O anúncio oficial de Abel Ferreira como técnico do Palmeiras nesta sexta-feira é simbólico. O Brasileirão passa a ter a mesma quantidade de treinadores estrangeiros de uma das principais ligas nacionais da Europa. O Campeonato Espanhol emprega cinco profissionais importados. O português, que acaba de se desligar do PAOK da Grécia, é o quinto professor importado a desembarcar na Série A. Os outros são o líder Eduardo Coudet (Internacional), o vice Domènec Torrent (Flamengo), o terceiro Jorge Sampaoli (Atlético) e o 17° colocado Ricardo Sá Pinto (Vasco). Dos 20 técnicos da elite, 5 são gringos, ou seja, um quarto.
Antes de o Palmeiras encaminhar a contratação de Abel Ferreira, o Brasileirão superava quatro ligas europeias em quantidade de estrangeiros — Português (2), Francês (4), Italiano (4) e Holandês (4). Agora, empatada com o Espanhol, a Série A só fica atrás do Alemão (6) e do Inglês (10).
A preferência pelos profissionais portugueses impressiona. Antes de Abel Ferreira e de Ricardo Sá Pinto, passaram pelo país o atual campeão Jorge Jesus (Flamengo), Jesualdo Ferreira (Santos), Paulo Bento (Cruzeiro) e Sergio Vieira (Athletico-PR). Neste ano, Daniel Leite levou o Salgueiro ao título do Campeonato Pernambucano, mas sequer é cogitado pelos times da primeira divisão nacional.
O Brasileirão tem a mesma quantidade de técnicos portugueses da Premier League. Nuno Espírito Santo comanda o Wolverhampton. José Mourinho é treinador do Tottenham. Há outros dois lusitanos em badaladas ligas da Europa. André Villas-Boas no Olympique de Marselha e Paulo Fonseca à frente da Roma, na Itália. Eles estão em alta até nas Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Qatar-2022. Carlos Queiroz lidera a Colômbia. José Peseiro é treinador da Venezuela.
A aposta do Palmeiras é confusa. A diretoria iniciou o ano sonhando com Jorge Sampaoli, contratou Vanderlei Luxemburgo, esteve perto de fechar com Miguel Ángel Ramírez, cogitou Sebastián Beccacece e Gabriel Heinze, cogitou Quique Setién e fechou com Abel Ferreira.
Pode ser um bom investimento, desde que o clube com sangue italiano tenha a paciência de Jó que faltou com Ricardo Gareca, em 2014. Doze jogos não são suficientes para avaliar ou condenar um trabalho. Prova disso é o sucesso do argentino à frente do Peru. Classificou o país para a Copa do Mundo depois de 36 anos de jejum.
Como diria a letra da música Papo Cabeça do Lulu Santos, há pedras no caminho, que ainda assim é belo para o Palmeiras. O time se deu bem nos sorteios da Copa do Brasil e da Libertadores. Andrey Lopes, o Cebola, entregará a Abel Ferreira um time praticamente classificado para as quartas de final do mata-mata nacional depois da vitória por 3 x 1 sobre o Bragantina, na quarta-feira.
O português ganhará tempo para o duelo contra o Delfín do Equador pelas oitavas de final da Libertadores. Em tese, o roteiro é tranquilo até as semifinais. O português Jorge Jesus é o atual campeão continental. Já pensou se Abel Ferreira igualar o Mister? O Brasileirão terá 20 técnicos portugueses em 2021!
Técnicos estrangeiros no Brasil e nas principais ligas da Europa
- Inglaterra: Premier League (10)
Everton: Carlo Ancelotti (Itália)
Liverpool: Jürgen Klopp (Alemanha)
Arsenal: Mikel Arteta (Espanha)
Wolverhampton: Nuno Espírito Santo (Portugal)
Tottenham: José Mourinho (Portugal)
Leeds United: Marcelo Bielsa (Argentina)
Manchester City: Pep Guardiola (Espanhol)
Southampton: Ralph Hasenhüttl (Áustria)
Manchester United: Ole Gunnar Solskjær (Noruega)
West Bromwich: Slaven Bilic (Croácia) – 52 anos
- Alemanha: Bundesliga (6)
Borussia Dortmund: Lucien Favre (Suíça)
Eintracht Frankfurt: Adi Hutter (Áustria)
Stuttgart: Pellegrino Matarazzo (Estados Unidos)
Bayer Leverkusen: Peter Bosz (Holanda)
Union Berlin: Urs Fischer (Suíça)
Wolfsburg: Oliver Glasner (Áustria)
- Brasil: Série A (5)
Flamengo: Domènec Torrent (Espanha)
Internacional: Eduardo Coudet (Argentina)
Atlético-MG: Jorge Sampaoli (Argentina)
Vasco: Ricardo Sá Pinto (Portugal)
Palmeiras: Abel Ferreira (Portugal)
- Espanha: La Liga (5)
Real Madrid: Zinedine Zidane (França)
Real Betis: Manuel Pellegrini (Chile)
Atlético de Madrid: Diego Simeone (Argentina)
Barcelona: Ronald Koeman (Holanda)
Elche: Jorge Almirón (Argentina)
- França: Ligue 1 (4)
PSG: Thomas Tuchel (Alemanha)
Olympique de Marselha: André Villas-Boas (Portugal)
Montpellier: Michel Der Zakarian (Armênia)
Monaco: Niko Kovac (Croácia)
- Itália: Série A (4)
Verona: Ivan Juric (Croácia)
Roma: Paulo Fonseca (Portugal)
Benevento: Pippo Inzaghi (Itália)
Bologna: Sinisa Mihajlovic (Sérvia)
- Holanda: Eredivisie (4)
PSV: Roger Schmidt (Alemanha)
Vitesse: Thomas Letsch (Alemanha)
Heracles Almelo: Frank Wormuth (Alemanha)
ADO Den Haag: Aleksandar Rankovic (Sérvia)
- Portugal: Primeira Liga (2)
Marítimo: Lito Vidigal (Angola)
Tondela: Pako Ayestarán (Espanha)
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