Bruno Henrique do Flamengo é alvo da Operação Spot-Fixing por manipulação de jogo em Brasília

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O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios e a Coordenação de Repressão à Corrupção da Polícia Federal deflagraram na manhã desta terça-feira o cumprimento de 12 manados de busca e apreensão contra envolvidos em uma suposta manipulação de resultados na partida entre Flamengo e Santos, em 1º de novembro, na Arena BRB Mané Garrincha, pelo Campeonato Brasileiro. Um dos suspeitos na Operação batizada de Sport-Fixing, uma expressão inglesa que se refere à manipulação de um aspecto específico de um jogo, não relacionado ao resultado final, sobre o qual existe um mercado de apostas, é o atacante Bruno Henrique do Flamengo. O blog entrou em contato com o estafe do jogador e a resposta é de que no momento ele não vai se pronunciar.

As investigações apontam provas de que o atacante agiu deliberadamente durante a partida contra o clube paulista para ser punido pelo árbitro com um cartão. O ato teria beneficiado familiares cientes de que o jogador cometeria a infração na partida. O Santos derrotou o Flamengo de virada por 2 x 1 à época (assista ao vídeo do jogo neste post). Em 2021, Bruno Henrique esteve envolvido em outra polêmica. O caso dizia respeito a adulteração da carteira de motorista.

São alvos da operação o irmão de Bruno Henrique, Wander Nunes Pinto Júnior, a cunhada dele, Ludymilla Araújo Lima, uma prima chamada Poliana Ester Nunes Cardoso e outros suspeitos de participar da fraude. Todos moram em Belo Horizonte e têm algum tipo de vínculo com o atacante do Flamengo, que também nasceu em Minas Gerais. Também são alvos, todos suspeitos, o casal Claudinei Vitor Mosquete Bassan e Rafaela Cristina, além de Elias Bassan, Henrique Mosquete do Nascimento, Andryl Sales Nascimento dos Reis, Douglas Ribeiro Pina Barcelos e Max Evangelista Amorim.

Os mandados acontecem na residência dos investigados na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro, na sede das empresas DR3 e BH7, ambas com participação financeira de Bruno Henrique, e no Ninho do Urubu,  o centro de treinamento do Flamengo em Vargem Grande, no Rio de Janeiro.

A suspeita de manipulação de resultados diz respeito aos acréscimos da partida em Brasília no segundo tempo. A súmula da partida assinada pelo árbitro gaúcho Rafael Klein justifica que Bruno Henrique levou o primeiro cartão amarelo por golpear um adversário de maneira temerária na disputa de bola. Soteldo recebe a bola aberto na esquerda e dribla entre as canetas de Bruno Henrique, que comete a falta. Na sequência, recebe o vermelho por ofender Klein, chamado pelo jogador rubro-negro de “m…”.

As apurações indicam que Bruno Henrique provocaria ao menos um cartão na partida contra o Santos. Cientes disso, o irmão dele, uma cunhada e uma prima cadastraram-se em uma casa de aposta online e fizeram os palpites à espera da infração do jogador. No palpite deles, o atacante receberia uma cartão durante a partida contra o Santos, em Brasília. A aposta foi identificada nas contas de outros seis investigados.

O Gaeco do MPDFT foi acionado pela CBF com relatórios da empresa de integridade parceira da entidade, Sports Radar, apontando um volume incomum de apostas em casas online para a partida entre Flamengo e Santos naquele 1º de novembro de 2023. Segundo o documento, no histórico de Bruno Henrique dos dois anos anteriores ao jogo, a perspectiva de punição dele era na casa de 20%, considerando frequência com a qual ele era punido.

Cartões de Bruno Henrique no Flamengo

  • 2024: 8 amarelos, 2 vermelhos
    2023: 8 amarelos, 1 vermelho
    2022: 5 amarelos, 1 vermelho
    2021: 13 amarelos
    2020: 14 amarelos
    2019: 19 amarelos, 2 vermelhos
  • Total: 67 amarelos e 6 vermelhos

Em ao menos duas casa de apostas, houve uma predileção em torno de 90% pelo palpite da punição do atleta, o que, para a investigação, indicava o conhecimento prévio dos apostadores quanto a ocorrência daquele evento. A CBF também alertava para a criação recente das contas dos apostadores. Algumas delas inauguradas na véspera da partida realizada no Mané Garrincha. Uma aposta teria vencido com o valor máximo.

Diante das informações, os investigadores identificaram os nomes dos titulares das contas e a 7ª Vara Criminal de Brasília fez apreensão de aparelhos celulares, computadores e outros itens pessoais dos alvos da operação batizada de Spot-Fixing, uma expressão inglesa que se refere à manipulação de um aspecto específico de um jogo, não relacionado ao resultado final, sobre o qual existe um mercado de apostas.

Suspenso na partida de ida da final da Copa do Brasil contra o Atlético-MG na vitória por 3 x 1, Bruno Henrique os demais suspeitos podem responder pelos seguintes crimes previstos na Lei Geral do Esporte: fraude da partida e corrupção passiva e ativa esportiva. Também estão sujeitos a punições por prática do crime de lavagem de dinheiro e até crime de associação ou organização criminosa.

O que diz Bruno Henrique

O blog entrou em contado com o estafe do jogador e a resposta é: “No momento não vamos nos pronunciar”.

O que diz o Flamengo

O Clube de Regatas do Flamengo tomou conhecimento, nesta data, da existência de uma investigação, ainda em curso, versando sobre eventual prática de manipulação de resultados e apostas esportivas. O Clube ainda não teve acesso aos autos do inquérito, uma vez que o caso corre em segredo de justiça, mas é importante registrar que, ao mesmo tempo em que apoiará as autoridades, dará total suporte ao atleta Bruno Henrique, que desfruta da nossa confiança e, como qualquer pessoa, goza de presunção de inocência. O Flamengo esclarece, por fim, que houve uma investigação no âmbito desportivo, perante o STJD, a qual já foi arquivada, mas não tem como afirmar que se trata do mesmo caso e aguardará o desenrolar da investigação. O atleta segue exercendo suas atividades profissionais normalmente. Treina e viaja com a delegação nesta terça-feira, para Belo Horizonte. #CRF.

O que diz o Ministério do Esporte

O Ministério do Esporte acompanha e apoia as recentes investigações envolvendo o atleta Bruno Henrique e reforça seu compromisso com a integridade e transparência no esporte brasileiro. Ações que comprometem a ética esportiva são crimes inaceitáveis e devem ser apuradas com o máximo rigor, em respeito ao público, aos atletas e à credibilidade do esporte. Defendemos a aplicação da Lei Geral do Esporte em todos os casos de manipulação e irregularidades, assegurando que o resultado das competições reflita apenas o mérito e o esforço dos atletas. Um ambiente esportivo justo e íntegro é essencial para a construção de uma sociedade que valorize o esporte como instrumento de desenvolvimento e cidadania. O Ministério do Esporte segue à disposição para apoiar medidas que fortaleçam a segurança e a transparência no esporte nacional.

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Marcos Paulo Lima

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