Em 29 de junho do ano passado, levantamento do blog mostrou quantos dos 12 times da primeira divisão do Candangão 2020 cumpriram o artigo 46-A da Lei Pelé e divulgaram o balanço financeiro referente ao exercício 2019. Até a data daquele post, apenas Gama e Capital haviam sido transparentes na divulgação de suas situações econômicas. Semifinalista da Copa Verde no jogo de ida deste domingo contra o Vila Nova, em Goiânia, o Brasiliense é mais um na lista. O clube de Taguatinga demorou, mas divulgou os resultados no mês passado.
O demonstrativo de resultados publicado pelo Brasiliense Futebol Clube é assinado pelo presidente José Eduardo Bariotto Ramos e o contador Rafael Lopes da Silva. O documento aponta superavit de R$ 406.104 no exercício fechado em 31 de dezembro de 2019. O saldo é inferior aos R$ 540.929 registrados em 2018. Apesar da perda financeira em um ano, o Brasiliense é único que fechou no azul entre os três clubes. Atual bicampeão do Distrito Federal, o Gama apresentou deficit de R$ 980.609,71. O prejuízo do Capital foi de R$ 1.267.894,02.
Está anexado ao balanço financeiro do Brasiliense um relatório de auditoria independente sobre as demonstrações financeiras do clube. “As demonstrações contábeis apresentam adequadamente, em todos os aspectos relevantes, a posição patrimonial e financeira do Brasiliense Futebol Clube (“Entidade”) em 31 de dezembro de 2019, o desempenho de duas operações e o seus fluxos de caixa para o exercício findo nessa data, de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil”, opina a AFG Auditores, Consultadores e Contadores.
O superavit de 2019 não significa que o clube não esteja endividado. A auditoria deixa claro que o Brasiliense aderiu ao Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro (Profut) em novembro de 2015. “O clube atualizou o valor de seus débitos e já está recolhendo os tributos e contribuições incluídos nos Programa de acordo com as condições estabelecidas na Portaria Conjunta PGFN/RFB 1.340, sendo que a mensuração final dos efeitos da adesão ao Programa deverá ser confirmada por meio da consolidação dos débitos pela Receita Federal do Brasil”, diz o parecer assinado pela AFG.
Três dos 12 clubes da primeira divisão do Candangão 2020 divulgaram balanço financeiro do exercício 2019. Brasiliense registrou superavit de R$ 406.104. O Gama fechou 2019 no vermelho em R$ 980.609,71; e o Capital teve deficit de R$ 1.267.894,02.
A falta de transparência e o endividamento dos clubes do Distrito Federal tem travado o acesso a novos investimentos. No ano passado, o BRB aprovou linha de crédito de R$ 6 milhões até o fim de 2022. No entanto, a falta de documentação tem atrasado a repartição do montante. Gama e Brasiliense não receberam o investimento durante a Série D do Brasileirão.
“Nós somos fiscalizados por um conjunto de órgãos e toda essa decisão é técnica, exposição de marca com o retorno que isso gera. Os clubes vão ter que se organizar com todos os requisitos que são de boa gestão e que a lei nos impõe que a gente (BRB) acompanhe e cobre: prestação de contas, certidão de FGTS, INSS, certidão de regularidade fiscal e por aí vai. Dessa forma, todo mundo se ajuda”, disse ao blog no ano passado o presidente do BRB, Paulo Henrique Costa.
Brasiliense e Gama também fazem parte da Timemania, um dos produtos das loterias da Caixa Econômica Federal. Logo, transparência é fundamental para a manutenção da receita estatal.
Superavit financeiro à parte, o Brasiliense tenta salvar o ano esportivo na Copa Verde. O clube fez 20 anos em 2020 e tem a última oportunidade de se dar um título de presente. Depois de amargar o segundo vice consecutivo contra o arquirrival Gama no Candangão, cair na primeira fase da Copa do Brasil e fracassar na Série D depois de protagonizar a melhor campanha da fase de grupos, o time tenta se tornar o terceiro time do DF a chegar à final da Copa Verde. O Brasília levou o título em 2014 e o Gama foi vice em 2016.
Depois de eliminar Vitória-ES, Luverdense-MT e Atlético-GO, o Brasiliense tem pela frente o campeão da Série C. O Vila Nova subiu para a B e conquistou a terceira divisão 2020 sob o comando de Márcio Fernandes, ex-técnico do Brasiliense. O treinador foi demitido em agosto do ano passado com apenas uma derrota em 12 jogos e falou ao blog sobre o reencontro.
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