como o Palmeiras de Abel Ferreira foi de pedra a vidraça em tão pouco tempo na Copa Libertadores

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Você nota que um time atingiu ou está próximo de alcançar o padrão de excelência quando a escalação está na ponta da língua do torcedor de frente para trás e de trás para a frente e os movimentos repetitivos do mecanismo de jogo começam a acontecer naturalmente mais de uma vez em diferentes partidas. Era assim na época do Flamengo, liderado por Jorge Jesus, e no Atlético-MG comandado por Cuca. Tem sido também no brilhante Palmeiras de Abel Ferreira. O bicampeão da Libertadores passou a funcionar como um relógio e deu mais uma prova na vitória por 3 x 0 contra o Cerro Porteño no duelo de ida das oitavas. O alviverde é o primeiro classificado para as quartas de final. O confronto de volta é cumprimento de tabela.

O fato é que o Palmeiras foi rapidamente de pedra a vidraça. No início da Era Abel Ferreira, era o time que tentava decifrar os adversários. Tinha um padrão reativo de jogo e a partir disso estudava como neutralizar a superioridade dos adversários. A decisão do título de 2020 contra o Santos é um exemplo. O Alvinegro Praiano encantava à época, mas Abel conseguiu tirar o time de Cuca da zona de conforto na decisão da Libertadores. Antes, precisou decifrar o timaço do River Plate nas semifinais. Engoliu a equipe de Marcelo Gallardo na Argentina, mas quase foi tragado pelos Millonarios dentro do Allianz Parque na volta e resistiu bravamente.

A campanha no mata-mata do ano passado é outro bom exemplo. Abel escaneou todos os movimentos friamente calculados do São Paulo, Atlético-MG e Flamengo a fim de detê-los nas quartas, semi e final do torneio continental. À época, o Palmeiras era um time instável, marcado por jogar por uma bola. Havia perdido o Paulistão para o arquirrival tricolor. O futebol do Galo encantava o país. A equipe rubro-negra empilhava goleadas e voltava a arrancar alguns suspiros sob a batuta de Renato Gaúcho. O Palmeiras era mais pedra do que vidraça e causou um estrago atrás do outro aos três times na campanha do tri.

O momento do Palmeiras é outro. Agora, os arquirrivais se debruçam sobre dossiês na tentativa de mapear os deslocamentos e encontrar uma forma de segurar o candidato a igualar ou até mesmo ir além do triplete do Galo. O alviverde imponente conquistou o Paulistão, lidera o Brasileirão, encaminhou a classificação para as quartas da Libertadores e só tem problemas com o São Paulo — único a derrotá-lo duas vezes na temporada.

Rogério Ceni é um dos detentores da fórmula para vencer o Palmeiras. Das quatro derrotas do adversário na temporada, duas foram para ele. Uma no jogo de ida da final do Estadual, por 3 x 0, e outra no primeiro round das oitavas de final da Copa do Brasil. Além dele, somente Dorival Júnior, quando estava no Ceará, e o treinador alemão do Chelsea, Thomas Tuchel, derrotaram o Palmeiras em 44 partidas disputadas pelo Palmeiras neste ano.

O bicampeão da Libertadores foi de pedra a vidraça. Daí o diário argentino Olé questionar se alguém conseguirá pará-lo ou o tricampeonato consecutivo — tetra na história do clube — é inevitável. A questão é pertinente. Afinal, o Flamengo junta os cacos. O Atlético-MG ainda não voltou a ser o mesmo da temporada anterior. O admirado River Plate perdeu o duelo de ida das oitavas para o Vélez Sarsfield, por 1 x 0. Corinthians e Boca Juniors tentam colocar ordem em suas casas. Portanto, no momento, há um favorito e o resto.

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Marcos Paulo Lima

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